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OPINIÃO

Uma análise sistemática sobre ciúme patológico e suas consequências nos relacionamentos – parte II

Em nosso texto anterior falávamos dos sete tipos de ciumentos e suas características mais evidentes mescladas à personalidade.

Quarto: Ciumento autopunitivo - é o ciumento que se sente infeliz por amar, julgando não ser amado. Inflige-se a própria tortura da desconfiança e se pune se afastando de quem diz gostar. Dispõe-se a desaparecer se for preciso. Deixa de comer e tenta o suicídio de maneira que não morra. Cria todas as facilidades para que o outro o traia, para dizer: "a culpa é sua", criando uma armadilha para o outro. Chega ao absurdo de apresentar pessoas para o outro a fim de que seja traído. Testa a si mesma para autopunir-se. É um grande candidato a doenças como: enxaqueca, aumento colesterol, dores de cabeça crônica, manchas na pele, problemas renais graves, câncer de mama, etc..

Quinto: Ciumento vingativo - este é da época de Moisés: "- Olho por olho, dente por dente". Pensa: "Me traiu... me aguarde". Se se sente abandonado, restitui o sofrimento que se julga vítima, compete com o par e imagina represálias para punir a quem julga amar. A frase para este ciumento: "Aqui jaz o cadáver do amor".

Sexto: Ciumento oculto - é aquele que fala o tempo todo que não tem ciúme, que sua vida não depende de ninguém. Não se permite de maneira alguma ser feliz, tem tudo para ser feliz; mas precisa ocultar sua felicidade para continuar alimentando seu ciúme patológico “oculto”. Está sempre procurando alguma “ocupação fora” para não ficar consigo mesma. É uma pessoa de poucos amigos; mas ao mesmo tempo sempre tem muita gente lhe rondando pela sua manipulação e até por usar seu potencial financeiro para ter amigos. Vive reclamando que não tem tempo e que todos dependem dela, ocultando a sua necessidade de ser necessitado. Pois sem a necessidade dos outros ela simplesmente não existe, por isso é manipuladora e sabe fazer isso com precisão.

Sétimo: Ciumento misto - o que é ainda mais triste, muitos ciumentos mesclam estes seis tipos acima citado, ora é um ora é outro, quando não todos ao mesmo tempo. É na verdade um ciumento crônico e precisa da infelicidade para manter-se no “comando” e, não raro, é um escravo do mundo das trevas.

O ciúme pode se transformar em patológico se apresenta aspectos destrutivos no modo do indivíduo se relacionar. O Amor pré-estabelece confiança e desejo de união.

A lei de causa e efeito rege os sóis, as estrelas, os planetas, os seres vivos e tudo mais. O ciumento torna-se ao mesmo tempo causa e efeito de si mesmo. Mas está sempre a culpar o outro pelo seu fracasso afetivo e emocional. O ciúme é uma reação (efeito) a frustração produzida pelo orgulho mal elaborado, mal vivido.

É na maioria das vezes uma pessoa caridosa e dotada de grandes qualidades, porém, se deixa levar pelas fantasias do ego que a aprisiona na dor e no sofrimento. Torna-se comumente uma escrava de seu próprio ego. Toda caridade tem de ser vista pelos outros, pois precisa da aprovação alheia para continuar sua luta a favor da infelicidade. É possuidora de uma “alegria triste”, por estar sempre rindo por fora e chorando por dentro.

O ciúme é o reflexo da frustração de não conseguir amar como se deseja. É uma forma egoística e narcísea de encarar a relação de amor. Ciúme não é amor exagerado, é amor mal compreendido, mal canalizado, mal resolvido. Ciúme é amor doente. Ciúme é o amor as avessas.

O objeto do amor não é o outro, é algo que ele acha que é o outro.

O ciúme está envolvido com as nossas encarnações passadas e talvez seja uma perda muito grande que tivemos e por não querer perder de novo, vivemos inseguros achando que perderemos de novo assim como no passado. É como se fosse uma autodefesa, uma tentativa de bloqueio a perdas futuras.

Talvez seja até alguma pessoa muito querida nossa que fugiu ou partiu com outro e por isso reencarnamos inseguros de tudo e de todos. Pode ser o caso de que estes ciumentos incontroláveis possam ter sido suicidas que para não ficarem sozinhos e abandonados se suicidaram e agora tem que passar por tudo de novo para mostrar que estão recuperados.

O ciúme com certeza tem a ver com encarnações passadas e com grandes perdas e muita mágoa, porque hoje vemos que os ciumentos incontroláveis sofrem muito com uma simples 'possibilidade' de perda, mesmo que seja coisa de sua mente, eles sofrem com essa situação, os ciumentos não agem assim por prazer por querer dominar, é uma coisa muito forte e para eles é uma atitude muito correta e justa.

Lembrando que existe o ciumento movido pelo egoísmo, que não tem só ciúmes de pessoas, mas de objetos também e de tudo que outras pessoas possam vir a ter também. Ciumento invejoso. E tem os ciumentos que só sentem isso por determinada pessoa, como se fosse uma obsessão, onde para esta pessoa só existe uma coisa importante neste mundo, a pessoa que eles tanto “amam”, outra pessoa não ser ou tem aquela ou fica sozinha num canto maldizendo sua sorte no amor.

O tratamento a base de remédios pode ajudar mas não de forma completa, já que é uma deficiência do espírito. Com isso a pessoa para tentar amenizar a situação, deve primeiro se reconhecer como uma pessoa ciumenta e a partir daí, buscar uma ajuda psicológica, onde algum profissional desta área possa junto com o ciumento tentar achar um ponto de equilíbrio.

Devemos lembrar que a expressão de que o ciúme é o tempero do amor nada tem de correto. Erradamente foi criada esta afirmação, ao meu modo de ver o ciúme não tem nada a ver com tempero nenhum, talvez seja o tempero da discórdia, das brigas, da infelicidade, da solidão, etc. Infelizmente as pessoas acham que quando demonstram ciúmes a pessoa amada fica feliz e se sente assim mais importante paro o outro. Acham erradamente que quem tem ciúmes do outro é porque ama, só que este ciúme que faz tão bem no início pode vir a ser um empecilho ao prosseguimento da felicidade.

O ciúme pode e deve também ser visto como uma obsessão, onde a falta de controle e certas atitudes exclusivas para com determinadas pessoas. Agora levando num outro sentido a palavra obsessão, no sentido espiritual, acho que a obsessão pode ser apenas um aliado para alimentar o ciúme, como um combustível, que só queima se a máquina o processar, ou seja, a obsessão pode sim estar por de trás de um ataque de ciúmes, mas na verdade é preciso muitas coisas acontecerem antes para que um obsessor venha a nos incomodar e nos incentivar no ciúme. Lutar contra o ciúme é o caminho para evitar este tipo de assédio. O ciumento é um obsessor de quem julga amar.

Ao nos analisarmos, tentando uma autolibertação, e nos deparamos com ciúmes nos parece um desafio para vencermos o orgulho e nossa insegurança, ai estamos no caminho certo; mas não vá sair voando pela janela, como uma borboleta. Autolibertação é movimento para dentro. Gostaria de citar um pensamento interessante de Jung: "Quem olha para fora, sonha, quem olha para dentro, desperta". O ciúme é um sentimento escravizador, torturante, porque não existe ciúme no indiferente, no insensível. Mas o amor exige mais, exige desapego, entrega, e não estamos falando de amor carnal. Estamos falando de afeto. Somente que se libertou de si mesmo pode compreender e viver o amor em sua plenitude.

(José Geraldo Rabelo, psicólogo holístico, psicoterapeuta espiritualista, parapsicólogo, filósofo clínico, especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo, escritor e palestrante. E-mails: [email protected] e/[email protected])

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