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Estado Islâmico toma territórios das mãos do Talibã no Afeganistão

Combatentes leais ao Estado Islâmico (EI) registraram pela primeira vez importantes ganhos territoriais no Afeganistão, tomando áreas de talibãs rivais em uma nova ameaça para a estabilidade da região. De acordo com a agência Reuters, autoridades locais informaram que militantes do EI capturaram pelo menos seis dos 21 distritos da província de Nangarhar, no Leste do país.

Testemunhas que fugiram de combates em Nangarhar relataram que centenas de insurgentes prometendo lealdade ao grupo extremista expulsaram talibãs da área, queimando campos de papoula de ópio que ajudam a financiar a campanha do Talibã para derrubar o governo afegão. Jihadistas também distribuíram panfletos supostamente enviadas pelo líder do EI e autodeclarado califa, Abu Bakr al-Baghdadi, dizendo “o que as pessoas devem e não devem fazer e advertindo-as sobre muitos crimes”.

Simpatizantes do EI têm-se mostrado implacáveis, supostamente decapitando vários comandantes talibãs. O êxito do grupo em assumir o controle de vastas faixas territoriais de Iraque e Síria deixa claro os riscos para o Afeganistão. Em Nangarhar, os extremistas são descritos como organizados e bem financiados. Várias pessoas disseram que o grupo tinha muito dinheiro, e alguns viram militantes vendendo ouro, incomum para a área.

— Eles chegaram em muitas picapes brancas montados com grandes metralhadoras e lutaram contra o Talibã. O Talibã não pôde resistir e fugiu — contou Haji Abdul Jan, um ancião tribal do distrito de Achin.

Jan, que viu os confrontos no início de junho antes de fugir para a capital da província de Jalalabad, disse que alguns moradores deram boas-vindas aos recém-chegados. Segundo ele, o EI proibiu venda de cigarro nas lojas.

— Ao contrário do Talibã, eles (EI) não forçam os moradores a alimentá-los e a abrigá-los. Em vez disso, eles têm muito dinheiro em seus bolsos e gastam com comida e atraindo jovens moradores para se juntarem a eles.

ESTRANGEIROS COMBATEM COM O EI

Já era de conhecimento geral que muitos estrangeiros se uniram ao EI em Iraque e Síria. Tudo indica que eles também estão combatendo com o grupo no Afeganistão.

Segundo testemunhas, militantes do EI, em sua maioria dissidentes do Talibã desiludidos com a tentativa mal sucedida de retornar ao poder em Cabul, estão acompanhados por dezenas de combatentes estrangeiros.

Há relatos ainda de que a bandeira negra do EI foi içada em algumas áreas, e os combatentes estrangeiros pregam nas mesquitas usando tradutores. A identidade dos insurgentes não afegãos não é conhecida. Centenas de militantes de todo o mundo se escondem ao longo da fronteira entre Afeganistão e Paquistão.

Enquanto o governo central controla a vasta maioria do Afeganistão, as forças de segurança lutam para conter a insurgência do Talibã em Nangarhar, após a maioria das forças da Otan se retirar há seis meses.

O Talibã, que emitiu sua própria advertência para o EI não interferir no Afeganistão, reconheceu a perde de terreno em Nangarhar, mas não confirmou que seus rivais sejam do Estado Islâmico.

— Eles são ladrões e bandidos. Em breve vamos limpar essas áreas e livrar os moradores — disse o porta-voz do Talibã Zabihullah Mujahid.

Enquanto há pouca evidência de ligações diretas entre o EI no Oriente Médio e militantes que lutam sob a sua bandeira no Afeganistão, as autoridades em Cabul temem a escalada das tensões.

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