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OPINIÃO

Tiroteio no cruzamento da Goiás com Avenida Anhanguera

André Junior Especial para  Opiniãopública

Estava ao lado da fonte, no cruzamento da Goiás com Avenida Anhanguera. Eram cerca de 10 horas da noite quando notei que um ônibus do eixo passava, e algum passageiro abriu a janela do ônibus e gritou: “Bandeirante frouxo.” Observei de onde viera o som daquele grito, porque olhei imediatamente na direção da janela do ônibus. Logo em seguida vi um enorme clarão, e um estrondo, pouco depois outro estrondo, senti também um cheiro forte de pólvora, percebi rapidamente que algo muito estranho estava acontecendo naquele momento. Olhei para o alto e vi o Bandeirante se reposicionando, recolocando a bateia na altura da cintura, e o Bacamarte na outra mão.
Inacreditável eu sei, mas fui testemunha ocular dos fatos! Pra quem possa porventura duvidar, que vá até a Praça do Bandeirante e veja as marcas no caule da munguba que fica defronte ao Banco Bradesco. A árvore ficou toda marcada pelo impacto dos chumbos.
Foi muito rápido, não mais que um minuto, acho que ninguém notou que aqueles disparos saíram da espingarda bacamarte do Bandeirante Bartolomeu Bueno. Sempre disse que se for pra desarmar a população, tem que, primeiro, desarmar o bandeirante.
Mais cedo ou mais tarde ele iria perder a paciência e usar aquela arma tão poderosa, por pouco não acontece uma tragédia imensurável na Praça Atílio Correia Lima. Imagino que ele contou até 10, por ter resolvido não dar mais tiros.
Depois do susto, tomei uma decisão séria. Cheguei à conclusão que devia ir pescar, juntei minha tralha, poucos itens – barraca, saco de dormir, umas poucas panelas, fiz umas comprinhas miúdas, quando notei estava tudo arrumado, a tralha estava pronta.
Cheguei às margens do rio Corumbá ainda cedo, era pouco mais de cinco horas da tarde, montei acampamento. Logo vi que não estava sozinho naquele rio. Do outro lado da margem havia uma barraca e um fogão improvisado, feito de pedras, o fogo estava baixo, mas não notei se havia alguém por perto.
Ajustei minhas varas, selecionei as iscas, e já deixei tudo preparado, pois gosto de pescar no cair da noite, e só desisto depois da meia-noite, preguiça pra pescar, passou bem distante de mim. A noite caiu rapidamente, animado e com muita expectativa, esperando os peixes grandes. Os baitas são ativos À noite, minhas chances são grandes, posso fisgar um belo peixe.
Quando olhei do outro lado do rio pra direção da barraca que havia avistado durante o dia, notei que tinham pessoas por lá, havia uma luz brilhante na direção da barraca. Mas nesse rio há bastante peixe, não me preocupava outros pescadores.
Preparei minha isca, peguei o caniço e fiz um belo lançamento, embora estivesse muito escuro, senti que o arremesso tinha sido bem feito, fiquei aguardando o primeiro peixe vir beliscar minha isca. Não demorou quase nada e senti um toque na linha, e não titubeei, fisguei. Em seguida, comecei a recolher a linha, imaginando já o tamanho do danado do peixe. Estava ficando cada vez mais pesado pra recolher. Notei que a luz do outro lado do rio havia desaparecido. Só foi eu fisgar o primeiro peixe, fez com que os outros pescadores desistissem? Deixei pra lá, continuei recolhendo a linha e meu peixe, melhor preocupar só com minha pescaria.
Quando o anzol chegou ao barranco, uma surpresa, o que tinha fisgado não era peixe, e sim um lampião. Então percebi que havia fisgado o lampião dos pescadores que estavam do outro lado do rio.
Mas o que me chamou a atenção foi que o lampião, embora tenha atravessado toda extensão do rio, uns 100 metros, ainda permanecia aceso, fiquei abismado com o acontecido.
Quando retornei a Goiânia, levei o lampião e dei ao Bandeirante Bartolomeu Bueno. Sei que ele está precisando. Os vândalos estão aproveitando a noite para depredarem monumentos. Ele estará de olho em todos a partir de agora.
Sei que é difícil acreditar nessa história, mas é verdade. Quem ainda tiver dúvidas sobre a veracidade dos acontecimentos é só ir ao centro da cidade, até a Praça Atílio Correia Lima, e observar no bandeirante. Notará que dentro da bateia do bandeirante há um lampião. Se tiver um pouquinho de coragem, dê um grito, “Bandeirante Frouxo”. Mas tome cuidado. Ele está armado com espada, uma espingarda Bacamarte e um lampião pra iluminar e facilitar a mira, e não deixar que erre o tiro outra vez.#.

(André Junior – membro UBE – União Brasileira de Escritores – Goiás – [email protected])

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