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Feiras agropecuárias se adéquam à modernidade

Exposição agropecuária é um evento do agronegócio, em que apresenta como tema principal a exposição de animais e produtos agrícolas, geralmente em estandes ou galpões preparados para este fim. É assim que a enciclopédia Wikipédia define as feiras de negócios agropecuários, comuns em todo o mundo. Com a modernização do segmento agropecuário, que hoje compreende toda a cadeia produtiva e resulta no agronegócio, os expositores e os participantes exigem muito mais. Foram inseridas palestras de nível técnico, jurídico, econômico, ambiental, porque o setor agropecuário tomou o rumo da globalização e há os crescentes interesses e conseqüentes conflitos com o mercado consumidor e os organismos estatais.

Geralmente estas exposições acontecem uma vez por ano, e têm duração de três a 10 dias, contando com participação de grandes públicos, especialmente nos shows. Há mostras que demonstram interesse nas bilheterias e os shows sertanejos costumam atrair fortes contingentes de pessoas. Um ponto que merece também ser lembrado é presença de companhia de rodeios, com estrutura completa, com destaques aos peões de montaria em touro e cavalo. Geralmente se tem durante o evento um concurso para escolha da rainha e princesas da festa, embora esse atrativo esteja diminuindo. O conhecimento é o que cobra os produtores, sobretudo, as novidades das vitrines em termos de animais de alto pedigree genético, máquinas e equipamentos agrícolas.

Na condição de jornalista especializado tenho coberto inúmeras mostras agropecuárias por esse mundo afora. E nesse trabalho procuro mostrar ao leitor, em particular aos produtores, o que há de novidade no mundo do seu negócio, que é escolher a terra, plantar, dar os devidos e necessários tratos culturais, às vezes combater pragas e doenças, colher, armazenar, transportar, comercializar e até industrializar. No caminho, há a contratação de pessoal habilitado, a partir do peão que constitui peça importante. Compra ou manutenção de máquinas e equipamentos agrícolas, adubos, sistema de irrigação, eletrificação, entre outros. O produtor em geral toma dinheiro emprestado dos bancos para custeio ou investimento. É comum dispor de orientação de um técnico agrícola e o gestor é uma figura cada vez mais necessária.

Conforme terá que contar com orientação jurídica, porque há o cumprimento da legislação trabalhista, da previdência social e agora, mais que nunca, da ambiental. Quem pensa que é fácil está enganado. Por isso, é comum, atualmente, palestrantes nas feiras e exposições a abordagem desses temas, para que o produtor se sinta mais seguro e não quebre a cara.

Na Semana Verde Internacional de Berlim ou Grüne Woche, em alemão, o público encontra exposto as indústrias alimentícias, agrícolas e hortifrutigranjeiras. Simultaneamente, a feira é o ponto de origem para o fórum global para a comida e a agricultura, com mais de 65 departamentos. Produtores mundiais acorrem à Semana Verde de Berlim para testar o mercado alimentício e itens de luxo. E aproveitam para reforçar a imagem de sua marca. Observando a tendência do mercado, o fornecimento de alimentos locais tem o papel cada vez mais importante. Recursos renováveis, agricultura orgânica, desenvolvimento rural e jardinagem continuam a ganhar importância do evento europeu.

Em Buenos Aires, o Centro de Exposição Rural fica no bairro de Palermo, algo parecido com o setor Oeste, em Goiânia. A Sociedade Rural Argentina (SRA) expõe basicamente animais, desde gado, cavalos, ovinos e aves. A família procura bastante a exposição, um verdadeiro ponto de encontro e também de discussões políticas. O evento mostra a situação e realidade de um setor que historicamente teve muita força na estrutura institucional argentina. Comer um churrasco, acompanhado de vinho em La Rural, é apreciar o que existe de bom em termos de carnes.

No Rio Grande do Sul, a exposição de Esteio é algo à parte. O total de negócios fechados na edição do ano passado atingiu quase R$ 3 bilhões. Em Uberaba (MG), a Expozebu tem fama. Aliás, a 81ª Exposição Internacional do Gado Zebu tem início dia 3 de maio, encerrando-se no dia 10. A tradicional mostra é destinada à comercialização de animais das raças zebuínas, veículos, troncos, balanças, vestuário, sementes, insumos, maquinas agrícolas e implementos, móveis, leilões e shoppings. Em geral, os produtores deixam a Expozebu e se dirigem a Goiânia, onde realiza a sua exposição agropecuária, que ocorre logo após a da cidade mineira. No Parque Agropecuário Dr.Pedro Ludovico, a raça nelore predomina, mas há presença de gado gir, girolando, guzerá, tabapuã, tabanel, equinos, suínos, leilões e shows artísticos.

A 14ª edição da Tecnoshow Comigo 2015, em Rio Verde, atingiu R$ 1,1 bilhão em negócios e número recorde de visitantes: 104 mil pessoas durante os cinco dias. Maior feira de tecnologia rural do Centro-Oeste e posicionada entre as quatro maiores do país, a próxima edição já tem data marcada: de 11 a 15 de abril de 2016. Antonio Chavaglia, presidente da Comigo, cooperativa que organiza a feira, fez balanço positivo dos números. "Foi uma surpresa muito boa. Mais uma vez, mostramos tecnologia e os expositores e produtores acreditaram. O que existe de mais de moderno em máquinas, implementos, insumos e experimentos estavam aqui. Temos sempre de buscar mecanismos para melhorar a renda no campo", afirmou entusiasmado.

Em Ribeirão Preto (SP), a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, mais conhecida por Agrishow, mantém sua expressividade para o desenvolvimento tecnológico do agronegócio brasileiro. É uma vitrine de lançamentos para o setor e palco de tendências. A feira começou ontem e se estende até 1º de maio. Nesta edição são esperados 160 mil visitantes do Brasil e do exterior. Numa área de 440 mil metros quadrados serão feitos mais de 800 lançamentos de marcas. Poderão ser vistas nesse período agricultura de precisão, armazenagem, agricultura familiar, corretivos, fertilizantes, equipamentos de segurança, sementes, embalagens, software e hardware, aviões agrícolas, motores e veículos.

(Wandell Seixas, jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agropecuário pela Histradut, Tel Aviv, Israel, autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste e assessor de Imprensa da Emater)

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