Uma pesquisa da CNI revela que o Índice de Medo do Desemprego aumentou 5,4% em junho, na comparação com março, alcançando 104,1 pontos. É o maior nível alcançado nos últimos 16 anos. De dezembro até o mês passado, o medo do desemprego cresceu 32,1%, um aumento de mais de 36% em relação ao mesmo período do ano passado.
Esses dados só revelam o quanto a crise, que chegou a ser chamada de marolinha, está se transformando em uma tsunami, arrastando empresas, empregos e a tranquilidade do trabalhador.
E tudo é um efeito dominó, pois com medo do desemprego o trabalhador consome menos, o comércio cai, a produção diminui, as indústrias demitem, repensam investimentos, seguram a produção e o Brasil perde. O brasileiro perde.
Para incrementar essa crise, a presidente sancionou a reoneração da folha de pagamento das indústrias, aumentando em até 150% o imposto para alguns segmentos. Imagine, em plena crise, ter mais que dobrado suas obrigações tributárias? Uma decisão, no mínimo, irresponsável.
Sinceramente não consigo entender a lógica deste governo para tentar sair da crise. Os EUA estão segurando os juros e incentivando a geração de empregos para sair da difícil situação econômica que se encontravam meses atrás. Com essa política criaram 223 mil empregos no mês passado. A estabilidade dos ganhos está levando o governo norte americano a repensar um aumento dos juros, que estava previsto para este mês. Aqui, quanto mais desemprego, maiores os juros, mais difíceis os financiamentos para o produtor, para os empresários. Uma política totalmente inversa ao que está dando certo nos EUA.
O nosso país pode crescer muito e tem potencialidades para isso, principalmente no que se refere à agroindústria e à indústria de alimentos. Segundo o relatório Perspectivas Agrícolas 2015-2024, divulgado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o Brasil será o principal responsável por atender a demanda adicional por alimentos nos próximos dez anos. Agora imagine se, ao invés de exportarmos produtos "in natura", passarmos a exportar o produto elaborado, industrializado, deixando aqui o dinheiro do nosso produto. É disso que precisamos: fortalecer nossa indústria, agregando valor à nossa maior riqueza, que é nossa matéria prima abundante.
O governo está parecendo a dona de casa que tem todos os ingredientes na geladeira mas que não sabe cozinhar. Mistura tudo de qualquer jeito, sem planejamento, sem conhecimento e sem aceitar orientações. O resultado é este que estamos vendo: uma gororoba de improvisos, salgada aos nossos bolsos, mesmo tendo os melhores ingredientes.
Organize sua cozinha, presidenta! Siga a receita e contrate bons "chefs". O país agradece!
(Sandro Mabel, presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Goiás)