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De volta à natureza, pequizeiros em floração!

Generosidade tamanha, essa de nossa mãe natureza, o pequizeiro, como a carnaúba, com o advento do biodiesel, se aproveita tudo, pois, além do fruto saboroso, prato inusitado da culinária goiana, agrega-se, agora, o patê, conservas, e, com a crise energética, sua castanha oleosa, matéria prima excelente, para o biodiesel em uso corrente, nos veículos de cargas, passageiros, como ônibus e, mesmo, carros de passeios maiores, como peruas, camionetas. Da árvore, lenho, madeira de excelente qualidade, para cercas, na divisão de pastagens, construções rurais, móveis, pois é leve e branca como marfim.

Este ano, na região norte do estado, o pequizeiro está florindo, mais tardiamente, só agora, sua floração intensificou, a demora levou-me a pensar em outro ano sáfaro de produção, o que não constitui novidade, pois, isto acontece, periodicamente: ano de abundância, alternado com outro de escassez. Nuances da generosa mãe natureza, nunca poderá ser tão pontual, como o relógio mecânico feito pelo ser humano. Entretanto, a causa, demora, deste ano creio, está associada às chuvas. Em 2014, elas pararam de chofre, em meados de abril, este ano, elas avançaram, de maneira benquista, até meados de maio, o que foi bom, tanto para as lavouras da chamada safrinha, como para a pecuária, quanto mais, para a leiteira, as pastagens conservaram verdes mais tempo.

Voltando ao pequizeiro, no curral de minha propriedade, há três, me considero um ambientalista por vocação, minhas pastagens são sombreadas, nelas vicejam, principalmente, frutíferas, onde aves e outros bichos podem alimentar-se, a própria pastagem, racionalmente consorciada, resiste mais ao sol causticante, conserva maior valor, em proteínas, minerais e, mesmo, vitaminas. Os três estão em floração, flores brancas cor da paz, harmonia, de que o mundo muito precisa, para amainar o fanatismo intolerante.

Ali, me inspirei há tempo para fazer um hino as laboriosas abelhas, laboriosas e ordeiras, porém, geniosas, ai daquele que afrontá-las, mormente, a abelha Europa. Prodigalidade ou não, dos três pés, o de polpa mais saborosa parte, de suas grossas raízes estão fora da terra, desde o princípio, vem florando por etapas, começou primeiro do que seus outros parceiros, penso que, terminará sua abençoada dádiva, por último, para gáudio meu, e, tantos outros degustadores de pequi. Deixei também, mesclado, na área, três caraíbas, além de outras espécies, no entanto, com o tempo, as caraíbas se foram, porém, suas sementes, como as dos ipês: amarelo e roxo voam longe, e, na várzea, abaixo dos currais nasceram varias sementes, cresceram e algumas, creio, começarão a florir, alegrando as pradarias, justamente, na época da sequidão, agruras tropicais.

O nome científico do pequizeiro é caryocars brasiliense cambers, pertence ele à família caryocaceae, possui uma gama e variedades, o seu habitat natural é o cerrado, mas pode ser encontrado, ocasionalmente na mata alta. Embora frutífera excelente, sabor apreciadíssimo, mesmo assim, vem sendo, há muito, destruída pelo desmatamento desordenado, por falta de consciência ambientalista. O arbusto de porte médio a grande floresce, consoante à região, em épocas diferentes, regra geral de maio a dezembro, o que permite a sua oferta ao consumo de agosto a março. O consumo, pelo sabor exótico, prato cobiçado, aumenta, a cada ano, enquanto a oferta motivada pela sua depredação, vem decrescendo ao longo do tempo. Por ilação, pode-se concluir que a formação de lavoura dessa deliciosa frutífera do cerrado é bom negócio.

Ora, o estado foi instituído para servir a sociedade, então leitor, pela excelência do fruto, valor do óleo da castanha, qualidade da madeira, necessidade de melhor oxigenar a nossa atmosfera, um tanto carbonizada, e, mesmo, o planeta, fosse o estado, país dotado de governantes, com vontade soberana, já deveria estar funcionando, a pleno vapor, uma política de incentivo ao plantio, tanto de pequizeiro, como também, mangabeira, outra frutífera do cerrado de sabor idílico perseguidas por maus brasileiros.

Ah! Lembrei-me da seringueira, de igual modo utilíssima, pela economia de divisas que pode proporcionar, pois, importamos, lá da Ásia, 75% da matéria prima que precisamos para alimentar as indústrias de pneus instaladas no país. Como são multinacionais, cartéis de pneus e derivados, pouco importa para elas, a matéria prima vir de fora, ou ser produzida aqui, além do mais, em país corrompido como o nosso, a importação pode ser propinada, vantagens, portanto, para empresários e governantes mal-intencionados, na atual conjuntura.

Refiro-me leitor, neste caso, à formação de seringais, para suprir, totalmente a importação, ao que parece criminosa, pois se realiza de forma subsidiada, lá de fora, esmagando o produtor nacional, na terra natal da própria haevia Brasilienses, como foi batizada cientificamente. Todavia, enquanto o cultivo de seringueira, para maior produtividade, precisa de terras maciças, mais úmidas, mangabeira, pequizeiro são bastantes rústicas podem ser plantadas nas serras, montes, mesmo pedregosos e de pouca fertilidade. A prova cabal, de fogo, pode ser constatada percorrendo locais, como os citados, onde vicejam, ainda hoje, último reduto de ambas, quanto mais da mangabeira, que é, a mais saborosa das frutíferas do cerrado.

O cultivo de pequizeiro, mangabeira não constitui novidade. Ambos, já foram pesquisados, portanto, existe tecnologia própria, o nordeste do país, há tempo, vem plantando mangabeira, a Embrapa e o Centro de Treinamento da Emater-Goiás, cultivam, experimentalmente, várias frutíferas, entre elas, o pequizeiro, inclusive, variedade anã, mangabeira, murici, e, penso que até a saborosa guabiroba. São espécies, portanto, econômica e tecnicamente viáveis e socialmente desejáveis. As fábricas produzem sorvetes, picolés, de sabores os mais variados, no entanto, quase todos são sintéticos, por falta de produção natural. No entanto, para que haja fartura dessas frutíferas, no mercado consumidor, mesa da família, matéria-prima, para indústrias do ramo, falta política, precisa de incentivo do estado, governantes contratados, pelo voto, para bem servir a comunidade.

O suprimento dessa lacuna depende, na prática, de participação da sociedade contribuinte, na vida política do município, estado e país. A república, só será república de verdade – a que emana do povo para o povo, e, nunca, para os ocupantes do poder público, são eles bem pagos para servir, e não, servir-se do cargo, abusando do mandato que lhes foi outorgado – quando você, sociedade, passar a controlar, fiscalizar, cutucar, com vara curta, sem ferir a ordem constituída, os governantes, consoante lema da bandeira do estado de São Paulo: “No duco, ducor.” Não sou conduzido, conduzo-o.

Política verdadeira, universal, clássica é a que, como ensinava Aristóteles, promove a felicidade do povo, seu progresso e bem estar, portanto, bem diferente da em voga, tão usual, no país, a maquiavélica, arte da velhacaria, advoga o enriquecimento dos ocupantes do poder, os governantes, por meio do superfaturamento do erário público, fazendo do contribuinte de impostos, burra de carroça deles, paga tributos elevados e, devido a corrupção reinante, recebe serviços, como educação, saúde, segurança, e, outros, de baixa qualidade, abaixo do sofrível.

Hurra! Plantar árvores é bom negócio, quanto mais o pequizeiro! Cabe a você sociedade sair da inação para a ação, dar a volta por cima, fazendo-os governar de forma transparente, honesta, no lugar de superfaturar, pechinchar nos gastos públicos, multiplicando benefícios a comunidade, tornando-se, deste modo, partícipe da história de sua própria terra.

(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)

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