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OPINIÃO

Entendendo a corrupção

As revelações dos processos do mensalão e, agora, do petrolão, revelaram a faceta do que sempre se fez no país. Controlar o Estado é controlar a riqueza e enriquecer.  Quanto maior o Estado, mais essa realidade se impõe. Ter contatos com a cúpula governamental é a dupla garantia de que se terá o negócio (não existe edital sem dono!) e a margem necessária para ganhar dinheiro e remunerar os que viabilizaram o negócio. Poderosos grupos econômicos, como a Odebrecht, sempre usaram desse expediente nos mercados em que o governo controla ou regula ou faz concessão. Na raiz das grandes fortunas sempre se verá o conluio entre agentes políticos, burocratas e empresários.

A inovação do PT foi elevar os percentuais e transformar a corrupção, antes privativa dos maiorais, em livre acesso a todos os “companheiros” empossados em cargos. Implantou uma economia integralmente suportada pelos mecanismos mafiosos, a despeito e contra o mercado. O caso de Pasadena foi o mais emblemático de todos, pois ali provavelmente a taxa de corrupção deve tranquilamente ter ultrapassado 50% do valor do investimento. Bilhões de dólares foram roubados na cara dura.

A corrupção, todavia, não é privativa do PT, é inerente à alma humana. Sempre houve e sempre haverá corrupção, mas o que não é possível é que ela se transforme num fim em si mesma, como em Pasadena. A corrupção deve ser como uma humilde lombriga que não ameaça seu hospedeiro, não pode ser uma tênia solitária. A coisa fica disfuncional para o sistema produtivo, que começa a ficar anêmico e a perder a dinâmica. A crise atual é produto da exacerbação dessa “economia do crime” implantada pelo PT.

Nunca é demais repetir que que os petistas se locupletaram pessoalmente, mas o objetivo estratégico deles sempre foi concluir a revolução socialista que está em curso,  tendo, para isso, pago a “aliados” (políticos corruptos de outros partidos) fortunas extraídas de seus negócios escusos.

O fato da Justiça ter quebrado estruturalmente a máquina da corrupção levou a uma queda abruptas dos investimentos estatais, sempre casados com a promessa de pagar propinas. E também é uma quebra em cadeia de empresas comprometidas com o esquema mafioso. A “economia do crime” entrou em colapso e o Brasil ora vive a maior crise econômica dos últimos cinquenta anos, sem data para recuperação.

Tenho um conhecido cuja família está envolvida no processo do petrolão e eu só agora soube disso do fato, pelos jornais. Tivemos muitas discussões sobre o PT, eu sempre dizendo que o PT estava fazendo a corrupção e que o partido iria destruir o Brasil. Meu amigo ria, dizendo que eu me enganava, pois o PT, para ele, era capitalista. Ele entendia por capitalismo o mecanismo pelo qual o PT se locupletava mediante contratos públicos com empresas do mercado.

Isso não é capitalismo, nem mesmo mercantilismo, obviamente. É o processo revolucionário normal registrado pela história em toda parte, do qual o meu amigo nunca se deu conta. Sua família bancou de idiota útil, como aliás todos os que “contribuíram” (melhor dizendo, foram extorquidos) com a “despesa não contabilizada” do PT. A família do meu amigo se deu bem até que o juiz Sergio Moro decretasse a ordem de prisão. A casa caiu. É claro que não discuto mais assunto esse tipo com ele, até porque se isolou, mas tenho que dizer que eu sempre estive certo, tanto sobre a corrupção instrumental quanto sobre a revolução levada avante pelo PT.

Gente como Marcelo Odebrecht e Ricardo Pessoa foram os idiotas úteis da história, assim como Marcos Valério e sua gangue, a banqueira já prisioneira e toda gente que financiou alegremente os revolucionários do PT. Revolucionário não faz voto de pobreza, essa gente confundiu a ganância dos revolucionários com ser capitalista. Que bobagem! Custou caro, tanto no plano judicial como no plano econômico. E pela destruição das famílias dos envolvidos, como a do Marcos Valério. Muitos desapareceram do mercado e outros encolherão ao ponto da irrelevância econômica. Castigo merecido. A fora as penas de prisão, que serão cumpridas.

O ciclo do PT chegou ao fim e ficará por herança a gravíssima crise econômica, sem solução à vista. Enquanto a presidente Dilma Rousseff ficar no cargo haverá descenso inevitável na economia. Sua extrema impopularidade impede qualquer ação de salvação.

Quem viver verá.

(Nivaldo Cordeiro, cristão, liberal e democrata. Site: www.nivaldocordeiro.net)

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