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O livro das Manifestações Culturais de Antônio, da Kelps

O Salão Dona Gercina do Palácio das Esmeraldas viveu, na terça-feira, dia 14 de julho, que lembra o “14 Juillet”, da França, a Queda da Bastilha, data magna da França moderna, um de seus momentos mais vibrantes, com o lançamento de Manifestações Culturais em Goiás – Tradicionais e Populares, de Antônio Almeida, cognominado  “o Mecenas das Artes, em Goiás”. Jamais tinha visto um ajuntamento tão compacto de representantes de tantas entidades populares, em Goiás. Ali estavam desde a cantora lírica, goiana, até o Zé Capeta com o seu folclórico berrante.

Representantes de todas as Academias de Letras, como a Academia Goiana de Letras, a Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, a União Brasileira de Escritores, o Instituto José Mendonça Teles, o Instituto  Licínio Leal Barbosa de Estudos Jurídicos e Sociais – Illibar, a Associação Goiana de Imprensa/AGI, o IHGG – Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Academias de quase todas as cidades do Estado, e entidades de representação cultural. As principais representações políticas, culturais e sociais estiveram presentes. E cada uma delas foi distinguida por uma comemoração em Palácio. Diploma que marcará, indelevelmente, sua presença no histórico momento cultural.

A Apresentação é de Marcos Gomes, e o Prefácio, de Bariani Ortêncio.

Na Apresentação, Marcos assinala “as influências indígenas, africanas e européias, majoritariamente de raiz lusitana, na formação e desenvolvimento de Goiás, desde a descoberta das primeiras minas de ouro pelos Bandeirantes, no final do século XVII, propiciaram o surgimento de muitas manifestações, herdadas desses povos e etnias. Goiás, nome concernente à antiga presença dos índios Goyazes, possui uma identidade cultural, caracterizada pela diversidade, proveniente dessa mistura de índios, negros, portugueses e imigrantes italianos, alemães, espanhóis, entre outros. O tesouro valiosíssimo, constituído pelas mais variadas expressões desses povos, adicionadas às manifestações surgidas ou reinventadas, no decorrer do tempo, está no cerne da cultura goiana”.

No Prefácio, Bariani acentua que, “desde a criação da Comissão Goiana de Folclore, em 1948, o mesmo  ano de criação da Comissão Nacional, que  a CGF e o Instituto Goiano do Folclore, da Secretaria Estadual de Educação e Cultura vêm tentando fazer o mapeamento das manifestações  culturais  em Goiás. A finalidade do mapeamento é registrar o folclore imaterial, em toda a sua abrangência. Décadas se passaram, e foi feito muito pouco, e esse pouco apenas na capital e em algumas cidades  do Estado. A nossa Comissão deu um grande passo, no sentido de conhecer onde as manifestações se processam, instituindo Comissões Municipais, num total de 18.

Eis alguns tópicos dessa temática cultural.

  1. Encontro de Muladeiros – “Ser muladeiro é comer comida de rancho, cavalgar na beira da estrada e pela estrada ter paixão. Os muares são conhecidos desde os tempos mais remotos. Estão presentes em citações da Bíblia, e já receberam diversas homenagens, inclusive como tema de canções do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e do famoso forrozeiro, Genival Lacerda.”
  2. Festas dos Carros de Boi – “Essa é uma das tradições mais antigas da humanidade, que integra o calendário cívico e festivo de muitas cidades do interior de Goiás. Há, inclusive, um espaço reservado para as suas apresentações: O carreiródromo, em Trindade. As suas estruturas são rudimentares feitas de madeira de lei. Usa-se, principalmente, a aroeira, sucupira e carnaúba. Os carros de boi ecoam um chiado melodioso, chamado baixão, produzido pelo atrito do eixo com a madeira que sustenta a grade. Esse poema vivo da ruralidade tradicional continua presente, resistindo a toda parafernália a tecnológica do transporte moderno.” (pág. 27).
  3. Festivais de Catira – “Qual é o nome dessa dança, presente nas festas tradicionais, movimentada pelas batidas de mãos e pés numa mistura das culturas africana, espanhola e portuguesa? É a folclórica Catira, também chamada Cateretê (aquele que é bom em Tupi-guarani). Ela está intimamente inserida na formação da identidade cultural goiana.”
  4. Encontro de Tambores – “A música e a dança, trazidas da África pelos escravos, se transformaram em manifestações de comunidades afro-descendentes, sob influência de crenças e tradições herdadas dos antepassados. Dessa mistura, surgiu um movimento, em Goiás, que se expressa em eventos, como o Encontro dos Tambores da Chapada dos Veadeiros, cuja 1ª edição aconteceu no dia 02 de fevereiro 2014, em Alto Paraíso, e o Encontro de Tambores da Cidade de Goiás, que realizou também, nesse mesmo ano, a sua 6.a edição.” (pág. 34).
  5. Violeiros e Cantadores– edições herdadas dos antepassados. Dessa mistura, surgiu um movimento, em Goiás, que se expressa em eventos, como o Encontro dos Tambores da Chapada dos Veadeiros, diz Antônio Almeida, com a autoridade que a sua condição de pesquisador arguto, apaixonado por nossos usos, costumes e tradições: “Eles cantam os usos e costumes populares e regionais. Retratam a vida e o pensamento das pessoas simples do campo e do interior de Goiás. As suas vozes ecoam a música da terra que vem da necessidade do sertanejo de expressar suas aventuras e desventuras, tristezas e alegrias, prazeres e sofrimentos, pesadelos e sonhos, esperanças e frustrações.” (pág. 53).
  6. Encontros Culturais – Há o Encontro de Bonito, de 5 a 7 de setembro, cuja 7ª edição se realiza na sede da Associação Rural de Produtores, no Distrito do Bezerra (Formosa/GO).
  7. Também há o Encontro de Inhumas/GO, antiga Goiabeira/GO, às margens da Estrada Real rumo à Cidade de Goiás, ponto de pouso dos tropeiros, à sombra de extenso goiabal. No ano de 2012, de 9 a 16 de setembro, realizou-se, ali, a 7ª edição do Encontro de Culturas Tradicionais de Inhumas, com oficinas de artesanato, exibição de filmes do Projeto Fica Itinerante, e apresentação dos Filhos de Aparecida, grupo de Violeiros da Associação de Catira e Folia de Reis de Aparecida de Goiânia, Companhia de Santos Reis de Inhumas, Quadrilha Junina, Orquestra de Violeiros Gustav Ritter e Congada da Vila João Vaz.

(Licínio Barbosa, advogado criminalista, professor emérito da UFG, professor titular da PUC-Goiás, membro titular do IAB-Instituto dos Advogados Brasileiros-Rio/RJ, e do IHGG-Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, membro efetivo da Academia Goiana de Letras, Cadeira 35 – E-mail [email protected])

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