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OPINIÃO

Existe cura para o mal da corrupção?

Os medicamentos são vários e, muitos deles, são eficazes para dizimar o vírus do roubo e do desvio descarado do dinheiro público no Brasil. O uso deles incomoda muita gente, mais precisamente os integrantes das classes política e empresarial, responsáveis, hoje, por tudo de ruim que acontece na pátria brasileira. E se o remédio perturba os desonestos travestidos de militantes em defesa do poder, a reação foi brutal no começo e agora começa a ceder, temendo a reação do povo que paga impostos e recebe de troco os desmandos dos governantes.

E vamos por partes: a presidente Dilma Rousseff, agora em seu segundo mandato, conhece muito bem os caminhos para ajudar o país a sair da crise política e financeira, que ela mesma criou ainda em seu primeiro mandato. O primeiro passo seria enxugar, de maneira honesta e radical, os gastos da máquina administrativa, a começar pela extinção de 70% dos ministérios, desalojando do governo os comissionados – milhares deles – que nada produzem a não ser as coisas que atrapalham a vida do povo. Com isso seria economizados bilhões de reais, em medida que receberia aplausos da Nação como um todo.

De volta ao processo moralizador, a presidente poderia convocar o Ministério da Justiça, através da Polícia Federal, para fazer uma revisão nos “benefícios” distribuídos entre as chamadas vítimas da ditadura militar. É público e notório que os perseguidos na época do militarismo não passaram de uns dois mil. No entanto, o governo do Partido dos Trabalhadores “indenizou” dezenas de milhares de vagabundos que nunca enfrentaram nem cara feia de milicos ou agentes do regime ditatorial. E pior: receberam fantásticas “boladas” iniciais e ainda são agraciados com “aposentadorias” escandalosas. Em troca, aproveitam a ociosidade para defenderem o governo com unhas e dentes dentro da imprensa e, agora, através das redes sociais. Inventam notícias e informações para rebater o avanço da verdadeira justiça em cima dos ladrões dos cofres públicos, onde eles também estão incluídos e se beneficiam de corpo e alma. Os que realmente foram prejudicados – que são poucos – que tenham a ajuda indenizatória, mas não com abuso. O dinheiro público tem que ser sagrado, acima de tudo.

Ora, a presidente Dilma sabe que qualquer governo bem intencionado, que certamente substituirá ela, terá que fazer uma assepsia nos quadros viciados do governo. O dinheiro público virou capim onde somente pastam os patifes despreparados infiltrados, por força política, nas áreas da saúde, educação, segurança pública e nos vários ministérios e órgãos criados apenas para abrigá-los dentro da máquina. No mais, este mesmo futuro governo terá que mostrar ao povo como foram gastos, nos últimos 15 anos, os recursos da Petrobrás, do BNDE, da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, do FGTS e dos fundos de pensões formados pelos descontos nas folhas de pagamentos de várias categorias de funcionários e servidores de estatais. Onde foram parar os bilhões e bilhões de reais que deveriam proporcionar melhor qualidade de vida ao povo? O Brasil precisa saber de tudo e, caso queira contribuir com a história, a presidente Dilma Rousself poderia fazer a sua “delação premiada”, contando à Justiça como foi o desempenho dela nos cargos que ocupou e quais os prejuízos sérios que ela causou ao País.

Os medicamentos de combate aos males da corrupção começaram a ser aplicado pelo ex-ministro Joaquim Barbosa, do Superior Tribunal de Justiça, que travou luta quase insana contra outros pares que “defendiam” a impunidade dos beneficiados pelo mensalão político. A opinião pública e as provas pesaram e as punições do mensalão saíram. As sentenças foram abrandadas pela corte, mas serviram de bálsamo para as almas que clamam por Justiça.

E já que hoje os ministros da mais alta corte estão inertes, pelo menos por enquanto, com relação ao processo de combate firme contra corruptos que arrasaram a Petrobras, a Eletrobras e outros programas e empresas do País, que eles continuem assim enquanto o “médico sanitarista” Sérgio Moro, que também é Juiz Federal, ministra doses de justiça na testa de políticos e empresários para combater o mal da impunidade. A lista de safados é extensa e, aos poucos, o povo vai conhecendo os integrantes da máfia que ajudou a colocar o Brasil neste triste e preocupante estado de letargia. O remédio Lava Jato vai dilacerando o vírus da ladroagem dentro do poder público, e a coisa somente vai parar se o STJ resolver entrar com antídoto da tolerância e da cumplicidade para proteger os criminosos.

Muita gente pode perguntar que se ser contra o governo corrupto petista é revanchismo. Não é não. Enquanto o governo não roubou descaradamente o Brasil, quase como um todo, aplaudiu e apoiou o operário que assumiu o controle da Nação. O problema foi a queda da máscara e a formação do exército de Corleone dentro do poder, que meteu a mão no dinheiro público com gosto de gás. Um time foi condenado e levado para a Papuda (mas quase todos estão aí leves e soltos). Agora a prisão poderá receber mais uma leva de trastes que envergonham a República. E que a caçada ao dinheiro roubado seja levada às últimas consequências. Não é justo que milhares de pessoas morram nas portas dos hospitais, que estudantes interrompam seus estudos, que a criminalidade faça milhares de vítimas e os responsáveis por tudo isto continuem desfrutando do botim do assalto praticado aos nossos cofres.

E que a Justiça faça mais: investigue as câmaras municipais, as prefeituras, as assembleias legislativas, os governos estaduais, o Congresso e o governo do Planalto como um todo. Quem rouba tem que pagar pelo crime, ressarcir os prejuízos e ficar atrás das grades para ser exemplo de que a corrupção tem cura. Esta é a esperança da grande maioria do povo brasileiro.

(Lorimá Dionísio Mazinho, jornalista)

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