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ECONOMIA

O empreendedorismo social

Os empreendedores sociais são indivíduos com soluções inovadoras para os problemas sociais mais urgentes da sociedade. São ambiciosos e persistentes, enfrentando as grandes questões sociais e propondo novas ideias de mudança em larga escala.

Ex diretor da Rotman School of Management, Roger L.Martin, atual diretor da Skoll Foundation, publicou um artigo na Harvard Business Review, apresentando as principais descobertas de um estudo que a Skoll Foundation fez sobre o tema.

A fundação, durante 15 anos, acompanhou de perto empreendedores sociais bem-sucedidos e fez a seguinte descoberta: que todos se concentram em mudar dois aspectos de um sistema existente para criar modelos financeiros sustentáveis capazes de permanentemente deslocar o equilíbrio social e econômico em direção aos seus beneficiários.

Para um empreendedor social, seu estímulo é o um problema pelo qual muitas pessoas padecem. É preciso conhecer a fundo o problema com o qual a empresa irá trabalhar. Não é possível criar um projeto para diminuir a violência de uma comunidade se os envolvidos no projeto não a conhecem. A partir dessa deficiência, o Design Thinking ajuda os interessados, apresentando ferramentas para mergulhar neste novo contexto.

O sucesso destes empreendimentos depende tanto de uma adoção das metas sociais quanto de restrições financeiras rígidas. O objetivo é beneficiar um grupo específico de pessoas, transformando suas vidas de modo permanente ao alterar um equilíbrio socioeconômico prevalecente que opera em detrimento dos interesses de uma minoria privilegiada. Na maioria das vezes, o alvo do projeto é um segmento da sociedade que foi marginalizado e que não conta com os meios para transformar suas pretensões sociais e econômicos.

O projeto deve ser financeiramente sustentável. Do contrário, o novo equilíbrio socioeconômico exigirá um fluxo constante de subsídios de contribuintes ou filantropos, o que não é fácil garantir indefinidamente. Para conquistar a sustentabilidade, os custos da empresa devem cair à medida que o número de seus beneficiários aumento, permitindo ao empreendimento reduzir sua dependência de apoio filantrópico ou governamental conforme se expande.

Os empreendedores sociais se concentram em mudar dois aspectos de um sistema vigente, os atores envolvidos e a tecnologia instrumental aplicada, visando criar modelos financeiros sustentáveis capazes de permanentemente deslocar o equilíbrio social e econômico em direção aos seus beneficiários alvo.

Quem sofre ? 

Problemas sociais e econômicos geralmente refletem um desequilíbrio de poderes entre os atores envolvidos. Tendo como exemplo o trabalho infantil, explorado na indústria de tapetes tecidos a mão na Índia. O ativista Satyarthi percebeu, na década de 80, que poderia combater esse problema trazendo tudo isto a tona para os consumidores. Ele revela que teve essa ideia após uma senhora contar que jogou fora um tapete após descobrir quem o havia tecido e de que maneira essa mão de obra era explorada.

Equipe de Conservação da Amazônia (ACT)


O problema do desmatamento na Amazônia é algo recorrente, uma batalha constante entre nativos, madeireiros, fazendeiros e mineradores. O fraco controle do Estado permitia que a exploração tomasse cada vez mais a bacia amazônica, destruindo e matando a fauna e flora do loca.

A inovação da ACT foi munir as tribos indígenas com dispositivos portáteis de GPS e treiná-las a mapear suas terras ancestrais. Os mapas resultantes permitiam que defendessem seus interesses de modo mais efetivo ao fornecer ao governo informações necessárias para a conservação da floresta tropical. Com seus territórios claramente identificados, os povos indígenas passaram a monitorar e proteger o território do qual dependiam para manter-se em um regime de caça e pesca. Dessa maneira estabeleceu-se um equilíbrio de poder na luta contra os interesses capitalistas.

Empreendedorismo Jovem


Após a Segunda Guerra Mundial, em 1946, estudantes de nove universidades e seis países se reuniram em Liège, Bélgica, com o objetivo de criar uma nova forma de cooperação. A AIESEC (Association Internationale des Etudiants en Sciences Economiques et Commerciales) é uma plataforma internacional que possibilita o desenvolvimento pessoal e profissional de jovens estudantes através de programas de trabalho em equipe, liderança e intercâmbio.

Presente em 125 países e territórios, com mais de 86 mil membros e 8 mil organizações parceiras, a AIESEC é o maior empreendedorismo mundial liderado por estudantes. Atualmente o nome por extenso não é mais utilizado, uma vez que seus membros pertencem também a outras áreas de conhecimento.

No Brasil, a associação foi fundada em 1970, tendo como seu primeiro comitê nacional uma das atuais Unidades Operacionais da AIESEC em São Paulo, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 1971. A organização se expandiu e hoje já pode ser encontrada em quase todo o Brasil, inclusive em Goiânia.

Julie Tsukuda, estudante de jornalismo, conta que conheceu a AIESEC de uma maneira inesperada. Ela lia, Ilha dos dissidentes, um livro de ficção científica da autora Bárbara Morais e na orelha haviam informações sobre a autora onde ela citava ser membro deste empreendimento jovem. A estudante conta que ficou curiosa e tentou obter mais informações a respeito. “Na época, eu estava querendo fazer algo diferente e que me desafiasse, além de ocupar também o tempo livre que tinha, e a AIESEC se mostrou uma opção muito interessante para isso.” afirma.

Para Julie o trabalho do empreendimento tem sido eficaz no que se propõe, não só para quem trabalha, como também para os intercambistas que vêm para Goiânia realizar seus projetos voluntários. “Quando entramos na AIESEC, a nossa visão de mundo se amplia. Não só porque conhecemos pessoas de diferentes países e assim, acabamos entrando em contato com novas culturas, mas também porque conhecemos realidades novas na nossa própria cidade para assim refletir sobre o tipo de pessoa que nós desejamos ser.”.

Ela conta se surpreender ao pensar que jovens universitários ou recém formados de todo o mundo, trabalham voluntariamente em uma organização porque querem contribuir para a construção de uma realidade melhor. Julie revela que é bastante tímida, porém seu trabalho na AIESEC está ajudando-a a superar esta barreira.

Fundação Bradesco


A Instituição Fundação Bradesco é uma organização beneficente com quarenta escolas próprias e outras iniciativas de inclusão social. Seus curadores são membros da diretoria do Bradesco ou membros da diretoria da Companhia Cidade de Deus. Na área estudantil, a Fundação Bradesco é a maior instituição filantrópica do Brasil, e está entre as cinco maiores da América Latina.

A Fundação Bradesco foi criada em 1956 por Amador Aguiar, com o objetivo de proporcionar educação e profissionalização às crianças, jovens e adultos. Inaugurou sua primeira escola em 29 de junho de 1962, na Cidade de Deus em Osasco - SP, contava com 300 alunos e sete professores. Hoje conta com escolas em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Aparecida de Goiânia conta com uma dessas unidades.

Marcelo, hoje com 20 anos, estudante de engenharia civil, cursou parte de seu ensino fundamental na Escola Fundação Bradesco e o ensino médio em um colégio particular de Goiânia. Ele conta que levou um choque ao mudar de escola e perceber as diferentes realidades dos jovens da Grande Goiânia.

“Fui muito feliz na Fundação Bradesco, mas confesso que era difícil pra mim pois tinha de percorrer a pé um grande trajeto da minha casa à escola, porém hoje percebo que toda a insistência da minha mãe pra que eu acordasse cedo valeu a pena.” O estudante relata que a mãe não tinha condições para mantê-lo em uma escola particular e o pai assumiu este papel quando ele terminou o ensino fundamental. “Quando entrei no ensino médio em um colégio caro de Goiânia me assustei ao descobrir essa nova realidade, lembrei de alguns colegas da Fundação que não tinham se quer comida em casa.” completa.

Copatiorô


A Cooperativa de Serviço e Apoio ao Desenvolvimento Humano e Sustentável Atiorô nasceu de um grupo de técnicos, educadores populares e integrantes de movimentos sociais do Sul do Pará, os quais fizeram a opção por uma sociedade melhor, mais justa com desenvolvimento verdadeiramente sustentável nos aspectos ecológico, político, econômico e sociocultural. Assim, em novembro de 1997, em Conceição do Araguaia, surgiu a Copatiorô. Esse nome sintetiza dois objetivos: o de demonstrar a missão da ONG e homenagear os índios Karajá, habitantes das margens do rio Araguaia. Atiorô, na língua Karajá, significa “novo dia” ou “amanhecer”.

A ONG acompanha famílias agricultoras, moradores das zonas rural e urbana, assim como organizações populares e sociais do sul do Pará. A Copatiorô se organiza em cinco programas específicos:

Gestão Institucional: a ONG atua como agente de desenvolvimento

Formação Política: tem como objetivo contribuir para o fortalecimento e autonomia dos Movimentos Populares Urbanos e Rurais da região

Produção Agroecológica: procura fortalecer a Agricultura familiar através da diversificação do que é produzido

Beneficiamento e Comercialização: agrega valor aos produtos da Agricultura Familiar por meio de empreendimentos coletivos de beneficiamento e comercialização

Economia Popular e Solidária: melhora a renda das famílias utilizando a implantação e organização dos empreendimentos populares.

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