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ECONOMIA

Situação é de miséria para 80%

Ao reunir-se, ontem, com lideranças políticas, classistas rurais, cooperativas agropecuárias, sindicatos e técnicos do segmento da região Centro-Oeste, o presidente da Emater, Pedro Arraes, apresentou uma radiografia dos produtores de Goiás dramática e considerou que o sistema de extensão e de assistência técnica precisa sofrer "profundas transformações". Pelos dados apresentados no Centro de Treinamento da entidade no Campus 2, durante o 2º Seminário "A assistência técnica e extensão rural que queremos e o Brasil precisa", 79,1% dos estabelecimentos rurais de um total de 115.007 vivem numa classe de renda muita baixa ou baixa. Numa situação mediana 19,2% e alta somente 1,7%. Se a produção pela ordem decrescente é de 1,5%, a renda se limita a 0,7 do salário mínimo e do segundo a produção chega a 7,% e a renda bruta não passa de 4,7 salários mínimos. Para a classe média, que envolve 19,2% dos produtores goianos, a renda bruta corresponde a 38,3 salários mínimos. Os de renda alta somam 1,7% ou 1.968 estabelecimentos e a renda atingem 658,3 salários mínimos.

Ao defender um novo modelo para a assistência técnica e a extensão rural, Pedro Arraes considerou a necessidade de se "trilhar novos caminhos e aceitar os desafios para que possa vencer a miséria do campo". Em sua opinião, Goiás alcançou altos índices de produtividade na atividade agropecuária, apresenta números invejáveis em sua economia agrícola e altamente competitiva com o que existe de mais moderno em tecnologia no mundo desenvolvido, mas os bolsões de miséria estão acontecendo tanto na atividade rural goiana quanto do Brasil. Por isso, "a importância das organizações e um novo modelo de assessoramento técnico". O presidente da Emater entende que a tecnologia deva ser rápida, mais ampla, maior integração dos sistemas conhecidos e aumento das tecnologias com maior valor agregado. Os dois pilares da instituição devem ocorrer na prospecção de demandas do campo a da pesquisa, com a geração de conhecimento, pesquisa aplicada, validação e transferência de tecnologia.

Programas prioritários

Pedro Arraes considerou prioritários os programas de microbacias, integração da lavoura, pecuária e floresta, apoio aos arranjos produtivos locais, à comercialização de produtos da agricultura familiar, alimentação e nutrição, programa de produção de mudas e sementes, pesquisas fruteiras, hortaliças, pequenos animais e de grãos e raízes, com focos imediato, dois e quatro anos em sua implantação. Ele disse da necessidade de busca de novos caminhos para a sustentabilidade institucional. Sugere, ainda, gestão eficiente na propriedade, assessoramento técnico constante e tendo o produtor como protagonista. Alguns princípios básicos apontados: uso da tecnologia, organização do entorno de sua fazenda, políticas de mercado e investimentos. A parceria é considerada vital pelo presidente da Emater entre os produtores e os organismos públicos, compartilhamento de assessoramento técnico e emancipação.

Pedro Arraes levou em consideração o modelo, observando que o fundamental é a rede de inovação agrícola, integração com técnicos de nível médio ou superior públicos ou privados. A cooperação técnica integrada também é proposta. Nesse novo modelo, Arraes sugere a criação de um núcleo de inteligência territorial, divididos nos eixos da organização da informação e da decodificação de conhecimento científico. Nessa proposta que envolve metas, acompanhamento, maior número de propriedades atendidas, o dirigente da instituição espera a emancipação e o aumento de renda de cada um.

Assistência técnica e extensão rural precárias

"Precisamos voltar os olhares para a extensão rural e promover a assistência técnica ao pequeno e médio produtor", defendeu o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, José Mário Schreiner, ontem, na abertura do 2° Seminário de Assistência Técnica e Extensão Rural que queremos e o Brasil precisa, realizado no Centro de Treinamento da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), em Goiânia. O encontro foi aberto pelo deputado federal Zé Silva (Solidariedade-MG), presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar e que propôs a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) e a lei foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff.

Na ocasião, Schreiner destacou que Goiás precisa avançar e levar aos produtores inovação, tecnologia e ciência para crescerem em suas produções. Além do apoio do governo federal, que disponibilizou apenas 10% de recursos para assistência técnica. "Precisamos de uma visão mais apurada por parte do governo, principalmente de mais recursos para a Emater desenvolver os trabalhos. O Estado e os municípios também precisam de mais agilidade na assistência ao homem do campo", salientou.

No que diz respeito à assistência técnica e extensão rural no Estado, o presidente da Faeg foi enfático e mostrou aos presentes o cenário atual do setor. Em Goiás, 85% dos produtores respondem por 15% do valor bruto da produção e, na outra ponta, apenas 15% dos produtores respondem por 85% dessa produção. "Existe aí uma distorção muito grande e falta um papel fundamental do assistente técnico e extensionista para chegar a esse produtor", proclamou.

Debatendo os gargalos

Repleto de informação, o seminário que está em sua segunda edição, trouxe para Goiás o tema: "A Ater que queremos e o Brasil precisa", visando debater assuntos e gargalos da assistência técnica e extensão rural no país e do cenário goiano, ontem. Para o presidente da Anater, Paulo Guilherme Cabral, esse encontro é fundamental para apresentar novas idéias e caminhos frente as dificuldades encontradas. "Estabelecemos novas diretrizes e discutimos o avanço da assistência aos produtores brasileiros", pontuou.

O deputado Roberto Balestra (PP-Go) entende que o sistema precisa atingir maior público, "o que mais precisa de apoio técnico". Ele observou que o trabalho da extensão rural é importante, "porque contribui para a melhoria dos índices de produção da agricultura familiar, onde o governo compra parte de sua produção, que é destinada à Merenda Escolar". Argileu Martins, presidente da Asbraer e da Emater-DF, observou que "250 mil famílias foram retiradas da miséria com as ações do sistema em todo o Brasil".  Pelos seus dados, 16 mil técnicos do sistema Emater atuam em 5.359

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