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OPINIÃO

Teoria da evolução no plano espiritual

Partimos da premissa de que as crianças de hoje são espíritos eternos que reentraram na escala da evolução contínua desde tempos imemoriais. E que, para tanto, precisam do reforço da espiritualidade maior, somado ao seu esforço próprio. No seio da humanidade – diz o autor de “Educação do espírito”, Walter de Oliveira – “o espírito se vê em meio à vasta rede de estímulos, mobilizando sua vontade, levando-o a agir, a aprender e evoluir”.

Já que somos espíritos em evolução, é preciso investir no desenvolvimento de nossas potencialidades em busca do autoaperfeiçoamento. Cada espírito evolui na proporção do próprio esforço, ganhado a contribuição das inteligências superiores, que o assistem segundo a ordem universal da solidariedade cósmica. As experiências múltiplas em sentido transformacional levam o espírito a superar as limitações do meio até alcançar o plano de sua finalidade última.

Corpo espiritual. Em sentido evolutivo, o corpo espiritual passa, portanto, por estágios evolutivos tal como o corpo físico na sua escala ascencional. O perispírito como envólucro da alma, que se situa entre o corpo e o espírito, recebe sensações que transmite ao espírito e este, por sua vez, as emana ou se expressa por meio de fenômenos parapsicológicos. Em termos comparativos, o perispírito está para o espírito como memória de suas sucessivas vivências, assim como o subconsciente está para o ser humano como arquivo de seus impulsos e desejos acumulados.

Teoria da evolução. A teoria da educação concernente à evolução do espírito é de fundamental importância para a psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento humano. O ser humano deve ser visto na sua dimensão integral, dotado de corpo e alma, e não apenas como criatura mecânica capaz de receber e transmitir conhecimentos. Em nada adianta o homem instruir-se sem educar seu espírito, pois só espiritualmente alcançará o objetivo de seu autoaperfeiçoamento.

Antes de Darwin formular sua teoria evolucionista sobre a origem das espécies, já Lamarck afirmava a existência de duas forças revolucionárias, ou seja, tendência à progressão contínua dos seres vivos e necessidade de sua adaptação ao ambiente onde vivem, passando por sucessivas mudanças físicas.

Para Darwin, há uma seleção natural pela qual só sobrevivem as espécies mais fortes ou adaptáveis ao meio onde vivem. Na luta pela sobrevivência, as espécies em gerações sucessivas vão sofrendo transformações que resultam nas diferenças entre elas, fazendo surgir novas espécies, que por sua vez vão se transformando, sempre conforme o processo de adaptação. Os animais e as plantas se adaptam, portanto, ao meio ambiente onde sobrevivem como consequência de uma seleção natural.

Mudanças genéticas? Mendel, por sua vez, descobriu o princípio da herança genética, consistente dos genes que formam os cromossomos e estes se multiplicam em cópias da mesma formação genética. No entanto – esclarece o autor em foco – “a biologia moderna chegou à conclusão de que a informação genética flui em uma única direção: do ADN para fora, concluindo que os caracteres adquiridos não são hereditários, o que equivale a dizer que as mudanças ocorridas com o indivíduo durante sua vida, por influência do meio, não são transmitidas aos seus ascendentes através dos genes”.

Mutações aleatórias. Nas mudanças genéticas ocorrem mutações aleatórias? A própria raça humana teria surgido de uma mutação aleatória, ou seja, um erro de divisão na molécula do ADN? Rebate o autor: “A própria razão repugna um erro de divisão molecular, não aceitando uma mutação aleatória ao acaso, para explicar não só as mudanças nas espécies e a formação de espécies novas, como também toda a evolução biológica dos seres”. Deduz Walter de Oliveira que “um erro genético não conduziria ao progresso”.

A questão é muito complexa para ser esgotada neste resumo. Em sua lógica conclui o autor que “a doutrina espírita nos apresenta o caminho que os cientistas não puderam ver por faltar-lhes a chave da reencarnação”. Com relação ao progresso espiritual, deduz o autor: “O espírito evolui por esforço de si mesmo. E o esforço de cada espírito jamais se perde. Permanece como patrimônio indelével dele mesmo. Embora não transmitindo as mudanças físicas aos seus descendentes diretamente pelo genes, leva consigo, ao desencarnar, todo o seu patrimônio espiritual”.

Causa e efeito. Sintetizando o acima exposto, conforme o texto em foco, afirma o autor que Deus não comete erros e o acaso não existe: “Tudo está dentro das leis de causa e efeito. O que parece um erro de divisão do ADN, em verdade, advém do próprio espírito reencarnante que, através do perispírito, imprime no novo corpo suas conquistas, deixando-as impressas nas moléculas do ADN. A vida responde a esforço próprio do espírito que conserva todo o patrimônio conquistado”.

E quanto à intervenção dos espíritos superiores? Esclarece ainda, neste ponto, que não altera o conceito de que o espírito está construindo a si mesmo. E argumenta: “Assim como o valor da música não está apenas no instrumento, mas na habilidade do instrumentista, cada espírito deve habilitar-se, com o esforço próprio, para utilizar qualquer recurso de que venha ser beneficiar. O esforço próprio é indispensável à ascensão evolutiva”.

Estas, em linhas gerais, as reflexões extraídas do livro em referência, Educação do espírito, não dispensando, é claro, a releitura do interessado, visto que nosso objetivo imediato é mostrar a evolução no plano espiritual tendo por instrumento a educação. O próprio autor adverte: “O amigo leitor poderá se perguntar o que todo o progresso evolutivo tem a ver com a educação. Compreendendo a educação como o próprio processo de evolução, educar é auxiliar a evolução do espírito”.

Reencarnação e educação. Diz o texto em pauta: “De reencarnação em reencarnação, de experiência em experiência, o espírito vai conquistando sua própria bagagem interior. A criança que recebemos hoje é o espírito que retorna às lides da Terra para nova etapa evolutiva”. A conclusão é de que o espírito é fruto de seu próprio esforço evolutivo.

O corpo espiritual está em transição constante por dois mundos, material e espiritual. Nasce, vive e morre, para renascer e viver novamente, “em constante ciclo evolutivo, desenvolvendo gradativa e constantemente o patrimônio latente que possui por herança divina”. Citando Kardec, o autor arremata: “Nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a lei”.

Germe da perfeição. Diz-se que o espírito traz em si o germe da perfeição. “Cada espírito vem construindo a si mesmo através dos milênios vividos”. Não importa o lapso temporal, o espírito foi talhado para evoluir, mesmo passando por provações em reencarnações sucessivas, até alcançar a harmonia da paz celestial. No plano terreno, deve o espírito desenvolver suas faculdades latentes e alinhar-se na ordem das leis divinas para alcançar, pelo autoaperfeiçoamento, sua comunhão com Deus, já que “o reino de Deus está dentro de nós”, parodiando o mesmo Cristo.

(Emílio Vieira, professor universitário, advogado e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa)

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