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Concentrados em Saquarema por um Estadual mais tranquilo, árbitros do Rio se reciclam

Em 2015, a grande controvérsia da arbitragem brasileira foi o novo conceito de mão na bola — que passou a levar em conta o movimento antinatural dos atletas infratores. Para evitar que as discussões e os erros ocorridos no Campeonato Brasileiro contaminem o Carioca, cuja arbitragem é habitualmente questionada, 31 árbitros e 35 assistentes participam da pré-temporada de sete dias no Centro de Treinamento da Confederação Brasileira de Vôlei, em Saquarema. A preparação termina hoje e foi organizada pela Federação de Futebol do Rio (Ferj).

A expectativa em Saquarema é a de que o movimento antinatural gere menos polêmicas e marcações em 2016, já que o novo conceito está mais disseminado entre os árbitros após um início turbulento. Jorge Rabello, presidente da Comissão de Arbitragem da Federação (Coaf-RJ), é um dos que pensam neste sentido.

— Em 2015, realmente, vimos numa mesma partida o novo conceito de mão na bola ser marcado para um time e não para outro. É um sinal claro de que não houve um compreendimento correto. Para 2016, isto vai ser tratado com mais equilíbrio, já que o conceito está mais disseminado — disse Rabello, acrescentando que houve falha por parte da CBF. — A regra não mudou, mas o conceito, sim. Houve um açodamento em se implantar essas modificações. Houve falha na comunicação da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF, no sentindo de passar para os árbitros e os clubes o que tinha mudado e o que iria mudar. Tanto é que, logo depois, Jorge Larrionda (juiz uruguaio do quadro da Fifa) fez um palestra com uma série de vídeos para explicar melhor o novo conceito.

Para a CBF, não houve um açodamento na comunicação. A entidade também reitera que “foram seguidas todas as orientações da Fifa em relação à preparação dos árbitros”. Tanto Rabello quanto CBF concordam que a ampla divulgação de vídeos e imagens sobre o assunto ajudaram a desfazer as dúvidas.

— Recebemos as instruções, mas, na maioria das vezes, estudamos e treinamos separados ou, no máximo, com os assistentes. A arbitragem tem muitos critérios subjetivos, de interpretação. Se fizermos mais treinos juntos, como nesta pré-temporada, conseguimos unificar esses pensamentos, e o jogo fica mais equilibrado. E isso, claro, vale para esse novo conceito de mão na bola — analisa Rodrigo Nunes Sá, um dos árbitros.

Rabello mostra um pensamento alinhado ao de Rodrigo Nunes Sá:

— Se temos uma unificação maior do pensamento, consequentemente, temos jogos com arbitragens cada vez mais próximas. E isso é bom para os árbitros e para os clubes.

Em Saquarema, as atividades são realizadas em três períodos. A parte física é trabalhada de manhã e à tarde com academia e treinos no campo. À noite, há vídeos e palestras. Tanto o “campo” quanto a “sala” são coordenadas pelo ex-árbitro colombiano Óscar Ruiz, de 46 anos e que tem curso de instrutor da Fifa — ele participou das Copas do Mundo de 2002, 2006 e 2010. Para ele, os brasileiros entenderam bem o novo conceito de mão na bola:

— A regra foi bem compreendida. Tudo que é novo precisa passar por um processo de adaptação. E acho que a resposta foi positiva no Brasil.

Árbitros adicionais: ter ou não ter

Em Saquarema, a retirada dos árbitros adicionais (aqueles que ficam na linha de fundo) é vista como retrocesso. No Campeonato Carioca, que começará no próximo dia 30, não estarão presentes pelo segundo ano consecutivo.

— O presidente da Ferj (Rubens Lopes) optou por não continuar com os árbitros adicionais, acompanhando o movimento da CBF, que também extinguiu-os. Na minha opinião, isto é um passo atrás. No Carioca, eles foram usados em 1.060 jogos entre 2008 e 2014. Em apenas um jogo, houve um erro grosseiro (gol não validado de Douglas, pelo Vasco, contra o Flamengo na Taça de Guanabara de 2014). Erros são inerentes ao ser humano. Mas temos que trabalhar minimizando os erros. As competições da Uefa usam árbitros adicionais — afirmou Rabello.

A CBF explica que “os árbitros adicionais foram utilizados de 2012 a 2014 e que, após análise dos resultados, verificou-se que a medida não teve a eficácia esperada.”

— Os árbitros adicionais são olhos a mais para a arbitragem. Sei que estamos sujeitos ao erro, mas com mais gente olhando o risco diminui — disse Rabello.

Para o Carioca deste ano, além da ausência dos árbitros adicionais, Rabello avisa que foi feita uma mudança na suspensão automática. Agora, qualquer integrante da comissão técnica ou outro funcionário do clube que esteja no banco de reservas terá que cumprir suspensão automática, caso seja expulso. Até então, apenas técnicos e jogadores cumpriam a suspensão.

— Ficou mais justo. Assim, pensarão mais vezes antes de passar o jogo todo reclamando das marcações comentou Rabello.

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