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Votorantim fecha metalúrgica de Niquelândia

De acordo com a empresa, “o cenário desafiador do mercado de commodities metálicas tem promovido desequilíbrios econômico-financeiros nas operações globais do setor de mineração e metalurgia”

Os baixos preços do níquel no mercado provocaram o fechamento das unidades da Votorantim Metais, holding de negócios de metais não ferrosos e mineração do grupo Votorantim, em Niquelândia, norte de Goiás, e São Miguel Paulista, São Paulo. A empresa se manifestou a respeito ao Diário da Manhã, através de comunicado à imprensa. A paralisação será por tempo indeterminado e compreende uma capacidade de produção de 25 mil toneladas anuais de níquel eletrolítico. Serão afetados 1.250 empregados, dos quais 900 no município goiano e os demais 350 em São Paulo.

Em seu comunicado, a Votorantim Metais diz que “o cenário desafiador do mercado de commodities metálicas tem promovido desequilíbrios econômico-financeiros nas operações globais do setor de mineração e metalurgia, em especial no segmento de negócios do níquel, cujos preços globais – regidos pela London Metal Exchange (LME) - têm se mantido nos patamares mais baixos da história ao longo dos últimos anos”.

 Diante do contexto, a Votorantim Metais “decidiu suspender as operações de níquel das unidades de Niquelândia (GO) e São Miguel Paulista (SP), até que sejam reestabelecidas as condições de mercado necessárias para a viabilidade do negócio. Trata-se de uma decisão difícil, mas necessária, após expressivas quedas do preço do metal. Só em 2015, foi uma redução na ordem de 40% nos preços do níquel”.

 A nota da empresa assinala, ainda, que a “decisão foi tomada após exaustiva análise de diversos cenários, os quais – lamentavelmente – não demonstraram viabilidade econômica no curto e médio prazo, mesmo a empresa tendo estabelecido uma rigorosa gestão com foco na excelência operacional e otimização de custos”.

Negociação com os trabalhadores


 A Votorantim Metais adianta que irá adotar um regime gradual de suspensão das atividades e já iniciou diálogo com os Sindicatos dos Trabalhadores para tratar das condições de desligamento.  Em 1º de fevereiro serão suspensas as atividades de mina em Niquelândia e, a partir de maio, as atividades produtivas de Niquelândia (beneficiamento) e São Miguel Paulista (refinaria). Será mantida infraestrutura necessária para a garantia da execução dos compromissos legais e socioambientais vigentes; bem como a continuidade por tempo indeterminado dos investimentos nos programas sociais de Niquelândia e São Miguel Paulista.

 A empresa esclarece, ainda, que clientes e fornecedores terão suas necessidades e particularidades avaliadas caso a caso, mantendo o habitual diálogo de forma transparente e respeitoso. A Votorantim Metais segue na expectativa da evolução das condições macroeconômicas e mercadológicas, associadas a uma expressiva melhoria do preço do metal, para a retomada do Negócio Níquel no longo prazo.

Impacto em Niquelândia


O impacto da notícia da suspensão das atividades foi grande no município. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Niquelândia, Geraldo Lopes de Souza, observa que “além das centenas de demitidos diretamente, há o reflexo, também, das empresas terceirizadas que empregam mão-de-obra na prestação de serviços à Votorantim Metais”. A preocupação do dirigente classista aumenta na medida em que ele imagina, com razão, que haverá o efeito dominó.

“As oficinas vão demitir, os supermercados, açougues, padarias, manicures. Enfim, toda a cadeia será afetada”, observa, demonstrando profunda tristeza. Geraldo concorda que os números desfavorecem a empresa. Há excesso de oferta de níquel no mercado mundial, principalmente por parte da China, com uma produção acima de 200 mil toneladas de gusa de níquel, material usado na fabricação de aço inox.

 No acordo coletivo de 2014/2015 (do Sindicato com a Votorantim) fechou-se aquele período com a tonelada do níquel valendo 21.000 dólares (ou R$ 84.000,00 pela cotação de hoje, com US$ 1,00 valendo R$ 4,00). Hoje, a tonelada do níquel vale apenas 8.100 dólares (R$ 32.400,00), valor muito inferior àquela crise de 2008. Não só o níquel, mas todas as commodities minerais estão passando por uma brutal crise internacional

Críticas no Senado

O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) criticou ontem o que considerou a “omissão do governador Marconi Perillo (PSDB) em relação ao fechamento da unidade da Votorantim Metais em Niquelândia, cidade onde a empresa atua desde 1981”. O parlamentar lamentou que esta realidade afeta a vida de milhares de cidadãos que dependem da empresa para viver. “São mais de 800 trabalhadores diretos que perderão seus empregos. Mas não é só isso: lideranças da região dizem que mais de cinco mil pessoas devem ser afetadas numa reação em cadeia. Quem investiu em comércio na cidade na esperança de dias melhores, se tornou fornecedor da empresa ou contraiu empréstimos para financiar ali a sua casa própria, agora só enxerga um futuro nebuloso pela frente”, completou.

O senador Wilder Morais (PP-GO) entende que as dificuldades da Votorantim Metais decorrem da grande oferta de níquel no mercado internacional e a conseqüente baixa nos preços. Mas, sente-se preocupado com a fonte praticamente única de arrecadação dos municípios ser o Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Com isso, os prefeitos vivem com o “caneco na mão” em busca de recursos. Morais vê necessidade de “se buscar alternativas para tentar superar esse tipo de problema, com o incremento, por exemplo, do turismo rural e outras iniciativas paralelas”.

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