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O que Goiás pode aprender com a Coreia

Aprender – de ad “junto” mais prehendere, palavra latina com o sentido de “levar para junto de si”, “levar para junto da memória”. E esse verbo se origina em prae- “à frente”, mais hendere, relacionado a hedera, “hera”, já que essa planta trepadeira se agarra, se prende às paredes para poder crescer.

Depois da aula de etimologia vamos aos fatos que motivam esse texto: a viagem oficial da secretária de Estado para Educação, Cultura e Esporte, Raquel Teixeira à Coreia do Sul, para participar da Universiade, um encontro esportivo de estudantes universitários do mundo todo que acontece de 3 a 14 de julho na cidade coreana Gwangju.

A professora Raquel Teixeira, pode e deve aprender muito, ou “levar para junto de si” as inúmeras lições daquele país asiático de poucos mais de 50 milhões de habitantes sobre a educação escolarizada. Devemos aprender com os bons exemplos. Nossa educação vai mal, muito mal. Muito semelhante à situação vivida pelos sul-coreanos em meados da década de 70 e 80. De uma nação que era conhecida no mundo mais pelo conflito com a vizinha do norte, a Coréia do Sul, promoveu uma verdadeira revolução no modo de ensinar e aprender.

Hoje esse gigante asiático é exemplo de desenvolvimento sustentável e admirado mundialmente pela excelência em educação de qualidade. Destaque no Pisa, sigla em inglês para (Programme for International Student Assessment), o país encontrar-se nas primeiras posições em todas as categorias avaliadas pelo programa: Leitura, Matemática e Ciências. A professora Raquel, como boa estudiosa da educação que é, poderá observar in loco que naquele país os professores são selecionados entre os 5% melhores alunos do ensino médio. Ao passo que no Brasil, os docentes na sua maioria foram alunos ruins ou medianos nesse nível de ensino.

Ser professor na Coreia do Sul é uma honra, os futuros mestres enfrentam uma formação exigente e provas difíceis para ingressar na carreira, sendo uma das mais disputadas, pelos altos salários e prestigio social. Um professor de ensino fundamental na sul-coreano ganha seis vezes a mais que um colega brasileiro. No início de carreira ganha no mínimo 4.000 mil dólares, valor que aumenta com o prestígio e tempo de docência. Na formação, os professores são mestres na acepção da palavra. Pois, além de cursarem quatro anos de graduação, todos os futuros docentes têm de cursar um mestrado. Isso mesmo, a formação mínima para ministrar aula no ensino fundamental na Coreia do Sul é o título de mestre.

A dra. Raquel Teixeira, quando visitar uma escola sul-coreana, observará que aquelas são bem equipadas, todas contando com internet banda larga. Na Coreia do Sul investe-se mais na educação básica do que no ensino universitário, quadro que se inverte no Brasil. Enquanto temos algumas ilhas de excelência no ensino superior e péssimas escolas básicas, no país asiático há uma homogeneidade nessa equação.

São inúmeros fatores que colocam a educação sul-coreana em um patamar bem acima do nosso. Há a participação de empresas privadas no gerenciamento de universidades particulares, onde estas buscam seus CEOs. Conquanto mais de 80% do ensino superior da Coreia do Sul seja privado, tanto públicas quanto particulares recebem investimento público, embora seja menor no privado.

Entretanto penso que um dos grandes diferenciais sul-coreanos, que todos deveríamos aprender, está inicialmente na participação da família na educação dos filhos. A OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico) coloca os pais brasileiros como os menos interessados na educação dos rebentos. Já os pais sul-coreanos se destacam pela participação. E participar da vida dos filhos na escola, pais, não é ir à festa junina ou nas apresentações no dia das mães ou pais. Consiste em seguir de perto a lição de casa, incentivar a leitura e informa-se com professor o que filho realmente está aprendendo.

Elementos para a construção de uma boa educação escolarizada, não falta. Dra. Raquel Teixeira virá maravilhada com as boas experiências, acredito que como boa professora saberá aprender com os bons exemplos. Esperamos que aquele que tem o poder da caneta, aquele que não podemos dizer o nome, parafraseando Harry Porty, saiba ouvir e deixe a verborragia da ameaça: “Tenho o remédio para vocês.” Sim, a educação tem um bom remédio, com doses homeopáticas e a Coreia do Sul tem ensinado isso, resta saber se aprenderemos a aprender.

(Edergênio Vieria é professor e poeta @edergenio)

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