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Os escritores de Rio Verde: suas ideias e seus livros - Parte II

“Não sei se  digo eu te amo entre aspas ou com travessão, mas um dia nosso amor vai ser tema de livro”, uma frase de autor anônimo valorizando a força da palavra escrita.

No mergulho intenso dos escritores de Rio Verde há sempre tempo e espaço para a colocação de novos nomes, estilos e lembranças. Esta é a segunda parte do artigo sobre os escritores de Rio Verde, e agradeço aos funcionários da Fundação Municipal de Cultura (principalmente o Alexandre) pela atualização dos novos rumos, nomes e lançamentos, catalogados numa folha especial. O professor João Orlando Cruvinel de Lima, presidente da Fundação Cultural, acreditou na vocação dos escribas da região, realizando duas Bienais, com notável participação. A seguir um passeio pelos autores e obras dos sonhadores do papel, tinta, imaginação, hóspedes solenes do teclado. Alberto Rocco (Igrejinha da Serra), Ademar Romano (A conquista do Acre e a revolução acreana, Fundamentos da arte de escrever), Aires Humberto de Freitas (Identidade do esporte rio-verdense), Alaor Braz Vieira dos Reis (Quinze conto de reis), Alexandre Avelino Giffoni Júnior (Comunicação social e educação, Temas de educação: olhares que se entrecruzam), Ana Luíza de Lima (Reviver, viver e ver), Antônio Arantes (Dicionário de palavras e expressões faladas ao longo de nossa história), Arlao – Academia Rio-verdense de Letras, Artes e Ofícios (Rio Verde e suas personalidades Memorial I, II e III), Avelar de Morais Macedo (Um rio-verdense visionário), um belo e profundo depoimento sobre as suas vivências, descritas com emoção e verdades, Cida Freitas (Um olhar sobre os olhos), obra didática de grande utilidade e pesquisa; Claudino Collet e Carmem de Castro (Fesurv, sua origem e sua história), Cláudio Costa Barbosa (Um Cerratino chamado Benjamim), Clênia Ferreira Lima Leão (Reflexões da Alma, Amazônia, um olhar que me transforma), Cledson Matias  de Oliveira (Guerreiro Roller na Terra dos Gogonaltas), Cleides Antônio Cabral (Filosofia), Cristina Ferrari (O Voo do Tuc Tuc), Desmaura Vieira Leão (Aquisições da Língua escrita: efeitos de significantes), Dill Ferreira (Amor, indeciso Amor, Casamento de Aparências, Nikito, Xeque Mate), numa curva de pensamentos e expressão, depositando paixão e emoção na força vivida pelo povo.

A lista segue o seu caminho com produções que atestam vontades, situações, casos dramáticos, cômicos, beirando o realismo fantástico ou o simples registro da História, recente ou remota. Enio Ferreira de Macedo (A noiva, Miscelânea: Crônica e  Etcetera, Uma nova chance, Júri ao Revés, A  bela da tarde, O sino), Filadelfo Borges de Lima (César Bastos Vida e Obra, Lauro Martins, Resumo biográfico: Iron Nascimento, Cartas na mesa, Jataí minha paixão, Síntese dos prefeitos rio-verdenses, Crônicas da Colmeia, Maçons e Maçonaria, Veredas Rio-verdenses, Universidade Maçônica Estrella Rio-Verdense, Vale a penas estas páginas?), Isaac Pires (Breve poesia contemporânea, Embriões Rebeldes, Memória de um Bandido (o sistema), Brincadeira dos Deuses, O homem que viu o fim do mundo, A Coluna Prestes), Isaac Portilho (Rio Verde – Minha Vida), João sem Aço (Lágrimas de um condenado) João de Freitas (As sete faces da Política, Política ao Reverso), José Carlos Vieira –Lela (Saudade Jovem, analisando a sociedade e as comunidades de jovens da Igreja Católica), Leôn Denir Pinto Martins (Cantadores do Centro-Oeste, partes I e XI, Cantadores Celestiais , partes XII a XIX), Lionardo Fonseca Paiva (Eu, Fora de Controle), Mag Guerra (Eles e elas em preto e branco), Marcos Pedrosa (Papo de Sapo, Folhas ao Vento, Eu, Animal, Inferno de Dante, Tripalium: o trabalho transformado em tortura), Maria Inês Barros Sanches (A floresta onde os bichos estavam agitados, Meu cachorrinho Luck, As aventuras de Teca e Tito), Maria Luíza de Moraes (Ser Cidadão), Mauro Borges Teixeira (Tempos idos e vividos: minhas experiências), Nilda Barros Martins (Poeminhas, Minha Fazendinha, Repeteco), Oníria Guimarães de Oliveira (Irmã Dolores D’Aloia e Uma casa construída sobre a rocha), e futuramente ela publicará Lendas Urbanas, uma coletânea de artigos editados no Jornal Folha da Cidade. Na avalanche de nomes, números, tendências, Cora Palomar, com Bebe arteiro, Milagre da Natureza, mostrou a sua vocação para retratar o cotidiano. No momento da elaboração deste artigo os editores do Jornal Folha da Cidade preparavam os textos e fotos da Coluna Nossa História, Nossa Gente, um passeio biográfico das pessoas que tiverem suas vidas retratadas no jornal, de Edilson Araújo – Nenê – a Osório Leão Santa Cruz, Fátima Leão, Leonardo Veloso, Mauro Moraes, Lúcia Loyola, Rony Cardoso e outros. Na orla das divagações originais surgem as contribuições de Oscar Cunha Neto (Rio Verde: apontamentos para sua História, Acreúna Primeiros tempos 1964-1992), a sensibilidade do professor Martinho Romualdo da Silva, que escreveu Bentinho e o projeto para vencer na vida. O ofício de escrever vem pela pena moderna de Sebastião Ferreira Arantes, apelidado de Barrão, que escreveu O pranto dos Inhambus, Tuna e Ximenga, um perfil de homem do campo e da cidade, variando entre os dois focos narrativos. O jovem autor Sérgio Lopes criou Paty O pulsar da Vida e História de Rio Verde. O médico Walter Massi, que hoje mora em Goiânia, escreveu Álbum Poema Rio Verde – Eu te Revejo, com muito tato e registro histórico na sua bagagem criativa.

A literatura é arte, vivência, ensinamento, lição, didática, como se percebe nas obras da professora Zilda Pires, autora dos livros O Boia-fria, Relato Histórico, Rio Verde: pioneira e progressiva, Sesquicentenário, Falcatruas à brasileira, Das janelas da roça às portas do mundo, Joãozinho e as formiguinhas, A escola é o meu segundo lar, Toninho um problema resolvido, Um jovem ideal, Uma juventude saudável. A vida ensina, e os bons exemplos vêm pela criatividade e paixão da professora Virneide de Fátima Bueno de Lima, com a produção de Vou rimando e poetizando, uma obra para resgatar a poesia que está adormecida em quase todos os homens deste temível século XXI. Ela é esposa do professor João Orlando Cruvinel de Lima, e também se destaca com o esposo nas artes plásticas.  Um livro de cunho social é IAM: Uma história construída a várias mãos, de Watson Rogério de Azevedo, abordando o tema da caridade e da filantropia na criação de uma entidade valiosa em Rio Verde. Escrever é uma vocação bendita e os editores da Kelps, de Goiânia, Waldecir Almeida e Antônio Almeida, irmãos nascidos na região da Fazenda Boa Vista, em Rio Verde, ajudam na realização da publicação, acreditando na força profética das palavras e das gerações. O casal de poetas Paulo Ananias/Ana Luíza dão aula e bons temas para estudos, ele com sua gramática da língua portuguesa e ela com seus poemas publicados com emoção e protesto contra as injustiças sociais. O médico Hélio Guerra publicou O Comando Comportamental, sobre as influências do pensamento positivo e atitudes do homem diante da vida. O guarda rodoviário Jader Jonas escreveu Taperas, um achado literário de enorme envolvimento estilístico e social. Os parceiros José Carlos Vieira – o Lela – e a professora Ana Cláudia de Carvalho Garcia escreveram Português Descomplicado com humor, uma brincadeira séria com a língua portuguesa, ensinando gramática sem perder o interesse pela alegria, fazendo rir e pensar. E o Lela ainda escreveu Os homens de Hoje serão as Mulheres de Amanhã e Túlio Maravilha, um artilheiro na vida do futebol e no futebol da vida.

Márcio Bonifácio e Filadelfo Borges de Lima escreveram Universidade Maçônica Estrella Rio-verdense, assim mesmo, com dois “Ls” no título, registrando o ambiente da Maçonaria e seus membros ativos.  O advogado João Alberto de Freitas há 15 anos escreve o tratado histórico Cenário de uma Epopeia, registro que abrange diversos estilos literários e já passou das 500 páginas cúmplices, num tempero entre a seriedade e as comédias do cotidiano. A educadora Zilda Carvalho de Gonçalves Mendonça organizou Escola Normal de Rio Verde, contando sua experiência de mestre consagrada. O intelectual César Silva escreveu sobre a vida dos casais, tratando bem as relações que vão muito além dos tapas e beijos. Quando morava em Rio Verde o doutor Benjamim Spadoni escreveu romance real, comprovando seu conhecimento e tato com as pessoas de todas as classes. Assim navega nossa literatura, com temas para todos os gostos, com espaço para a história, estória, romance, poesia, documentário, com as presenças de Elizabeth Caldeira de Brito, Zilda Pires, Áurea Portilho, Alaor Vieira, Avelar Macedo, Aires Humberto, exportando cultura, sensibilidade, lições de vida. O Bazar do Livro, da dona Ivanir de Castro, foi fechado, mas o Supermercado Campeão, o Bretas, as Lojas Americanas, a livraria Nobel e a Biblioteca Pública expõem os livros com intensa variação e visibilidade. Se o presente artigo ficar incompleto, o leitor acusar que me esqueci de determinado autor, isto poderá ser saudável, pois é uma prova de que nossa literatura já é bem conhecida, divulgada, aceita, discutida, justamente num momento crucial da humanidade quando o audiovisual é a maior ferramenta de transformação social. Plantar uma árvore, gerar um filho e publicar um livro é a missão filosófica do homem. Pelo inventário deste artigo, a terceira missão, escrever um livro, é bem cumprida na terra de José Rodrigues de Mendonça e Juraci Martins de Oliveira.

(José Carlos Vieira, escritor, jornalista do Jornal Folha da Cidade, Rio Verde - E-mail lelabalela1@hotmail)

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