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OPINIÃO

Plantar soja ainda é bom negócio para a República

A lavoura de soja continua avançando, mesmo com a burocracia do estado, desvalorização do real, em relação ao dólar, o próprio crédito custo assustador do óleo diesel, presente na lavoura, desde a limpeza da terra, seu preparo, semeio, aplicação de defensivos, colheita, transporte, armazenamento, beneficiamento e exportação, nesta fase exorbitante ainda mais, por causa do congestionamento de rodovias e portos. Mesmo com todos os percalços, ela avança, em busca das novas fronteiras, valorizando terras, descortinando regiões antes estagnadas, gerando, circulando riquezas, nunca dantes vistas, ampliando mercado, para toda sorte de produtos industrializados, como máquinas implementos, insumos modernos, como fertilizantes, calcário, inseticidas, lubrificantes, gerando mão de obra, serviços, impostos, progresso e bem estar, regional e nacional. Buscando a história leitor, tempos idos e vividos da década de setenta, segunda metade do século XX, quando seu cultivo já havia esgotado as fronteiras do Rio Grande do Sul, adentrava Santa Catarina e Paraná, na imensidão do Centro-Oeste, os cerrados, maior fronteira de terras agricultáveis, asfixiava as cidades, então estagnadas, desafiando a imaginação humana, clamando, implicitamente, por progresso. No Ministério da Agricultura, a pesquisa ainda incipiente, começava a mostrar a cara em interação, com o nascente serviço de extensão rural, vinculado aos dois governos: federal e estadual.  Como fruto dessa interação, ensaios de pesquisa aplicada: Fao-Anda-Abcar e Acar-Goiás, órgão de extensão rural, foram instalados em áreas diferentes do estado, no primeiro ano, cerca de trezentos, ao todo, mais de mil, liderando, tais ensaios, estavam às culturas de soja, milho, feijão, algodão e sorgo. A cultura do arroz já vinha sendo feita no cerrado, em fase inicial, através da adubação com fosfato de Araxá, fosfato em pó, de rocha, com sucesso, nas chamadas demonstrações de resultados: DR. O sucesso desses ensaios embasaram as culturas de soja, milho, feijão e sorgo, no cerrado, com o concurso de fertilizantes e calcário, para maior segurança, repetidos em vários, creio, três anos consecutivos. O mito começava a desabrochar, em realidade, mito de que os campos, cerrados, só serviam para o gado pastar na seca, após as queimadas. A instalação dos primeiros moinhos de calcário, em pontos diferentes do estado, com o objetivo, tanto de subsidiar os pioneiros, no cultivo daquelas lavouras, e, com sua expansão, despertar a iniciativa privada, na produção do precioso insumo que jazia, em pontos diferentes, naquela época, estadão, pois, estendia do Rio Paranaíba, ao bico do papagaio, como era, e ainda hoje, é conhecido, agora, estado do Tocantins. Para incentivar a incorporação do cerrado, no processo produtivo, o governo, então, Leonino Caiado, criou o programa, Goiás-rural, cada hectare que o agricultor pioneiro desmatava, recebia de bonificação outro desmatado, como incentivo à expansão da cultura. A lavoura de soja já despontava na liderança, como dito em outro artigo, buscamos no Rio Grande do Sul, as primeiras sementes, era eu secretário de estado da agricultura, o cultivo cresceu celeremente, contudo, no terceiro ano, caiu bruscamente. A produtividade das sementes vindas de lá, era de 10 à 20%, inferior, plantada aqui, foi quando a Engopa, empresa de pesquisa goiana, recém criada, entrou em ação produzindo as cinco primeiras variedades goiana, também, de 10 à 20%, mais produtivas, do que as daquele estado sulino. Motivo, aqui há mais luminosidade e calor, lá, menos luminosidade e calor, com isto, a soja voltou à liderança sobre as outras culturas, a ENGOPA, destruída por politiqueiros, deixou, como herança, inolvidável, mais de 40 variedades de sementes de soja, para não citar outras culturas, esparramadas por todo o Centro-Oeste, Tocantins, Maranhão, Piauí, oeste da Bahia. A produtividade média naquele tempo, era de 2.300 kg hectare, hoje, com as transgênicas, tecnologias sofisticadas, ultrapassa, 4.000 kg. A soja lidera leitor, pela sua pujança, em valor protéico, mercado internacional, pois, é ela, líder na preferência mundial, pelo seu valor nutritivo, na esteira desse benemérito mercado, o Brasil está chegando à vaticinada condição de celeiro do mundo, na produção de alimentos, ainda menor que os EEUU, maior do mundo. Houvesse uma política tão altiva, como a altivez de nossos agricultores, a agropecuária, sozinha, tirava o país do atoleiro, a que, o atual governo colocou, com sua política de gastar mais do que produz, arrecada, paternalista, inclusive, a de tomar emprestado a juros altos, para atender alegórico governo de pão e circo, falta o vinho, para complementá-la, por enquanto, este é privativo do partido no poder, e seus coligados, herança viciada do tempo dos Romanos. Contudo, a glória chegou, embora, os obstáculos citados, com a consolidação da benfazeja cultura, como maior produtor, quase cem milhões de toneladas e exportador do mundo, em soja. Conquanto toda adversidade, é ela, agropecuária, carro chefe de nossa balança de exportação. Este país, gigante pela própria natureza, como se canta no Hino Nacional, letra de Manoel Osório, mesmo esbulhado, pelos corruptos e corruptores, todos enquistados nos governos: municipais, estaduais e federal prospera, continua alimentando a esperança de sua gente, em sua maioria, ainda, laboriosa e ordeira. Para tanto, basta determinação, com planejamento, controle e avaliação, e, desta forma, transparência, obrigação fundamental de todo gestor público, pois, é contratado, pelo voto popular, para bem servir à nação, e, nunca empanturrar seus caixas dois, como se tornou comunal, por falta de politização da sociedade eleitora. As escolas leitor, proposital ou não, continuam ignorando educação política nas salas de aulas, no seu bojo, está incluso, moral e civismo, preparo da juventude, para a vida política, política, como foi concebida por Aristóteles, arte de promover o bem-estar da sociedade, corrente oposta a atual, em voga, neste país, a de Maquiavel, em o Príncipe, sua obra magistral, onde ensinava aos soberanos de sua época, a arte de “velhacar”, tapear os súditos, para se eternizar no poder. Entrementes, voltando à soja, líder incontestável das culturas,  pode-se, com certa convicção, conhecimento de nosso potencial, conhecimento calcado, na realidade, que o país, com a raça, altivez, de seus milhões de produtores rurais, tem condições de duplicar a produção nacional de soja e milho, bem como, avicultura e suinocultura, ah! Esquecia-me do leite, onde, há muito, o produtor vem sendo espoliado, impunemente, pelo cartel camuflado do leite, por falta de política especial, enquanto o mundo passa fome, note bem, leitor, mormente fome em proteínas, o alarde é das Nações Unidas, uma fonte segura, dotada de credibilidade. De sorte que, carecemos para chegar à condição de celeiro, maior produtor de alimentos do planeta, de governantes nas três esferas, dotados de determinação, acrescida, como advogava Platão, em sua Academia, considerada a primeira universidade do mundo, de sabedoria. Assim, quando disserta sobre o rei filósofo, não é, propriamente, exorcizando outras formas de governo, mas sim, elegendo o mais sábio, preparado, para governar, porém, vigiado, veja bem, naquele tempo, quando as coisas dos governantes, já eram separadas das coisas dos cidadãos, controladas pelos Guardiões do povo, aliás, guardiões da República, preocupação, também, dos romanos, controle este, inexistente, em nossa república, por isto, república do faz de conta, já aproximando de cento e vinte anos, sublimando governantes, caso do fundo público partidário, enquanto educação, saúde, segurança, clamam por qualidade, esconjurando o atendimento precário.

(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)

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