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Bradesco anuncia compra do HSBC

Agência Brasil

O Bradesco anunciou a compra do Banco HSBC, conforme comunicado divulgado, ontem, ao mercado financeiro. Com a aquisição, o Bradesco assumirá todas as operações do HSBC no Brasil, incluindo varejo, seguros e administração de ativos, bem como todas as agências e clientes.

Segundo o Bradesco, os clientes do HSBC continuarão a ser atendidos da forma habitual. O HSBC planeja manter uma pequena presença no Brasil para atender a clientes corporativos.

O HSBC tem 5 milhões de correntistas e está presente em 529 municípios brasileiros, com 851 agências, 464 postos de atendimento, 669 postos de atendimento eletrônico, 1.809 ambientes de autoatendimento e 4.728 caixas eletrônicos.

"A aquisição proporcionará vários benefícios para os clientes de ambas as instituições, como o aumento da cobertura e da rede de atendimento em todo o território nacional e o acesso aos produtos distribuídos pelas duas instituições”, disse o Bradesco, em comunicado.

A conclusão da operação de compra ainda depende dos órgãos reguladores. O preço da compra foi US$ 5,186 bilhões, equivalentes a aproximadamente R$ 17,6 bilhões. O patrimônio líquido do HSBC no Brasil é R$ 11,2 bilhões. Segundo o Bradesco, esse preço será ajustado pela variação patrimonial do HSBC a partir de 31 de dezembro de 2014 e será pago na data da conclusão da operação.

Banco fica maior

Mesmo incorporando o HSBC, o Bradesco se mantém atrás do Itaú em valor de ativos, embora tenha ficado mais próximo do concorrente. De acordo com dados divulgados pelo Bradesco, com a compra a instituição alcançou 16% do total de ativos dos bancos (R$ 7,471 trilhões), pouco menos que o Itaú, com 16,2%. O Banco do Brasil (BB), que lidera a lista de maiores ativos, tem 19,2%. Nessa lista, o Bradesco supera a Caixa (14,3%) em ativos.

Em número de agências, o Bradesco (23,8%) se aproxima do Banco do Brasil (23,9% de 23.125 agências). Dos 134,8 milhões de correntistas, a liderança também é do Banco do Brasil, com 28,2%, seguido do Bradesco, com 23,3%. No caso dos depósitos totais, de R$ 1,975 trilhões, o BB lidera com 23,7%, seguido da Caixa (21,2%), Itaú (14,9%) e Bradesco (13,8%). Do crédito total, de mais de R$ 3 trilhões, o Bradesco ocupa a quarta colocação, com 16,9%. O banco é precedido por Banco do Brasil (24,6%), Caixa (19,6%) e Itaú (17%).

“Sempre tivemos posicionamento do crescimento orgânico por meio de nossa rede própria. E sempre estivemos atentos às possibilidades que poderiam surgir do mercado. Essa proposta (de aquisição do HSBC) representou um ativo único. Ela significa um atalho para o crescimento. Portanto, o (crescimento) orgânico é prioridade, mas aquisições nunca foram desprezadas", explicou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em teleconferência com jornalistas.

Concentração

Professor de Macroeconomia do Ibmec-RJ, Alexandre Espírito Santo informou que o mercado bancário brasileiro já era muito concentrado mesmo antes da compra do HSBC pelo Bradesco. "A concorrência sempre traz vantagens para os consumidores. O mercado muito concentrado não é bom para o consumidor. Temos um banco a menos, que não era muito grande, mas também não era insignificante", acrescentou.

Segundo o professor, no futuro a união dos bancos vai melhorar a produtividade e, com isso, a instituição poderá oferecer serviços mais baratos. "Só o tempo dirá se isso realmente ocorrerá."

Para Alexandre Espírito Santo, o HSBC não tinha o "tamanho necessário" no mercado e nem condições de comprar outra instituição para crescer. "O banco tinha problemas na operação global. O Brasil era uma exceção. Aqui ele era rentável. Então, era interessante vender."

Em nota, o Banco Central disse que analisará a viabilidade da operação e o impacto sobre a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional e sobre a concorrência. "As alterações de controle e reorganizações societárias de instituições financeiras são negócios privados. O Banco Central não participa das negociações entre as partes. Uma vez que o contrato é fechado, as partes o trazem para a análise do BC com vistas à aprovação da operação, condição imprescindível para que o negócio seja concluído."

Também por meio de nota, Roberto Von der Osten, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), mostrou preocupação com a manutenção dos empregos.

"A transação nos surpreendeu pela quantia envolvida. Se o banco tem um valor acima do esperado é porque seus trabalhadores têm muita qualidade. São eles que fazem o trabalho na instituição. Isso ajuda pela manutenção dos postos de trabalho."

O presidente da confederação afirmou que as direções do Bradesco e do HSBC já fizeram contato com a  Contraf-CUT, de modo a tratar da transação entre as duas instituições.

Ações do Bradesco recuam após aquisição do HSBC e derrubam Ibovespa

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda ontem, puxada pelas ações da Petrobras e do Bradesco, que anunciou a compra do HSBC Brasil. Às 16h28, o principal índice de ações da bolsa recuava 1,49%, aos 50.109 pontos.

No mesmo horário, as ações preferenciais do Bradesco caíam em torno de 3% e as ordinárias, perto de 2% após o banco anunciar a compra da unidade brasileira do HSBC por R$ 17,6 bilhões, acima do especulado inicialmente pelo mercado. A operação pode ser concluída até junho do ano que vem.

Itaú Unibanco também recuava após a notícia, mas Banco do Brasil avançava. Santander, que ainda foi excluído da primeira prévia da nova carteira do Ibovespa, subia.

Os papéis ordinários e preferenciais da Petrobras recuavam mais de 4%, conforme os preços do petróleo oscilavam perto das mínimas em seis meses, com novas evidências de uma crescente oferta global e dados mais fracos na China e Estados Unidos. O mercado também está na expectativa do balanço da empresa, previsto para o próximo dia 6.

O pregão também incluía a primeira prévia da carteira do Ibovespa que irá vigorar de setembro a dezembro de 2015, que incluiu a ação da rede de farmácias Raia Drogasil, enquanto ficaram de fora os papéis da incorporadora Gafisa, da fabricante de carrocerias de ônibus Marcopolo e as units do banco Santander Brasil.

Números mais fracos da indústria na China também repercutiam negativamente na bolsa paulista, sobre a qual ainda pesava o declínio nos preços do petróleo e repercutia nova fase da operação Lava Jato, que incluiu prisão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

O analista Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets, disse em nota que agosto começa sob o signo da crise econômica e política, o que pode manter a bolsa defensiva. Para ele, entre os principais fatores estão riscos de impeachment, ameaça de corte de rating soberano, incertezas de quando começará a alta dos juros nos Estados Unidos e desaceleração do crescimento chinês.

A bolsa fechou em alta na sexta-feira (31), mas encerrou o mês de julho no vermelho. Investidores repercutiram a temporada de divulgação de balanços trimestrais das empresas listadas na bolsa. O Ibovespa subiu 1,94%, aos 50.609 pontos. Em julho, a bolsa perdeu 4,1%. Em 2015, contudo, ainda sobe 1,71%.

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