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OPINIÃO

As recompensas e o trabalho de Cristo

“Quem vos recebe, a mim me recebe, e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo.

E quem der, ainda que seja um copo de água fria a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que não perderá sua recompensa” (Evangelho de Mateus, cap. 10, vv. 40 a 42).

E aconteceu que, quando Jesus acabou de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali para ensinar e pregar nas suas cidades.

Tendo partido, os apóstolos percorriam as aldeias, anunciando a Boa-nova e curando por toda parte. Eles pregavam que todos se arrependessem. E expulsavam muitos espíritos impuros, ungiam com óleo muitos enfermos e os curavam (Evangelhos de: Mateus, cap. 11, v.1 – Marcos, cap. 6, 12 e 13 – Lucas, cap. 9, v.6).

Regresso dos

Apóstolos

Tendo regressado os apóstolos, reuniram-se a Jesus e narraram-lhe tudo o que havia feito e ensinado, e ele lhes disse:

“Vinde vós, sozinhos, a um lugar isolado e descansai um pouco”.

Pois os que chegavam e os que partiam eram tantos que não tinham tempo nem de comer.

E, levando-os consigo, ele retirou-se isoladamente, em direção a uma cidade chamada Betsaida (Evangelhos de: Marcos, cap. 6, vv. 30 e 31 – Lucas, cap. 9, v.10).

Em suas orientações finais aos seus apóstolos, o divino Messias esclarece acerca das recompensas que os hóspedes dos seus emissários obterão por derem apoio para a divulgação de suas verdades imortais. Jesus conscientiza aos seus discípulos que, além deles, também os lares, as cidades e a população serão beneficiados porquanto estarão agindo conforme as leis de Deus. Para elucidar, o Mestre esclarece que há diversos níveis de recompensas para aqueles que os recepcionarem:

I – “Quem vos recebe, a mim me recebe” – Quem aceita como verdade a mensagem apresentada pelo mensageiro também recebe e aceita o autor da mensagem. Neste caso, os apóstolos eram os diletos mensageiros dos ensinamentos do Cristo.

II – “Quem me recebe, recebe aquele que me enviou” – Quem aceita as verdades do Cristo também aceita as verdades de Deus porquanto são idênticas.

III – “Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta” – Profeta, segundo Jesus, é um médium que retransmite as mensagens dos Espíritos sintonizados com Deus. Quem acredita nas lições das autênticas mensagens mediúnicas e as pratica, demonstra fé, boa vontade e, como afirma Kardec, demonstra “um certo grau de sensibilidade, a que se pode chamar maturidade do senso moral e, por tais razões, receberá os benefícios decorrentes da observância dessas mensagens.

IV – “Quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo” – Quem valoriza as mensagens do bom senso e da justiça, provenientes de quem as pratica, também se tornará um justo.

V – “Quem der, ainda que seja um copo de água fria, a quaisquer dos meus discípulos, não perderá sua recompensa” – Jesus valoriza qualquer ajuda para colaborar com a boa-nova do Reino. Ele esclarece que nenhuma ação em prol do Bem e da Verdade fica sem a natural consequência da recompensa espiritual.

Desse modo, o Mestre defende a tese da Recompensa depois que se pratica o bem e a caridade. No entanto, indaga-se quanto à natureza dessa recompensa: A recompensa maior não se trata da evolução espiritual? Essa recompensa evolutiva não é o bastante? Há necessidade de outra recompensa? A resposta para estas indagações está nas bem-aventuranças do Sermão da Montanha. A bem-aventurança, ou seja, ser muito feliz, é a recompensa prometida por Jesus para os que estão a caminho da evolução espiritual.

Depois de anunciar as recompensas aos que apoiarem a divulgação do pensamento diretor de Deus, o divino Messias “partiu dali para ensinar e pregar nas suas cidades”. Também os apóstolos seguiram para outras regiões, aos pares, para os trabalhos de evangelização e de cura.

A ideia de promover o arrependimento era o início do trabalho doutrinário. Afinal, não adianta o “remendo novo em pano velho”. Sem o arrependimento, é como colocar água limpa em copo sujo. O arrependimento possibilita a limpeza da consciência capaz de promover o “esvaziamento” do espírito vicioso para o preenchimento do recipiente espiritual com novos e salutares hábitos.

As curas operadas por intermédio dos apóstolos eram de natureza espiritual e física. A prática da desobsessão, devido às obsessões entre desencarnados e encarnados, era comum. No entanto, nos dias atuais, as desobsessões ainda são necessárias, principalmente devido às constantes obsessões entre encarnados, causadoras de pensamentos equivocados decorrentes das influências dos entes mais próximos.

Também os apóstolos curavam por meio do tratamento com azeite ou óleo extraído da oliveira. Dentre inúmeras aplicações para o azeite, também era utilizado externamente ou internamente como medicamento (cf. Is, 1:6, Tg, 5:15-15). Conforme o relato das Escrituras, foram muitos os enfermos curados por intermédio dos apóstolos. Isso, porque eram muitos os enfermos existentes no tempo de Jesus que não recebiam o devido tratamento. Observa-se que os apóstolos também se utilizavam dos recursos farmacológicos e medicinais da época. Eles agiam como enfermeiros dedicados. Em muitos casos, curavam sem o recurso único e direto do magnetismo, embora utilizassem da ação magnética associada às suas práticas curativas.

Depois das orientações do sublime Amigo, os apóstolos iniciariam uma jornada que duraria por todas as suas existências. Nessa primeira atividade apostólica, receberam a supervisão direta do Mestre. Foi um estágio ou treinamento para toda a vida. Com Jesus e os exemplos dos apóstolos, aprendemos a respeito da nobreza e da alegria de se fazer trabalhos, ainda que singelos, dentro de um grande projeto. Muito melhor do que fazermos grandes obras, mas para atender aos caprichos e exigências de projetos de nenhum valor espiritual.

Depois que os apóstolos cumpriram suas missões, “reuniram-se a Jesus e narraram-lhe tudo o que havia feito e ensinado”. O Mestre, no entanto, nos ensina a respeito da necessidade do isolamento espiritual e do repouso depois de um trabalho enobrecedor e desgastante. O trabalho de atendimento aos necessitados era tão intenso que tanto Jesus quanto os seus apóstolos “não tinham tempo nem de comer”, exemplo de que a “seara é grande, mas os trabalhadores são poucos” (Lucas, 10:2).

Logo que atenderam o trabalho de evangelização e de assistência, Jesus e os seus apóstolos foram buscar refúgio e repouso na cidade de Betsaida, localizada da Galileia, situada próxima a Cafarnaum, cidade natal dos apóstolos Pedro, André e Filipe. Lá também conversaram a respeito das experiências vivenciadas durante a jornada de evangelização.

Também o divino Rabi nos ensina o valor do repouso e do cuidado com a saúde do corpo. Isso, para evitar o estresse e outros desajustes psicofísicos decorrentes do natural desgaste orgânico. Para Jesus, o equilíbrio das energias vitais é de fundamental importância para o cumprimento dos deveres espirituais do dia a dia. Não raras vezes, muitas enfermidades e decorradas morais podem ser evitadas se houver respeito aos limites impostos pela da natureza da indumentária física.

Ainda neste sentido, torna-se necessário administrar o tempo das vinte e quatro horas diárias. Que o trabalho material e o trabalho espiritual sejam administrados com sabedoria e consciência da realidade na qual estamos inseridos.

Em nossas jornadas terrenas, estamos a serviço das determinações de Deus em prol da nossa evolução espiritual e dos projetos planetários do Cristo. Façamos, pois, a nossa parte, para que um dia, também nós, recebamos o sublime convite, quando teremos o privilégio de ouvir do próprio Mestre:

“Vinde vós, sozinhos, a um lugar isolado e descansai um pouco”.

Esse lugar que nos espera na Pátria espiritual é a grande recompensa dos redimidos, onde o resultado dos nossos trabalhos será eterno, pois adentraremos, para sempre, no Reino Majestoso de Jesus.

(Emídio Silva Falcão Brasileiro, escritor, conferencista, professor universitário, advogado, pesquisador, doutor em Direito, membro da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, da Academia Goianiense de Letras e da Academia Aparecidense de Letras - E-mail: [email protected])

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