Homem. Mulher. Seres opostos. Nós, machos, somos a prosa. Elas, a poesia. Somos metonímia. Elas, metáfora. Gostamos de Godard. Elas preferem Fellini. Eterno conflito, como escreveu Millôr Fernandes.
Nós sentamos em frente à TV as quartas para assistir futebol. Gritamos para o televisor. Elas comovem-se com o final de um filme. E choraram facilmente. Fomos racionais. Elas sentimentais. Uma dama quando ama, ama; sem medir forças. Nós, muitas vezes, fugimos do compromisso do amor. Falamos umas palavras confortáveis eventualmente.
– Eu te amo, não consigo imaginar minha vida sem você - disse-me uma garota.
As mãos começam a suar. O rosto ficara avermelhado. A voz trêmula e insegura:
– Também, querida - respondo.
– Acho que deveríamos morar juntos - sugeriu.
Pensativo, falei:
– Será?
– Com certeza - emendou.
– Mas precisamos de liberdade -afirmei.
– Minha liberdade encontro em você.
– eu sei, mas...
– Marcus, se você não quer, avisa!
– Não é isso...
– Então o que é?!
– Amor, deixe eu explicar...
– Tem outra, né!
É assim: complicamo-nos com um simples diálogo.
Agora, enquanto escrevo esta crônica barata, lembro-me de uma canção de Caetano Veloso. Ele diz que o bom de ser mulher é “ter orgasmos múltiplos”. Confesso que refleti. E constatei: a mulher é a beleza da vida.
Ultimamente ando com vontade de apreciá-las.
Outro dia estava no coletivo – na hora do almoço. Havia um cara em minha frente. Ele estava conversando com uma garota. O papo aparentava ser interessante, mas, de repente, ele desistira. Fiquei imaginando: “O que deve ter acontecido para ele deixá-la ali, sozinha?” Depois, descobri: era o tal do whatsapp.
Hoje todos caminham pelas ruas com os celulares nas mãos. Conversam pouco e já saem com os números das mulheres anotados nos aparelhos. As pessoas estão conectadas umas as outras. Porém, aquela conversa de boteco, saudável e tradicional; está sendo deixada de lado. As pessoas se falam pelas ferramentas tecnológicas.
Se antes a humanidade tinha maços de cigarros nos bolsos, hoje há esses aparelhos assustadores, que fazem tudo.
A comunicação toda, neste século XXI, dá-se pela tela. Nos relacionamentos, não podia ser diferente. Como o sujeito que citei nesta crônica há vários. Na internet, eles estão aos montes. Alcunhei-os, ironicamente, de “geração XVIDEOS”.
Prefiro a conversa cara a cara, com ambas as partes se estudando e se avaliando. Prefiro seios naturais a artificiais. Prefiro bundas alegres e vivas as transformadas e metamorfoseadas. Prefiro as mulheres. Amo-as, assim, como são.
A sedução, o jogo, a lábia aonde pararam?
(Marcus Vinícius Beck, estudante de Jornalismo e eventualmente cronista do DM)