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OPINIÃO

Por que não foi feito no ano da eleição?

Segundo a imprensa noticiou, o Tribunal de Justiça reconheceu legalidade à decisão do governo estadual de parcelar o pagamento do salário e dos proventos de aposentadoria do servidor público. Não há, realmente, como questionar a decisão governamental sob tal aspecto. Questionável, no entanto, é a conduta administrativa responsável por essa evidência, se não de descalabro, no mínimo de descontrole financeiro e de ocultação da realidade no ano de eleição, notadamente a de governador.

Pois foi somente neste ano, depois das eleições, que se confessou a lastimabilidade das finanças goianas. Por que no ano eleitoral não se fez a tão proclamada reforma administrativa levada a efeito neste 2015 pelo governo do Estado? Segundo este, foram suprimidas doze Secretarias de Estado, executado o corte de grande número de despesas, cortados 5.000 cargos comissionados e outras medidas restritivas.

Cargo comissionado é um dos instrumentos mais utilizados pelos que detêm o poder no objetivo de conquistar votos. Sei de um caso em que um candidato se viu eleito deputado estadual graças à obtenção e à utilização de 200 cargos comissionados. Lembro-me também, a propósito, que o sr. Fernando Collor de Mello, logo após eleito presidente da República, declarou que “um dos grandes males da política brasileira é existência descontrolada de cargos comissionados”. Só que, após eleito, não tocou no problema. Lembro-me também, a propósito, que o presidente Lula, logo em seguida a sua primeira eleição, tratou de criar de uma só vez nada menos que 40 mil cargos comissionados, com a finalidade de distribuí-los aos seus corregiolionários, o que fez sem que ninguém na época, sobretudo da mídia, denunciasse essa politicagem.

É possível que se o governo de Goiás houvesse acabado de uma só vez com 5 mil cargos comissionados no ano eleitoral não tivesse ocorrido a reeleição...

A precariedade das finanças goianas no ano passado (2014, ano eleitoral) era tal que o governo Dilma, por intermédio do Banco do Brasil e do BNDES, salvou o governo goiano, emprestando-lhe nada menos que 10 bilhões de reais, o que permitiu a exibição de muitas obras públicas, entre estas pavimentações e duplicações de rodovias. Principalmente as ligações de Goiânia a Bela Vista e as que dão acesso a Caldas Novas. Deu-se também início ao Hugo II e mais dois ou três estabelecimentos hospitalares, bem como o grande Centro de Convenções de Anápolis, a margem da BR-153. Por isso quando a presidente veio a Goiânia o governo do Estado se associou às homenagens prestadas a ela.

Justiça se faça. Não é somente o Estado de Goiás que de algum tempo para cá passou a oferecer um quadro financeiro negativo. O Paraná está na lona, com seu governador muito mal situado perante a opinião pública. Mato Grosso está mal, assim como Pará, o Ceará e outras unidades federativas nordestinas. Até São Paulo tem enfrentado dificuldades, por incrível que pareça.

Mas uma verdade é inconteste: se as Secretarias de Estado, alguns órgãos administrativos, os 5 mil cargos comissionados, o parcelamento dos salários e das aposentadorias houvessem acontecido no ano passado, o panorama político de Goiás seria hoje bem diferente.

(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores,  advogado, jornalista e escreve neste jornal às quartas & sextas-feiras - E-mail: [email protected])

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