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Integração de lavoura impressiona americanos

Um pequeno grupo composto de norte-americanos de influência na sociedade nos Estados Unidos visitou, na sexta-feira (17), a Fazenda Boa Vereda, no município de Cachoeira Dourada, a 250 quilômetros de Goiânia, onde predomina a integração lavoura-pecuária e floresta.

Os cultivos em harmonia com a natureza e os respectivos ganhos econômicos do sistema deixaram os americanos boquiabertos. Além do mais, um dos grandes desafios do produtor rural é ampliar a produtividade de suas terras, melhorando a vida do homem no campo sem causar impacto ao meio ambiente.

A pequena delegação era composta de Monica McBride, da Coalition on Agricultural Greenhouse Gases (C-AGC), com sede em Washington (DC), Steve Hagen e Bill Salas, da Aplielo Geosolutions, sediada em New Hampshare. Willian Salas é cientista, PHD em recursos naturais, e foi também da Nasa.

A C-AGG é uma instituição americana com respaldo da Organização das Nações Unidas (ONU) e que defende a prática de uma agricultura sustentável, preocupada com a questão ambiental, considerando relevantes os fatores climáticos, solos, recursos hídricos, nutrição mineral das plantas e manejo florestal.

Em Goiânia, outras pessoas se incorporam à comitiva, entre elas os diretores da Emater, Antelmo Teixeira Alves e Ana Maria Peloso; Pedro Vieira, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), e Janete Rego Silva e Fernando Moreira de Araújo, do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás; Munir Cosac Júnior, Genésio Urias de Lima e o fotógrafo Nivaldo Ferreira, da Emater.

Ganhos

Dos quadros de pesquisa da Embrapa Cerrados, Abílio Pacheco, graduado em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (MG), põe em prática na Fazenda Boa Vereda o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta. Ao assistirem a palestra e visitarem as instalações da propriedade, os visitantes compreenderam a importância do sistema, conhecido pela sigla ILPF.

No decorrer de cerca de três horas, tiveram tempo para formular perguntas diretas ao produtor-pesquisador e assimilar o cultivo integrado e seus resultados favoráveis à natureza com ênfase para a emissão de carbono. Mostraram-se impressionados com o que viram e um intercâmbio tende a ser estabelecido entre as instituições que representam nos Estados Unidos e a Embrapa, a Emater-Goiás, a UFG e a UEG.

Os visitantes assistiram a palestra sobre o sistema, proferida em inglês fluente por Abílio Pacheco, sentados em cadeiras de plástico à sombra dos eucaliptos. De vez em quando, as seriemas davam demonstração de sua presença com seu cântico típico. O pesquisador-fazendeiro observou, então, que os tatus, macacos e outros animais silvestres são atraídos e convivem em perfeita harmonia com os bois no pasto. Uma declaração que chamou a atenção geral foi a de que "mesmo no período de seca os animais engordam". Se essa prática conserva a natureza, recupera também as áreas degradadas com a fertilização do solo.

"No primeiro ano, planto soja e eucalipto e, com o grão que eu colho no início, abato os custos operacionais do sistema. Depois de um ano, começo a lavoura de milho, que colho quatro meses depois. Como as árvores já estão grandes nesse momento, entro com a criação de gado e sigo com a pecuária em paralelo à floresta", discorre Alípio Pacheco. "Quando eu adubo o pasto, indiretamente estou adubando os eucaliptos, que tiram os nutrientes que penetram mais fundo no solo. Isso me garante uma produção de 21 arrobas de boi por hectare/ano, enquanto a média nacional é de sete arrobas", é o que afirma.

Custos operacionais

O pesquisador demonstrou que o sistema agrega valor, aumenta o índice de produtividade, de fertilidade, o que comprova sua economia. A biomassa fornece a proteína necessária aos animais. "Há perfeita incorporação das composições e incorporação orgânica", observou, ao chamar a atenção para a viabilidade econômica num processo de sustentabilidade, hoje reclamada pela humanidade. Em sua palestra, o pesquisador discorreu também sobre a idade de corte dos eucaliptos e a sua comercialização.

Os seus custos operacionais somam US$ 1.706 ou R$ 5.100 o hectare. Esses gastos envolvem herbicidas, inseticidas, fungicidas. Os custos e benefícios são da ordem de R$ 106,32 as sete arrobas por hectare ao ano num sistema comum. Com a integração lavoura-pecuária-floresta, os animais chegam a 18 arrobas por hectare ao ano e os custos se limitam a R$ 84,38.

Pacheco procurou demonstrar que os quatro sistemas de cultivo são rentáveis, sobretudo com a engorda dos animais, a comercialização da madeira e o ganho ambiental, retenção de água, adoção de curvas de nível. Pacheco insere no sistema cultivos também de soja, milho e capim braquiária. O sistema ILPS é considerado uma referência internacional na atualidade.

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