Home / Opinião

OPINIÃO

1943 – Marco migratório da Família Barbosa em Goiás e Tocantins

O ano de 1943 assinala o início da migração da Família Barbosa para o Estado de Goiás, hoje Tocantins.

Devido a perseguições políticas de que meu avô paterno havia sido vítima, Francisco Barbosa de Araújo decidiu mudar-se para bem longe da terra natal.

Para melhor situar-se, no espaço, chamou um de seus filhos varões, o mais jovens, Joaquim, e, com ele, a cavalo, rumaram à parte oeste da Bahia, região de São Raimundo Nonato. A região, ali, era (e ainda é), algo inóspito, por carência de água natural e água da chuva.

Decidiram, assim tornar à origem, Bom Jesus do Gurgueia, região provida de muita água, notadamente porque banhada pelo Rio Gurgueia, afluente da margem direita do Rio Parnaíba, e dotado de uma rede de afluentes, dentre os quais o Rio Poti.

De volta a Bom Jesus, meu avô Francisco Barbosa reuniu a família, constituída de 14 filhos, noras, genros, e uma dúzia de agregados, e decidiu, peremptoriamente: A Bahia não me agrada. E o Piauí não me serve mais. Aqui, não há Justiça, e os homens que imaginei fossem meus amigos, - falharam, redondamente. Aqui, não me sinto seguro. Pois,   aqui,  não há Justiça. Os chefes políticos, notadamente  os  ligados aos sobas,  apadrinhados dos seguidores   de Mussolini e seus apaniguados, não tinham nenhuma sensibilidade jurídica.

Então, decidiu, meu avô Francisco, reunir todo o seu clã, e partir rumo ao El-Dorado de então, o norte de Goiás, pródigo em garimpos de cristal, e tantas riquezas outras.

Em aqui chegando, meu avô foi a Porto Nacional, consultar-se com o doutor Francisco Ayres, o médico mais famoso da região.

Mas de pouco lhe valeram os cuidados daquele notável esculápio. Meu avô sofria de doença de Chagas, com incidência mais acentuada no coração. Não resistiu, e foi sepultado, ali mesmo, em Porto Nacional. Mais tarde, quando pretendi fazer o translado de seus restos mortais para o “Cemitério São Miguel”, em Anápolis, onde estão sepultados minha avó, sua esposa Evegista Barbosa da Silva, tive a infausta informação de que, na gestão de um prefeito celerado,  o Cemitério de Porto Nacional fora arrastado na lâmina de um trator, e, em seu lugar, foram derramados metros e metros cúbicos de cascalho.

Assim, a pouco e pouco, os integrantes da Família Barbosas foram se espalhando por todo o Estado de Goiás.

Nélson, foi morar em Corumbá de Goiás; Manoel e Joaquim, em Rio Verde, Gentil foi morar com um parente, em Jaboatão dos Guararapes, nas cercanias do Recife/PE. Sátiro, que havia ficado em Bom Jesus/PI, só mais tarde seguiria as pegadas de seus pais, meus avós; Maria Rosa (Rosita), que morava com Tio Nélson,  tão logo o presidente Juscelino construiu a nova Capital, mudou-se para Brasília-DF, e foi trabalhar, ali, mediante concurso, na sede da Polícia Federal.

Dispersos, urgia um movimento centrípeto para, novamente, reunir as gerações que se formaram, a partir dos Anos Vinte, do Século XX. Competia, pois, às novas gerações providenciar para que esse conglomerado disperso voltasse a se reunir e a se integrar.

Essa providência coube, espontaneamente, à filhas caçula de meu avô Francisco: Maria Rosa, agora aposentada da Polícia Federal, Daí por que, como colaboração de minha parte, ofereci o Salão de Eventos do Palácio Mário Behring, que eu represento e administro, situado no alto do Setor Jaó, em Goiânia – Go, a fim de que se fizesse uma primeira reunião, visando a reunir, num almoço, os integrantes  dos remanescentes da Família Barbosa. E assim se fez, com pleno êxito.

Daí por que, animados com aquela confraternização exitosa, Maria Rosa (Rosita), com o auxílio de Wanda, sua sobrinha e minha prima, decidiu fazer uma confraternização mais ampla: Três dias de reuniões numa chácara, nas cercanias de Anápolis, com ótimas belas instalações, um hotel com piscina, churrascaria, etc. Onde os convivas que vieram de várias partes do País, do Piauí, do Rio de Janeiro, de várias partes de Goiás, reunido mais de cem pessoas, onde, durante três dias, os pares (alguns sequer se conheciam), a fim de recordar o passado distante, fazer novos conhecimentos, e lançar as bases de uma convivência duradoura, cultivando  as raízes e fortalecendo as tradições de uma família que insiste em se afirmar, onde quer que estejam seus descendentes. Sem perder sua referência.

E deixando o exemplo para o futuro.

(Licínio Barbosa, advogado criminalista, professor emérito da UFG, professor titular da PUC-Goiás, membro titular do IAB-Instituto dos Advogados Brasileiros-Rio/RJ e do IHGG-Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, membro efetivo da Academia Goiana de Letras, Cadeira 35 -  E-mail [email protected])

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias