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OPINIÃO

A crônica do “Minino do Pé Perebento” - Extrato Vlll

João José ,Especial para Opinião Pública

Thiago Mendes, sem saber me definiu!

Desde muito pequeno o arqueiro sentia que tinha um dom. “Você é especial, garoto”, alguns diziam. Quando criança já falava com anjos, ouvia vozes e sentia em seu coração que ainda iria fazer algo importante aqui na terra. Os adultos chamavam aquilo de “coisa de menino”. O arqueiro cresceu. Suas responsabilidades também. “Eu não sei mais falar a língua dos anjos”, ele dizia transtornado, depois que se tornou ocupado e perdeu as visões. Mas um dia, depois de anos, seu anjo voltou. “Não importa se não sabe mais falar a minha língua, eu sei falar a sua”, disse o guerreiro celestial lhe entregando um arco e algumas flechas. Não importa quanto tempo demore. Um dia o nosso anjo aparece e nos entrega algo: uma arma, uma mensagem, um aviso. E o que realmente vai valer é a maneira como receberemos suas bênçãos.

(Thiago Mendes, escritor)

As políticas de antigamente pareciam bem mais animadas, sadias e proveitosas, meu pai sempre estava lá como cabo eleitoral dirigindo veículos com muitas propagandas. Também herdei esta vocação macabra, assim como meu filho hoje Vereador; porém, como meu pai; éramos só explorados e mastigados, pois jogávamos nossa alma e recebíamos somente ingratidão e desprezo por parte daqueles que sempre ajudávamos a se eleger. Eram feias as brigas do PSD com o Arthur de Melo Teixeira e da UDN com Chico Veludo aliado ao PTB com o Dr. Jorge Furtado. O radialista Eurípedes Craide, já ensaiava seus primeiros passos, era nosso colega de juventude atuante e desbravador Dr. João Guido, irmão do vereador Bolão, também foi patrão do meu pai, em uma fase da política. Nesta época ouvíamos pelo rádio as estripulias do Tenório Cavalcante, e sua metralhadora “Lurdinha”,  como também sua Capa Preta, lá pelos lados da Baixada Fluminense, com o Carlos Lacerda jogando mendigos nos canais poluídos e gritando alto com seus opositores.

O Geraldo Formiga, dono de oficina mecânica e de um improvisado parque de diversões na rua Manoel Borges, onde eu e meu pai também trabalhamos, acabou se elegendo vereador, utilizando-se de promessas vãs e desconexas. Inclusive prometeu calçar nossa rua e nos proporcionar a administração de um bar e restaurante num posto de gasolina do interior. Logo depois de eleito desapareceu, escafedeu-se, e não mais nos recebia.  O candidato à deputado Federal Sebastião Paes de Almeida, inclusive nos visitou, mas só ficou nisto. Restam as saudades dos “santinhos”, “cédulas” e panfletos diversos. Meu Pai lembrava que como vereador o Geraldo Formiga, a única vez em plenário que pediu a palavra, sob o espanto dos outros “edis”, foi ao solicitar permissão ao Presidente da Mesa para fechar os “vitrôs”, que abertos, deixavam entrar um frio e intenso vento sul. Após-espanto, a gargalhada foi geral e a “gozação” comeu solta no plenário como um todo. O Arthur de Melo Teixeira, além de sua batida marchinha, sempre será lembrado pelo bordão: “Arthur furtou a rosa (Paulo Rosa), montado no Celso”. Celso Rodrigues da Cunha, irmão do Dr. José Humberto e Prefeito da cidade. Também saí candidato a vereador em Goiânia muitos anos depois. Mas não agüentei os custos. Porém assumi duas diretorias no estado, Metago e Femago, advindas de posicionamentos políticos herdados de um árduo trabalho comunitário e social.   Meu filho médico, Dr. João Henrique foi eleito Vereador em Socorro – SP, com 5% do eleitorado de um total de 25.000 eleitores!

Era de muito sucesso na época em Uberaba o boneco “Querosene” e a dupla “Toninho e Marieta”, imitantes do Tonico e Tinoco, especializados em “modas raízes”.  Como não poderia deixar de ser no esporte, o futebol com o “Beraba Sport”, do “Neném-Mamá” “Independente”, “Nacional” e campeonatos de várzeas, inter e extra bairro, foi quando defendi o infantil da verde Merceana do nosso técnico Margoso, que nos deu tantas alegrias, como também, tristezas nas derrotas, parodiando a realidade da vida. Nos campos do Diocesano nosso time de futebol, sempre eu estava a participar de torneios e campeonatos diversos animados por “claques” organizadas. A Merceana fez até viúva, que eu me lembro foi a dona Delfina que perdeu seu marido, vítima de infarto do miocardio quando o mesmo fervorosamente torcia em uma animada tarde de domingo, num clássico Merceana x Fabrício. Até com o “Beraba Sport”, a gloriosa Merceana disputou. Alem dos concursos de calouros da PRE-5, as tardes de domingo,traz-nos muitas boas recordações “A Crônica ao Meio Dia” do inesquecível Netinho, Ataliba Guarita Neto. Estudei com seu filho na UnB. A cantora Vanusa, filha do Luisinho, ex goleiro do “Beraba Sport”,despontava como caloura e futura cantora. Muito tempo depois, ela e seu filho fizeram sucesso a nível nacional. Circulava nos meios musicais da PRE-5 (Rádio Sociedade Triângulo Mineiro), nas suas matinês vespertinas dos domingos. Wanderley Cardoso e Roberto Carlos estavam à mil e davam o ar da sua graça em nossa cidade, bem como Wanderléa, Jerry Adriany, Erasmo Carlos, Martinha e outros. Wanderley até apanhou no Jockey Club, por criticar a juventude transviada Uberabense. Jair Rodrigues nosso vizinho de Igarapava (do outro lado do rio Grande) já em territorio paulista, começava a despintarem o nível nacional.

A Merceana foi fundada em 20/02/1943, em Uberaba-MG e substituiu com sucesso os times que reinavam no bairro das Mercês até então, tais como o ASA (Associação Esportiva de Amadores) e o Bangu. Nesse mesmo ano, 1943, disputou o primeiro campeonato oficial da recém criada Liga Uberabense de Futebol e, para surpresa geral, a Merceana foi a grande campeã. Naquele tempo a equipe treinava na Avenida da Saudade, tradicional via de acesso ao principal cemitério da cidade, puxada pelo capitão João, antigo jogador do Asas. Os grandes heróis daquela conquista foram Cabelo (que fazia gols espírituais), Brandão (um jogador de passes matemáticos), o calmo Miguel, o veloz Lógico e o grande capitão João  suas fortes cabeçadas que deu muitas alegrias ao vitorioso do futenom

(João José, geólogo, comendador do Araguaia, ex-professor da UFMG, articulista e cronista do DM, ex-diretor da Femago, Metago e assessor do governo do Estado e da Prefeitura de Goiânia)

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