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OPINIÃO

A extensão rural tem papel positivo em Goiás

A história da extensão rural é pródiga em pessoas que contribuíram para o desenvolvimento socioeconômico do campo, desbravaram sertões e tornaram Goiás mais rico. Incrível. História recente. De poucos anos. Aliás, Goiânia, a capital fundada por Pedro Ludovico, é bastante jovem ainda. Goiânia deu coragem para Juscelino criar Brasília no peito e na raça. Em menos de cinco anos. Siqueira Campos na poeira criou o Estado do Tocantins e fundou Palmas, a capital da nova unidade desmembrada de Goiás. Se os Bandeirantes acorreram a estas terras em busca do ouro e das esmeraldas, nas patas das mulas e dos cavalos, os bois buscaram nos confins do Planalto Central a formação dos primeiros rebanhos curraleiros.

Na sequência da colonização goiana e o surgimento das cidades, a extensão rural aportou no Estado através da Acar. Despontaram os novos bandeirantes no segmento. Homens como a postura audaciosa de Vicente Benjamim de Albuquerque, Valdez Ayres Vasconcelos e Josias Luiz Guimarães. A Associação de Crédito e Assistência Rural não demorou muito e logo se transformou na Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural). Era a confirmação da necessidade de crescimento da extensão e da assistência técnica. Atualmente, é comum a sociedade pedir a participação de mais técnicos no meio rural. Afinal, as novas fronteiras agrícolas no Estado se ampliam no horizonte. Se é solicitada maior presença da instituição, naturalmente é porque o trabalho da Emater corresponde às necessidades básicas.

Ora, nos idos de 50 pouco ou nada havia nesse campo. A própria Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater) atingia a somente 10% dos municípios no Brasil. A partir de 80, a extensão rural alcançava a 77,7%. O Crédito Agrícola tornou-se um dos motores dos novos avanços.

O trabalho de Goiás despontava no cenário nacional. Vicente Benjamim de Albuquerque foi guindado ao cargo de diretor Embrater, com sede em Brasília. Josias Luiz Guimarães ocupou a Superintendência Nacional da Pesca. Valdez Ayres Vasconcelos presidiu a Ruraltins, com o advento do Tocantins.

Em Goiás, o trabalho prosseguiu com homens da estirpe de César Michue, Helvécio Magalhães, Gabriel Queiroga, Teodolino Teixeira, Carlos César Queiroz, Juscelino Borges Carneiro, Armantino Alves Pereira, Pedro Português, José Benjamin de Souza, Airton Batista de Andrade, Cassimiro Vaz da Costa, Ireni Gomes, Jairton de Almeida Diniz, Clidenor Bezerra, Maria Abadia Rosa, Jesus Xavier Ferro, Júlio César Morais, Francisco Cabral Neto, Dorivan Nascimento Cruz, Elen Maria Pacheco, Antônio Sacramento, Luiz César Gandolfi, Joana d’Arc Godoy, Olympio Moreira, Evaristo Pedro Caetano, Lino Francisco de Sá, Gercy da Costa, Leo Lince, Edinon de Araújo, entre tantos outros, porque é difícil uma relação completa. E, sem dúvida, outros valores fazem-se presentes com um trabalho anônimo na instituição.

A integração lavoura – pecuária tem o dedo do extensionista e do pesquisador. A preservação ambiental está nesse contexto. Os sistemas cooperativista, sindical e associativista muito devem a essa política posta em prática a partir da Acar e depois da Emater. A extensão fez nascer no Estado polos frutícolas como da melancia, em Uruana; melão e abacaxi, em Jaraguá, tomate salada em Goianápolis. Os alimentos orgânicos compõem esse rol e formam importantes nichos de mercado, com tendência ao crescimento contínuo.

As micro bacias advêm desse trabalho e hoje os rios e córregos fluem melhor, contribuindo para irrigar as lavouras sem prejuízos ambientais. Na saúde, na higiene, no trabalho manual, na agregação de valor à produção da matéria prima a Extensão é pródiga. A integração da mulher rural é outro capítulo à parte. É o aspecto da cidadania e em consequência uma mulher mais participativa, que também promove a melhoria de renda e melhor bem-estar da sua família. A segurança no campo e, em particular em suas unidades de pesquisas, é reclamada pelos produtores e a diretoria da Emater se empenha nesse sentido, embora reconheça a complexidade devido à migração do crime para o meio rural.

José Geraldo da Silva é uma das referencias na difusão de tecnologias. O município de Orizona em julho de 1977 produzia cinco mil litros de leite por dia. Em 2009, a produção ascendia a 200 mil litros diários. O segredo para essa fantástica mudança é atribuída ao trabalho corpo a corpo que só o extensionista sabe fazer. Exige paciência. Em 78, Zé Geraldo iniciou um trabalho em Orizona com 16 produtores de leite para a difusão do uso da silagem de milho. Em 84 foram feitos mutirões da ensilagem. A incredulidade persistia. Hoje, são mais de 1.500 produtores de leite cadastrados e 99% utilizam silagem. O município passou inclusive a contar com uma cooperativa voltada para a coleta e industrialização do leite.

Como se vê, a Emater é uma marca presente no Brasil. Seus efeitos multiplicadores contribuem para um Estado melhor. O extensionista faz o seu trabalho edificante, idealista, assim como as abelhas que constroem os favos de mel e os consumidores se deleitam com um produto de qualidade.

(Wandell Seixas é jornalista voltado para a agropecuária, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agropecuário pela Histradut, em Tel Aviv, Israel, autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste, e assessor de Imprensa da Emater)

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