Home / Opinião

OPINIÃO

Ferroviário e maçom: Rômulo Rocha, um bom cidadão

Ser cidadão significa envolver-se na vida comunitária e de suas instituições. O melhor cidadão é aquele que pode ser útil aos seus semelhantes. Neste artigo falo de Rômulo Rocha, nascido na cidade de Pires do Rio, Goiás, em 3 de outubro de 1937, filho de Nazareno Rocha e Cecília Nogueira Rocha. Seu pai dedicou sua vida a profissão de ferroviário, nomeado que foi em 1922, como praticante de telégrafo, por ato do presidente Getúlio Vargas.

Rômulo Rocha seguiu os passos do seu progenitor na Estrada de Ferro Goiás, admitido em 1951 em Urutaí, como aprendiz de telégrafo, permanecendo em atividade intensa 32 anos, dois meses e vinte oito dias. Como chefe passou profissionalmente pelas estações goianas de Urutaí, Ipameri, Pires do Rio, Vianópolis e Leopoldo de Bulhões. Em empresas particulares prestou serviços por mais 28 anos, após aposentar-se com pequeno vencimento, para completar a necessidade de subsistência.

Teve dois objetivos na vida, muito bem alcançados. Ser bom e responsável ferroviário e maçom identificado com causas sociais e beneficentes, como apoio e encaminhamento de pessoas a instituições de saude e especialmente na busca vitoriosa de centenas de doadores de sangue, para aqueles que necessitavam.

Constantemente usa com altivez, patriotismo e orgulho um boné com as cores do Exército, nele encravado um boton do Brasão da República, presenteado que lhe foi pelo General Rossi, comandante do Batalhão Mauá, em homenagem na cidade de Araguari, Minas Gerais.

Lembra de vários acontecimentos como ferroviário. Um deles marcante em sua memória, ocorrido em 1961, na estação de Leopoldo de Bulhões, quando em uma manobra, o trem que comportava 14 vagões, nele foram colocados 15. O último se desprendeu das rodas e entrou com o caixote em sua casa, pois residia na estação. O muro foi derrubado e o vagão parou encostado nas camas dos seus filhos. O maquinista foi suspenso por 30 dias. Naquele momento, como cristão evangélico, desde 1956, hoje integrante da Igreja Luz Para os Povos, de joelhos agradeceu a Deus e sentiu que a sua missão seria longa.

Tem em seu pai, Nazareno Rocha, o seu guia orientador, que sempre lhe dizia para nunca aceitar proposta desonesta, que marcasse a sua vida com humildade e boa prestação de serviços e que não fosse portador de nenhum vício, especialmente, bebida alcóolica e cigarro. Seu pai aposentou-se em 1958 e faleceu em 1970.

Tem muito orgulho de, embora com parcos vencimentos, ao lado de sua querida Elza Guimarães Rocha, com quem se casou em 1956, ela natural de Nova Aurora, Goiás, ter encaminhado bem na vida, seus três filhos. Ronaldo, representante comercial em Rondônia, Eurli, advogada atuante na Junta Comercial do Estado de Goiás e Elizete, médica radiologista e proprietária de uma clínica na cidade de Presidente Prudente, São Paulo, casada com um colega de profissão e já formando uma filha na mesma área. Rômulo Rocha tem 6 netos.

Na maçonaria iniciou em 31 de março de 1962, na Loja “União e Concórdia”, de Urutaí, a completar 80 anos de fundação no próximo dia 11 de julho. Loja que seu pai foi fundador e primeiro venerável em 1935. Atualmente integra o quadro da Loja “Ordem e Progresso”, de Goiânia. Foi agraciado com títulos de membro honorário de 20 Lojas, do Grande Oriente do Estado de Goiás e da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás, identificado como o maior frequentador de sessões maçônicas goianas. Chegou a alcançar 302 frequências em um só ano e três presenças em um só dia. Deputado Estadual, cumpre o sétimo mandato, totalizando 28 anos no Poder Legislativo Estadual Maçônico.

Homenageado com a Comenda da Polícia Militar, Medalha Pedro Ludovico Teixeira e Comenda D Pedro I, esta a maior condecoração que um maçom do Grande Oriente do Brasil pode receber, por ter completado 50 anos de atividade ininterrupta. Rômulo Rocha é muito querido, conhecido em toda maçonaria goiana e fora dela, sem dúvida nenhuma um símbolo de dedicação e comprometimento.

Recorda que enquanto morador da estação ferroviária de Silvânia, à época, distante 6 quilômetros da cidade, ora de bicicleta, ora a pé, não faltava às sessões da Loja “Luz do Oriente”, da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás, apoiando-a em seus primeiros anos. Sofreu alguns acidentes em sua caminhada maçônica, inclusive, um de grandes proporções, em que seu veículo teve perca total e ele nada sofreu. Ultimamente teve dois infartos, colocou vários stents, mas continua circulando com bom desempenho, presente nas solenidades maçônicas, sempre evidenciando a sua marca de declamador, saudando a Bandeira do Brasil.

Diz com emoção que não é solitário, mas às vezes a tristeza lhe abate, sobretudo, após a ausência física de sua esposa Elza Guimarães Rocha, conhecida por todos como “Bela”. Este vazio não seria preenchido, não fosse a maçonaria, que tem significado mais importante em sua existência e que Rômulo revela de público nas centenas de vezes em que sauda a Bandeira Nacional.

“Que me tirem a vida, mas não me tirem da maçonaria!”

(Barbosa Nunes, advogado, ex-radialista, membro da AGI, delegado de polícia aposentado, professor e maçom do Grande Oriente do Brasil)

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias