Home / Opinião

OPINIÃO

O gerentão nunca esteve tão na moda em Goiânia

Um processo de sucessão é realizado em diversas etapas. Antes mesmo da seleção dos candidatos dentro dos partidos, quando se há esta comodidade de haver opções, há um preparo nos bastidores que remete a uma atividade muito mais cerebral de observação do que propriamente o cumprimento de uma agenda política. Dada a competitividade de algumas disputas ou mesmo o acirramento de grupos e a necessidade estratégica de vencer determinada corrida nas urnas, não é raro que estas etapas se misturem e aconteçam simultaneamente. E este é, especificamente, o caso de Goiânia, na qual as agremiações e seus comandantes mais graduados estão já moldando opções para ilustrarem as cédulas, mas também debatendo perfis a partir da observação e análise profunda do comportamento do eleitorado.

Se existe este corre-corre pela questão Goiânia, afinal, o resultado das urnas na Capital deverá também influir em 2018, há um facilitador neste processo atropelado. E ele remete ao perfil do candidato que fará a cabeça do goianiense. Ao que parece cada vez mais, o eleitor metropolitano está em busca de um nome técnico que se distancie da classe política típica. O político de carteirinha ou mesmo aquele com o perfil de negociador e cujo diálogo é sua principal arma parece estar com os dias contados na cidade. Pelo menos neste pleito. O que o goianiense parece querer é o chamado gerentão, ou seja, o tocador de obras, que transforme a cidade como ela tem esperado e até mesmo tem demandado que aconteça. Claro que é preciso diálogo, boa capacidade de negociação, mas é preciso entender que está não pode ser a qualidade fim do postulante, mas apenas um dos itens que melhorem sua principal qualidade e talento: realizar como gestor.

Cada vez mais cresce a impressão de que o eleitor de Goiânia espera que surja um nome que conserte – e este é o termo mais adequado, por incrível que pareça – o que tem sido feito com a Capital de Goiás nos últimos anos.

E, neste cenário, dois nomes se sobressaem entre os pré-candidatos: o ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso e o presidente da Agetop, Jayme Rincón. Estes são dois realizadores, de fato. Possuem folha de serviços prestados por onde passaram. Tem em desfavor eventuais desgastes ou mesmo desconhecimento, como é o caso específico de Rincón, mas podem se apresentar como obreiros, gestores que conseguem equacionar crises, driblar dificuldades e tocar e entregar obras por onde passam.

Neste cenário, Cardoso é um nome bem mais difundido entre o cidadão comum, menos antenado na política e seus agentes. Foi prefeito de Canedo por duas vezes e também duas vezes teve seu nome espalhado por Goiás como candidato ao governo. Isto lhe confere capilarização, mas também desgaste, afinal, uma derrota não faz bem à imagem de ninguém. Como gestor tem sua marca até hoje reconhecida pela revolução na infraestrutura de Senador Canedo. Não por acaso, seu secretário no setor era um empresário de Anápolis, chamado João Gomes. Hoje, prefeito de Anápolis e com a mesma sede de realizar obras em todas as regiões do município.

Já Rincón é um dos responsáveis pela volta por cima de Marconi Perillo depois da crise de imagem de 2012, depois da Operação Monte Carlo. O governador parou de falar e de aparecer para que suas obras falassem por ele e foi Rincón, à frente da Agetop, quem conseguiu usar da oratória das máquinas, das estradas abertas e das diversas obras. Através desta voz de concreto armado e ferro fundido, Marconi recuperou sua imagem e ganhou mais uma vez as eleições.

Agora, muito possivelmente, será a hora de Rincón ser retribuído pela boa imagem e o prestígio do chefe Perillo e conseguir dele não somente a credencial para se tornar candidato em Goiânia como também obter o apoio maciço da máquina estadual em prol de seu projeto.

Do outro lado deste jogo, estão políticos de carreira como Iris Rezende, Ronaldo Caiado, integrantes do PT de Paulo Garcia e outros nomes. Nenhum deles, no entanto, parecem até agora preencher este perfil do empreendedor público e conferem mais à semelhança do gestor político. O que não impede que se recriem e se adaptem às necessidades de momento.

O fato é que neste momento jogo está zerado, mas a exemplo de esportes como o tênis, há vantagem para um ou outro lado. E, desta forma, os gerentões nunca estiveram em tão boa conta como agora.

(Ernani de Paula, empresário, ex-prefeito de Anápolis)

Leia também:

  

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias