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Cinco fatores que explicam as tragédias

Da BBC

O naufrágio ocorrido no Mar Mediterrâneo no sábado, e que pode ter matado centenas de imigrantes fazendo a travessia entre o norte da África e a Itália, foi mais uma tragédia anunciada.

As autoridades europeias ainda não encontraram soluções para conter o fluxo de pessoas que nos últimos anos têm se lançado ao mar, invariavelmente em embarcações em estado precário.

Mas há outros fatores que explicam as tragédias do Mediterrâneo. E eles passam por desde problemas geopolíticos, como a guerra civil na Síria, às dificuldades econômicas vividas pela Itália, o país que é o principal destino dos refugiados que fazem a perigosíssima travessia.

Apenas na última semana, a Guarda Costeira italiana resgatou 10 mil imigrantes em barcos fazendo a travessia do Mediterrâneo. O Alto Commissariado da ONU para Refugiados, o Acnur, estima que no ano passado 219 mil pessoas conseguiram cumprir o trajeto. Trata-se de um número quase quatro vezes maior que o de 2013, quando 60 mil pessoas chegaram até portos europeus. Nos primeiros três meses deste ano, o Acnur estima que 31.500 pessoas cruzaram o Mediterrâneo para chegar à Itália ou à Grecia.

Autoridades italianas, gregas e em Malta afirmam que seus centros de triagem e acomodação de refugiados estão superlotados. Pelo menos 3.500 pessoas teriam morrido nos primeiros meses de 2015 em acidentes durante as travessias.

Traficantes

Nos últimos dias, a mídia européia publicou relatos de que traficantes de pessoas estariam buscando freneticamente barcos por conta da demanda de imigrantes fugindo da pobreza de áreas como a África subsaariana ou conflitos como a guerra civil na Síria. De acordo com estimativas de ONGs e relatos de refugiados, um lugar nas embarcações precárias usadas para as tentativas de travessia pode custar mais de R$ 10 mil por pessoa. Uma única viagem pode render US$ 1 milhão para os traficantes.

Socorro

Em novembro do ano passado, o governo italiano decidiu acabar com a Operação Mare Nostrum, um sistema de patrulhamento designado especificamente para o socorro a embarcações ilegais cruzando o Mediterrâneo. As autoridades alegaram que a decisão tinha como principal objetivo desestimular as tentativas de travessia, sob o argumento de que a redução no socorro coibiria a demanda junto aos traficantes de pessoas.

Cinco meses depois, porém, os números de imigrantes se mantêm elevados, de acordo com o próprio governo italiano, mas o patrulhamento e socorro é feito em menor escala. A Frontex, agência de fronteiras da União Europeia, criou a Operação Triton, que tem orçamento menor que o da Mare Nostrum. Isso significa menos embarcações, pessoal e um alcance menor: a Triton está limitada a 30 milhas náuticas da costa italiana (55 quilômetros). O navio que virou no sábado, por exemplo, estava a 200 km de Lampedusa.

Perigo

Embora a alcunha de rota imigratória mais mortal do mundo se deva ao grande número de pessoas que se arrisca em embarcações que beiram o improviso, o Mediterrâneo é também um mar que oferece perigos. Ventos fortes e eventuais tempestades podem pegar de surpresa as embarcações fazendo o percurso de quase 500 km entre a Líbia e a Itália, por exemplo.

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