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O barato nem sempre sai caro

Para especialistas a crise econômica tem feito a população repensar na hora de comprar qualquer coisa, seja um produto ou serviço. Nesse sentido primando não só pelas marcas líderes de mercado, mas pelo que realmente atende a sua necessidade e tenha o melhor custo beneficio. Por outro lado, uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), divulgada nesta semana, mostrou que apenas três em cada dez brasileiros são consumidores conscientes.

Segundo o levantamento em uma escala de 1 a 10, consumidores entrevistados dão nota média de 8,9 para a importância do tema consumo consciente, mas apenas 32% dos consultados podem ser considerados consumidores conscientes. O índice representa um aumento de 10,2 pontos percentuais em relação a 2015, quando esse percentual era de 21,8%.

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti: “Assim como em 2015, os entrevistados associam mais frequentemente o consumo consciente com atitudes relacionadas apenas a aspectos financeiros, ficando em um segundo plano as esferas ambientais e sociais.”

Relações de consumo

Para entender  essa relação de consumo a professora, consultora em estratégias digitais e pesquisadora de tendências de consumo Carlise Nascimento diz é necessário primeiro falar sobre a relação entre marca, propaganda e confiança. Ela explica que uma marca é tudo aquilo que ajuda os consumidores a formular uma opinião sobre os produtos ou serviços de uma empresa. Nesse sentido, a propaganda tem a função de facilitar a “entrada” da marca na cabeça do consumidor, transmitindo seu posicionamento, sua essência, criando predisposições para o consumo. Já a confiança, é algo que precisa ser construído, conquistado ao longo do tempo. Isso pode ser feito com diversas ações estratégicas de marketing, dentre elas está a propaganda. “Quando falamos de propaganda, me refiro a todos os tipos de comunicar ou promover uma marca, um produto ou um serviço”, diz.

Carlise conta que a maior parte das decisões de compra são realizadas no inconsciente e em questão de segundos. O cérebro guarda as experiências que vivenciamos ao longo da vida e vai criando o que chamam de marcadores somáticos, ligados às nossas referências. Por exemplo: se a mãe usava uma determinada marca de farinha de trigo, a tendência era que a filha também a utilizasse e assim sucessivamente. “No entanto, hoje em dia, o número de referências aumentou muito, tanto quanto a diversidade de marcas, produtos e serviços. Então, quanto mais um consumidor visualiza, ouve e experimenta sensações com determinadas marcas e produtos, mais referências ele vai obtendo, adquirindo confiança para tomar a decisão de compra”, avalia.

Sendo assim, seria possível se blindar quanto a essas propagandas? Fazer de fato escolhas mais conscientes? Carlise considera uma missão praticamente impossível. “Nos esquivarmos da propaganda e de todos os modos em que ela se manifesta. Atualmente, qualquer um de nós pode sentar em algum lugar para tomar um café e fazer um “check-in” no local, postar uma foto do produto ou até mesmo fazer um vídeo que acabe identificando a marca, mesmo sem querer. Desse modo fica difícil se blindar quanto às propagandas, já que elas fazem parte do nosso cotidiano”, ressalta.

Da mesma maneira, enquanto sujeitos imersos em uma sociedade que respira consumo, muitas  identidades são moldadas pelo que é consumido.  Se na origem o consumo acontecia por necessidade, hoje, isso acontece muito mais por desejo. “É por meio das emoções que o cérebro codifica as coisas que têm valor nas nossas vidas. Em épocas de turbulências econômicas em que vivemos, as empresas precisam entender que se diferenciam pelos seus valores e que isso é definitivamente um diferencial e tanto. Mas a diferenciação deve ser autêntica, para que a emoção leve o consumidor a agir e tomar uma decisão de compra”, explica.

Saber quem é o consumidor, entender como ele pensa e aí sim entregar o que ele quer é o que o marketing de hoje busca. Na analise da especialista, existe sim aquele consumidor que dá mais valor para o que é caro, pois para ele o preço é sinônimo de qualidade ou de status; porém, existem aqueles que conseguem achar produtos de qualidade e preço baixo. “Hoje o consumidor é muito mais informado, o que o torna mais consciente e exigente”, diz.

Para ela em uma sociedade cada vez mais plural e conectada, em que se pesquisa de tudo na internet; onde se encontram milhares de lojas virtuais e enorme variedade de produtos, a máxima de que “o barato sai caro” não faz o menor sentido.  

[box title="Marcas se reinventam para ofertar preços justos"].

A seguir alguns exemplos de itens que provam que o ditado “O mais barato sai caro” não é mais uma regra nos dias de hoje. Com um mercado amplo e concorrente, as marcas estão se reinventando, e não só as líderes fazem a cabeça das pessoas, chegou a vez daqueles que também entregam produtos  e serviços de qualidade com preços justos, e não vendem apenas um status.

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Refrigerantes  

Com 50 anos de consolidação no mercado goiano, existe muita gente quem prefira a versão tubaína dos refrigerantesJaó a qualquer outro. E o que isso tem de bom? Que pode ser até R$2,00 mais em conta que a Coca-Cola, por exemplo, em sua versão de dois litros. De acordo com o gerente de marketing da marca, Cleyton Souza, o preço dos refrigerantes Jaó  hoje no mercado variam entre R$3,00 e R$4,50. “Temos como maioria dos clientes pessoas das classes B, C e D. A meta da empresa sempre foi entregar produtos de boa qualidade por preços acessíveis”, conta. O produto também está presente em mercados do Distrito Federal, Pará, Goiás, Mato Grosso, e Bahia.

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Carros

Em março desse ano o Auto Esporte do portal de notícias da Globo fez um levantamento para identificas as marcas e modelos de veículos mais em conta do mercado. No topo da lista dos carros zero km está o Fiat Palio Fire de duas portas, 4 cilindros, 1.0, 75/73 cavalos, que pode ser encontrado por em média R$29mil. Em relação a modelos, existem outros tanto da marca quanto concorrentes mais caras e belas, no entanto o modelo Palio Fire, atende muito bem uma pessoa que buscam um carro de passeio desde que o intuito não seja apenas ostentar um veículo, mas sim para que ele cumpra bem o seu papel com conforto e segurança.

Sucos

Os sucos também são sempre uma boa opção para quem quer reduzir os açúcares da alimentação e cortar gastos. Nesse caso, temos o refresco Refreskant que é goiano e custa em média R$0,89 enquanto seu principal concorrente pode chegar a ser 30% mais caro, custando até R$1,19.

Azeite

Outro item que surpreendentemente tem caído no gosto do brasileiro é o Azeite,  um produto que tem um valor agregado maior, mas que ao mesmo tempo também traz mais benefícios a saúde que o óleo de cozinha, por exemplo. Ele cita que o azeite Prezunic, de marca própria chega a ser até 19% mais em conta que a marca líder de mercado no momento, custando cerca de R$16,99, enquanto a outra marca pode chegar a R$20,59. Ambos os produtos são extra virgem, com acidez de 0,5% se equiparando também na qualidade.

Moda

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A consultora de estilo e imagem, Maria Júlia Costa, explica que na moda não é diferente dos demais segmentos, é sim possível se vestir bem, gastando pouco. Normalmente o que determina que uma mulher ou homem comprem uma bolsa ou qualquer outra peça de marca é a influência dos grupos aos quais pertence pois são as pessoas que vão incluir ou excluir quem usa tal ou qual marca. “Esses círculos "obrigam" a quem quer estar e pertencer a um status a se esforçar para ter aquela marca que a turma toda usa. É claro que as marcas consagradas usam as melhores matérias primas, mas não podemos dizer que um jeans da C&A, por exemplo, será ruim por ser barato. Em outra perspectiva, ele também não terá a "mesma" "sensação" ao vestir um Calvin klein”, avalia.  Ela diz que é totalmente à favor de que cada pessoa se vista de forma adequada, ao local e momento vivido, porém com a sua marca pessoal. “Muitas pessoas gastam  e compram coisas além da conta, mas nem sempre isso as leva a se vestirem bem. Isso porque  sempre acabam comprando o que não precisam”, diz.

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Empresários optam em investir nas embalagens


O gerente de marketing e trade do Grupo GSA, Bruno Costa, explica que a crise econômica tem feito o consumidor repensar seu modo de comprar. Hoje, a compra feita por emoção não é mais a que prevalece, no entanto as marcas tem notado o apelo das pessoas por itens que realmente sejam de boa qualidade para que possam fazer essa compra de forma segura e econômica. “Nós da GSA, por exemplo, estamos investindo nas embalagens, notamos que quando o consumidor vê um produto mais bonito ele leva isso em consideração assimilando esse quesito à qualidade”, avalia.

Bruno conta que observando esse comportamento, a empresa notou que as pessoas têm olhado para as gondolas dos supermercados de forma diferente. “Antes, a visão ia apenas a altura dos olhos, ou seja, onde estão as marcas lideres de mercado, hoje, as pessoas estão olhando por toda a prateleira, de cima a baixo em busca de custo beneficio, não só de  marca”, explica.

Marca própria

Outro segmento que ilustra bem essa situação são os produtos de marca propria, uma tendência que surgiu nos EUA e tem ganhado marcas brasileiras como estratégia das redes varejistas. Segundo pesquisa da Nielsen, as marcas próprias movimentaram R$ 3,6 bilhões no Brasil entre agosto de 2014 e agosto de 2015. O número foi 6,1% maior do que o registrado no período anterior.  Os itens que antes eram associados à baixa qualidade e menores preços ganham cada vez mais espaço nos lares brasileiros por meio da qualidade percebida por seus consumidores.

A Cencosud Brasil, rede da qual faz parte os Supermercados Bretas, por exemplo, aposta em sua marca própria Prezunic. São 250 produtos nas categorias alimentos, limpeza e perecíveis, o preço é em média 15% mais barato com relação aos líderes de categoria. “Queremos aumentar nossa penetração da marca nas categorias presentes e aumentar o market share nas vendas da Cencosud Brasil como um todo”, explica o diretor de Estratégia Comercial da Cencosud Brasil, Alejandro Arruiz.

A marca registrou um crescimento de vendas em mais de 100% em 2015, se comparado com o ano anterior, e estima crescimento de 88% este ano. Samuel Ramos, gerente comercial Marca Própria Cencosud, explica que essa tendência é também um desdobramento dos efeitos da crise econômica. “As pessoas tem buscado também marcas segundarias. Itens básicos como o  arroz, feijão, óleo e açúcar são alguns dos que possuem zero fidelização na hora da compra”, diz. Samuel conta que isso acontece por que o cliente procura além do preço também confiança e custo beneficio.  categorias básicas são mais presentes, com destaque para a cesta de alimentos e limpeza.

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