Home / Entretenimento

ENTRETENIMENTO

Paisagens do oriente

Um século de história – du­rante sua trajetória no pla­neta terra, Arie Smit pre­senciou 99 voltas da terra em torno do sol, e só não completou a centésima por conta de 23 dias. O pintor nasceu nos Países Bai­xos em 1916, mas viveu a maior parte da sua vida na ilha de Bali, na Indonésia, onde morreu no ano de 2016. É conhecido prin­cipalmente por suas leituras ex­pressivas de paisagens tropicais, cortesias ilimitadas da ilha para­disíaca que elegeu como casa, e que é um dos lugares mais mági­cos do planeta. No entanto, antes de chegar à Indonésia, inspirado pelo desejo de explorar o arqui­pélago, Smit acabou capturado por militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Foi forçado a trabalhar como arqui­teto em Burma durante três anos, até ser libertado em 1945.

No mesmo ano em que esca­pou do controle das forças japo­nesas, Arie Smit chegou na Repú­blica da Indonésia, tornando-se, oficialmente, um cidadão do país pouco tempo depois. Chegou primeiramente em Java, capital do país, onde lecionou litogra­fia no Instituto Tecnológico Ban­dung, no oeste da cidade. Passou cerca de nove anos na região, até mudar-se definitivamente para Bali, em 1956, prestes a comple­tar 40 anos de idade. Ficou tão impressionado com a cultura e com a natureza da ilha, que deci­diu viver ali pelos 60 anos restan­tes de sua vida. Hoje, suas obras podem ser encontradas entre as coleções do Museu de Arte Neka (onde o Pavilhão Arie Smit foi inaugurado em 1994), no Mu­seu Penang, na Malásia, e o Mu­seu Bali, em Denpasar.

ORIENTE

De acordo com o site asiático iCollector, que disponibiliza al­gumas obras do artista, sua obra ganhou um novo gás a partir do momento em que ele chegou à Ásia. Além de inaugurar e distri­buir uma nova visão sobre a In­donésia, serviu como fonte para vários outros pintores. “Foi aqui [em Bali] que seus esforços ar­tísticos tornaram-se plenamen­te realizados através de uma ex­posição sobre as paisagens de Bali, que inspirou o surgimento de vários outros pintores indo­-europeus, como Walter Spies, Rudolf Bonnet e Han Snel”. De acordo com o site, as pinturas de Smit são consideradas vibrantes, espontâneas e evocativas, e vêm agregando cada vez mais valor, à medida que cresce o interesse mundial na arte produzida fora do eixo América-Europa.

Outro fato que influenciou na maneira de pintar de Arie Smit foi uma antiga profissão. “Seu envol­vimento com o Serviço Topográ­fico na Indonésia desde os anos 1940 permitiram que ele aprofun­dasse seus conhecimentos e apre­ciação às variadas e exuberantes paisagens indonésias”, comple­ta o site iCollector. O texto tam­bém fala da influência do pintor francês Paul Gauguin, um nome importante do movimento pós­-impressionista de sua época. Ele também movimentou de forma inspiradora o interesse de pinto­res nativos daIndonésia. “A esti­lizada representação de Smit da paisagem balinesa combina ele­mentos de impressionismo e as cores gauguinescas inspirou tam­bém uma geração de pintores na­tivos, como Paul Husner”.

ORIGENS

Smit foi o terceiro de oito crianças de um comerciante de queijos e uma confeiteira em Zaandam, na Holanda. Sua fa­mília se mudou em 1924 para Rotterdam, onde Smit estudou um pouco de design gráfico na Academia de Artes. Na juven­tude, era inspirado pelo traba­lho de três artistas, todos eles chamados Paul (Signac, Gau­guin e Cézanne). Em 1938, aos 22 anos, passou a integrar o Exército Real das Índias Orien­tais Holandesas. Após três me­ses, foi enviado para as Índias Orientais Neerlandesas, onde trabalhou com litografia para o Serviço Topográfico Holandês em Batavia, produzindo gravu­ras em relevo de mapas do ar­quipélago. Ao realizar esse ser­viço em montanhas balinesas, despertou seu interesse de um dia conhecer Bali.

POEMA DE CORES

No site Ubud Now and Then, o autor Amir Siddharta avalia a car­reira de Smit no texto Arie Smit– The Passing of a Legend. Ele des­creve suas pinturas como “poemas de cor”. “Muitas de suas pinturas de Bali são de fato celebrações, em co­res, da alegria da vida do artista. Ele é o pintor indonésio sobre o qual o maior número de livros foram es­critos”, introduz o autor. No texto, que foi escrito na ocasião da morte do pintor, que tinha 99 anos, o au­tor fala da maneira como Smit li­dava com o desejo de se tornar um artista. “Desde jovem sempre fui in­teressado em artes visuais. Desde ilustrações até pinturas. Mesmo as­sim, ão queria admitir minha vonta­de de seguir carreira na pintura para meus amigos ou familiares.” Smit é a prova de que a pintura e as guer­ras na primeira metade do século XX possuem uma grande ligação no deslocamento de artistas e suas viagens ao redor do mundo.

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias