Home / Economia

ECONOMIA

Seis brasileiros têm a riqueza de quase metade do país

Uma pesquisa da Oxfam Brasil - batizada de “A distância que nos une: um retrato das desigualdades brasileiras” - afirma que as seis pessoas mais ricas do Brasil têm em mãos o montante de dinheiro equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres do país. Trata-se de um dos maiores patamares de desigualdade social do mundo.
O estudo revela um cenário de extrema pobreza que pode configurar o Brasil nas próximas décadas. A pesquisa mostra que 5% mais ricos concentram a mesma renda que os outros 95%.
A situação do Brasil é pior do que a global, diz o estudo. “Precisamos falar sobre desigualdades. No mundo, oito pessoas detêm o mesmo patrimônio que a metade mais pobre da população. Ao mesmo tempo, mais de 700 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 1,90 por dia”, diz o texto de abertura da pesquisa.
A Oxfam International, afiliada da brasileira, é uma reunião de confederações e organizações que atua em mais de 100 países na busca de soluções para o problema da pobreza e da injustiça social. O caso brasileiro assusta a entidade, que aponta neste problema um dos motivos para a violência urbana do país. A agência protagoniza campanhas, programas de desenvolvimento e ações emergenciais. Pela pesquisa, uma trabalhadora que ganha um salário mínimo por mês vai demorar 19 anos para ganhar os rendimentos dos endinheirados conquistados em um mês.
“Tal debate é especialmente urgente nos tempos atuais. Não somente pelos níveis extremos de desigualdades que são eticamente inaceitáveis e nos transformam em uma sociedade onde uma parte da população passa a valer mais que outra, mas também pelos recentes e preocupantes retrocessos em direitos, nunca vistos desde a reabertura democrática no Brasil”, diz o relatório.
Os seis mais ricos do Brasil são Jorge Paulo Lemann (AB Inbev), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) e Eduardo Saverin (Facebook).

ONU
O estudo revela que o Brasil segue ladeira abaixo: despencou 19 posições no ranking de desigualdade social das Nações Unidas (ONU). Já estamos dentre os dez mais desiguais do mundo.
A pesquisa avalia as duas últimas décadas e aponta os fatores que permitem a desigualdade no PaíS. De acordo com os especialistas que formularam o estudo, o sistema tributário brasileiro é o principal culpado. Apesar de arrecadar muito, ele gera uma dívida absurda dos mais ricos com os mais pobres: a população 10% mais rica do Brasil paga uma parcela menor de sua renda com tributos do que os 10% mais pobres. Enquanto a primeira primeira paga 21% da renda, os mais pobres e a classe média gastam 32%.
Para piorar, existe a corrupção, que fere a democracia. Não é novidade para ninguém que o Brasil tem políticos que acumulam recursos como aquele que escondia milhões em um apartamento - isso quando não esconde dinheiro nas contas enfurnadas em paraísos fiscais. Tal comportamento é suficiente por revelar um país que não terá futuro se permanecer trabalhando para enriquecer os seis megaricos.

CENÁRIOS
Conforme o estudo, mulheres e negros são os mais prejudicados no Brasil desigual. O estudo diz que eles somam três de cada quatro brasileiros pobres. Por isso - fora as ações sociais - uma das sugestões da Oxfam é investimento em educação para minorar a desigualdade: “Ganhos educacionais tiveram um impacto importante na redução das diferenças salariais, diminuindo assim a desigualdade geral de renda, em que pese os enormes desafios que ainda restam. A ampliação da cobertura de serviços essenciais para os mais pobres elevou sensivelmente o nível de vida das pessoas, ainda que reste uma parcela bastante grande da população sem água ou saneamento básico”.

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias