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OPINIÃO

O que querem os comunistas?

Euler Ivo ,Especial para Opinião Pública

Ao completar 93 anos de existência, o Partido Comunista do Brasil mantém o frescor das ideias avançadas para o nosso tempo. O PCdoB é a organização de um sonho. Como um sonho pode ser organizado?

O PCdoB é exatamente o sonho da igualdade entre os homens, de uma sociedade igualitária. Toda a humanidade sonha com isso. Essa luta originou organizações em todos os países no mundo todo. Os comunistas, em todos os lugares, lutam junto ao povo para melhorar a vida das pessoas em suas necessidades imediatas, mas com a consciência da necessidade de também debater o futuro da luta da humanidade.  Sobre esse ponto: com tantos anos escuros de existência e de luta, os comunistas entendem que só é possível uma transformação verdadeira e segura das condições da vida do povo em uma outra sociedade, com outro sistema econômico. Hoje vivemos no capitalismo, mas queremos o socialismo num futuro mais distante. Os comunistas entendem que o socialismo vai se desenvolver numa sociedade nova, no comunismo.

Entendemos que o capitalismo é limitado e nunca atenderá aos interesses da maioria da população, nunca promoverá a igualdade de oportunidades. É um sistema perverso que recorre a guerras, a matanças, à destruição da produção e da natureza. Suas crises cíclicas levam à destruição de pessoas, das forças de produção, dos produtos e das regiões como forma de renovar o sistema. Essa característica está nas suas entranhas, no mito de que a propriedade privada é sagrada, eterna (e não uma invenção do homem). A propriedade privada tem evoluído ao longo de décadas e séculos e se concentrado em um grupo cada vez menor e restrito de empresas multinacionais. Ocorre que a propriedade capitalista concentrada caminha para o capitalismo de estado. Entendemos que o futuro do capitalismo de estado deve levar ao socialismo. E que, no socialismo, as riquezas concentradas em cada país passam para o povo de cada país. O futuro da propriedade de estado é se tornar pública, quer dizer, socialista e não mais capitalista. Essa nova realidade permitirá que as riquezas produzidas na sociedade sejam usufruídas por todos.

Essa transição do capitalismo do estado para o socialismo demanda muito tempo. O socialismo também é um sistema de transição para o comunismo. No socialismo, no início de sua implantação, ainda teremos formações e formas de produção capitalista, assim como no capitalismo ainda temos resquícios do sistema mais atrasado que o antecedeu, o feudalismo. A passagem do capitalismo para o socialismo e deste para o comunismo não é uma mudança que se dá por passe de mágica. Cada país, dentro da sua realidade histórica, política e econômica, faz uma trajetória para avançar rumo ao socialismo. Os comunistas sabem que as conquistas não vêm de uma só vez. Uma conquista se liga à outra. É uma luta longa. Hoje no Brasil vivemos num país capitalista, dependente e em evolução. Não é possível dar passos fora da ampla realidade existente.

Os comunistas se organizam em núcleos que buscam mobilizar o povo para a luta pelos direitos trabalhistas, nas escolas, fábricas e no campo. Se organizam para defender o povo, para ter esperança, para atuar sobre como superar as suas dificuldades pessoais e coletivas.

Por isso, o PCdoB e os comunistas sentem o dever de ser o impulso para a superação do capitalismo. A soma dos esforços dos comunistas junto à comunidade em cada lugar levou os comunistas a entenderem o valor da política. Uma política não para si próprio ou para uma minoria e sim para a maioria, para o povo trabalhador.

O PCdoB foi fundado em 1922 e, desde então, foi perseguido pelos poderosos. Participou em todos os momentos políticos importantes da história do nosso país. Há 30 anos vivemos o mais longo período de legalidade. Atuamos ao lado de homens e mulheres de luta, dos movimentos sociais e de outros partidos orientados pela aliança que temos em nível nacional, observando a realidade em cada estado.

Hoje compomos a base do governo Dilma e apresentamos o novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que é um projeto ainda dentro dos marcos do capitalismo, mas que deverá fazer o Brasil continuar avançando, aumentar o poder aquisitivo, investir na tecnologia aplicada à produção, investir na nossa competitividade, na infraestrutura e na educação. Esse é o caminho. Também lutamos por uma política econômica que não privilegie os interesses dos grandes grupos econômicos e sim da maioria da população. Entendemos que o governo Dilma tem avançado nesse sentido. Mesmo enfrentando crises circunstanciais, deverá superar as dificuldades, retomar o desenvolvimento e assegurar as conquistas do povo brasileiro dos últimos 10 anos. Defendemos nossas riquezas como a Petrobrás e não aceitamos interferências estrangeiras imperialistas em nossas decisões.

Somos pela autodeterminação de cada povo. Somos defensores da democracia. Somos contra o golpismo e contra a corrupção de qualquer tipo. Lutamos pela democratização dos meios de comunicação e do Poder Judiciário. Queremos uma reforma política que fortaleça a democracia. Queremos reformas estruturantes.  É isso o que querem os comunistas!

(Euler Ivo, secretário de Formação do PCdoB de Goiás)

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