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OPINIÃO

As cronistas do chão do Cerrado

Em Goiás destacaram-se no gênero crônica os escritores Antonio Juruena de Guimarães, Genezy de Castro e Silva, Maria Ferreira de Azevedo Perillo, Altair Camargo de Passos, Floracy Artiaga Mendes, Ary Demóstenes de Almeida, Zecchi Abrahão, Cora Coralina, Graciema Machado de Freitas, Nair Perillo, José Mendonça Teles, Belkiss Spenciére Carneiro de Mendonça, Gil Perini, Maria do Rosário Cassimiro, Bariane Ortêncio, Brasigóis Felício, Mário de Moraes, Jean Pierre Conrad, Altamiro Pacheco, Carmo Bernardes, Hamilton Carneiro, e muitos outros.

Assim, nas páginas seguintes, observaremos as crônicas de viagem no final do século XIX, as cronistas dos jornais A Rosa e o Lar, a evolução do gênero com Graciema Machado e Genezy de Castro e o sentimentalismo nas produções de Nair Perillo, destacando os meios de veiculação desde os registros feitos em velhos cadernos, passando pelos jornais pioneiros do Estado até a publicação do primeiro livro de crônicas, feito por mãos femininas, já na década de 70 do século XX.

Em Goiás, as crônicas nasceram sob a égide feminina nos jornais A Rosa e o Lar, na velha capital, Cidade de Goiás.

Foi mesmo a partir de A Rosa que iniciou sua circulação em l907 que nomes femininos começaram a aparecer na imprensa e que mulheres cronistas e jornalistas passaram a atuar com trabalhos que denotam, pela linguagem e escolha vocabular certo romantismo tratando de assuntos ligados às emoções pessoais, sentimentos e perquirições existenciais, além de nostálgicas descrições do bucólico ambiente goiano, revelando as preocupações e necessidades culturais e sociais da época.

Observaremos como tal fato ocorria pelo cotejamento da produção de Illydia Maria Perillo Caiado, publicada no jornal A Rosa em sua edição de 24 de setembro de 1908, e pelo que foi possível encontrar em nosso levantamento em arquivos públicos e particulares, uma das primeiras manifestações femininas no gênero por meio da imprensa de Goiás, embora alguns estudos e biografias de autoria de Josefina Pinheiro e Ondina de Bastos Albernaz apontem o nome de Jacinta Luiza do Couto Brandão Peixoto (mãe da poeta Cora Coralina) como autora de algumas crônicas em jornais de Vila Boa comentando sobre a Monarquia brasileira.

No ano de 1926, entrou em circulação o jornal O Lar. Diferentemente de A Rosa que teve por gerente um homem, O Lar foi formado completamente por senhoras e mocinhas que conseguiram impor o talento através de uma postura elegante e sutil, como era condizente ainda com os ditames severos da sociedade patriarcal da República Velha.

Sob os cuidados de Genezy de Castro e Silva, Oscarlina Alves Pinto, Floracy Artiaga, Laila de Amorim e Altair Camargo, O Lar teve em Maria Ferreira de Azevedo Perillo uma de suas principais colaboradoras.

Nas primeiras décadas do século XX, enquanto nos grandes centros fervilhavam as mais calorosas discussões sobre os conflitantes problemas nacionais e globais como a Primeira Guerra Mundial, e a literatura postulava um debate sobre esses conflitos nas obras, ainda se tematizava na literatura goiana o papel de mãe, esposa, sacrifício e devotamento à causa da família.

O arquivo guarda informações valiosas para o pesquisador que, pelo confronto de informes, pode desvendar o que os textos deixam transparecer como um estado de espírito de contemplação e aceitação da realidade, dos modelos de vida social e pública goianas, que se formavam nos primórdios da República Velha, no governo de Xavier de Almeida que foi deposto pela “Revolução Branca” de 1909, que daria início ao Caiadismo. Compraziam-se as cronistas, “as mocinhas”, em apenas levantar dados preliminares em descrever os fatos no sentido linear, de forma suave.

E a crônica inserida no sentido geográfico, serviria para destacar, pontualmente, certas ocorrências nos lugares ou nas regiões, pelo flash da instantaneidade. Por seu caráter de rapidez e fugacidade, a crônica estaria inserida no Lugar, já que se ocupa de fatos pequenos e cotidianos. E descrever regiões e lugares seria um recorte pleno de dificuldades, pelo labiríntico que o mesmo pode ser e os conflitos da dimensão espacial da sociedade.

O termo mesmo Região, deslocou-se apenas do olhar geográfico e passou a fazer parte, também, de outras ciências, desdobrando-se, na Literatura, como Literatura Regional ou Regionalismo, para singularizar certas produções de um determinado lugar. Haveria, por assim dizer uma Literatura Regional do Cerrado?

Illydia Maria Perillo Caiado, olhando as serras e morros, e escrevendo...

Illydia Maria Perillo Caiado, apelidada de Zizi, foi uma das cronistas do jornal A Rosa, em 1907, gerenciado por Heitor de Moraes Fleury. O mais antigo jornal que encontramos foi à edição acima referida do mesmo com a crônica de Illydia Caiado:

A noite estendeu sobre a terra seu negro véo orvalhado de tristezas...

Surgiu no horizonte a lua, rodeada de brilhantes estrelas qual linda rainha cercada de suas damas.

No jardim a rosa segredava com o cravo, ouvia-se apenas o sussurrar da brisa que agitava brandamente os raminhos floridos e ia dizendo algo sem queixumes para as longínquas montanhas.

O céu estava recamado de formosas constelações, cuja luz refletia na cristalina água do rio, que ligeiro corria como um fio de cristal.

Nessa noite de luar, eu, na janela, estava pensativa e melancólica: fitava as estrelas que, parecendo compreender-me, sorriam-me, revelando segredos de saudades...

Meditava, contemplando as estrelas e a lua, e suspirava quando a brisa me trazia da montanha o acre perfume das florestas goianas... Árvores pequenas e tortas, derramadas aqui e ali, nas encostas dos morros.

...Como são belas as noites de luar em Goyaz! No meio delas a lua branda e fria se destaca, envolta levemente em um círculo azul esmeraldino. Sim, as nossas noites têm especial encanto...

O tema da crônica de Zizi Caiado (apelido de Illydia Maria Perillo Caiado) está ligado à evocação das belezas naturais de Goiás no cenário de seu casario colonial, aliado ao seu deslumbrante luar daqueles dias em que a iluminação era pouca e estrelas e luares eram bastante destacados, mostrando que ainda no início do século XX, quando o sudeste brasileiro já vivia acelerado desenvolvimento e preocupavam-se em sua fase pré-modernista em valorizar o nacional, buscado pela pesquisa da realidade e dos conflitos, o nosso Estado se encontrava num pesado letargo, distanciado de inovações literárias e progressistas.

A autora evoca a natureza circundante da Cidade de Goiás, de onde se descortinava de seu sobradão do Largo do Chafariz, os morros, os montes, os cerrados com suas árvores tortas e esquecidas, derramadas pelos matos, como mesmo ressaltou a autora, nas sombras da noite.

Sutileza, graça e encanto eram lemas do jornal que trazia páginas literárias das escritoras goianas, encantadas pelo clima de magia que envolvia o cenário da Cidade de Goiás, abolindo artigos políticos ou de críticas ao governo Xavierista.

O vilaboense era, na definição de Calado (1986, p. 12), “um povo simples, que, pelo seu isolamento e pela sua formação, alicerçaram uma sociedade peculiar”. Essa peculiaridade se dava pelo jeito de viver, pelos costumes anacrônicos, nas concepções de mundo e no próprio fazer literário ainda desvinculado das inovações presentes, por exemplo, na mesma época, em obras de Lima Barreto.

Com o desaparecimento do jornal A Rosa, a colaboração feminina também ficou restrita ao gosto masculino de outros editores de jornais. Por informações de Nelly Alves de Almeida, em sua já citada obra Análises e Conclusões, há referências sobre participação de cronistas femininas no jornal O Fanal, de Bela Vista de Goiás, antiga Suçuapara, destacando-se Lili Rossi, mas em todos os arquivos não foi possível descobrir exemplares ou mesmo recortes de produções femininas de maior destaque nesse ou em outros jornais da então capital ou no interior do Estado.

Maria Ferreira de Azevedo Perillo e os estudos sobre Goiás como Lugar

Da intensa colaboração de Maria Ferreira de Azevedo Perillo em O Lar, extraímos o trecho de uma crônica que foi publicada no primeiro número desse jornal, que circulou na Cidade de Goiás em 15 de agosto de 1926:

O meu Estado fez anos – 202 – e, assim mesmo, evocou com saudades a sua infância. Contou-me toda a sua história. Falou-me de suas aspirações futuras.

Foram uns homens que andavam ao léo, através das matas labirintadas do sertão, que o encontraram, menino ainda, vadiando anônimo na profusão verde das florestas, Bartholomeu Bueno, o chefe da expedição, batizou-o.

Mais tarde, chamaram-no com um outro nome. Mas ele não se contento com essas designações, esperou a maioridade. Trocou novamente de nome. Escolheu um que lhe lembraria sempre os primeiros amigos, os que com ele erravam nas matas pejadas de sombras e de verdura.

E a notícia de que ele era rico e vivia quase só, começou a arrebanhar para a sua casa e para sua herança os filhos alheios, os descendentes de terras estranhas. Acolheu a todos. Deu, a cada um, um pedaço de terra e de coração. Adotou-os. Em troca, eles lhe deram muitos netos e bisnetos. Uma geração enorme, sucessiva fecunda.

E nos manuscritos empoeirados, nos alfarrábios bordados pelas traças, o bom velhinho foi buscar saudades longínquas.

Vês esta? É Damiana. Foi uma heroína. Morreu trabalhando pela minha tranquilidade.

E caiu-lhe do olhar uma saudade que o tempo já enferrujara.

Crônica de abordagem histórica e sentimental, a autora faz uma definição do processo histórico de formação de Goiás, evocando o bandeirante Bartolomeu Bueno, valendo-se de uma linguagem carregada de termos elegantes e excessiva adjetivação, própria das longas descrições.

Há imagens em tom poético como resquícios do Romantismo de Tereza Caiado e Leodegária de Jesus, numa mistura de gêneros entre o poema e a crônica, por meio dos termos tais como: “matas labirintadas”, “profusão verde das florestas”, “alfarrábios bordados pelas traças”, “buscar saudades longínquas”, “caiu-lhe do olhar uma saudade”. Expressões como essas, evidenciam o distanciamento das cronistas goianas com as novas concepções estéticas que já ocorriam no Brasil desde o advento da Semana de Arte Moderna. Estávamos ainda num distanciamento, numa arte descritiva, dolente e sentimental, com poucas inovações como veremos adiante.

Geograficamente, Maria Ferreira evoca o Lugar, as suas especificidades, os sentidos dos Cerrados, as matas como labirintos verdes e então infindáveis de verdura, os campos, o Cerrado enfim.

Era o “período sincrético da literatura goiana” que destaca a mistura de gêneros, a tentativa de modernidade temática, mas com formas ainda arcaicas como podemos perceber nas produções de Érico Curado, Henrique Silva, Arlindo Costa, Breno Guimarães, Vasco dos Reis Gonçalves e Gelmires Reis.

Altair Camargo de Passos – O ambiente, o Cerrado, a paisagem e as queimadas

E para melhor ilustrar esse distanciamento, observemos as preocupações  da crônica de Altair Camargo de Passos, escritora vilaboense que nasceu em 1902 e faleceu em 2001, aos 99 anos de idade. Além de cronista, Altair Camargo foi precursora do trabalho feminino em repartições públicas, atuando como funcionária dos correios e telégrafos e uma das primeiras mulheres da Cidade de Goiás a dirigir automóveis.

A crônica abaixo foi publicada no jornal O Lar, na edição de 26 de novembro de 1929, ano da crise da Bolsa de Nova York que provocou sério blecaute econômico no mundo e a derrocada de inúmeros fazendeiros do Brasil. Mesmo com toda transformação social e econômica que ocorria, a cronista limitava-se a contemplar os morros adjacentes do vale da Serra Dourada:

Surgiu agosto, o mês das queimadas, o mês das saudades! A atmosfera impregnada de fumaça faz com que os corações sintam com ardor as vibrações sutis do sublime sentimento: a saudade! Nome que a pena impotente tenta descrever sem jamais conseguir!

Haverá, porventura, alguém que ainda não tenha sido tocado pelo afago doce de suas asas?

Saudade! Tristeza que nos faz bem; dor que nos alimenta; lembrança que nos atrai; flâmula lilás que envolve o nosso pensamento; canto que embala a nossa alma com doces e amargas recordações!

É tão suave, tão sutil esse sentimento que se apossa de nós, que não sabemos quando é dor ou prazer.

Nos campos, notam-se no meio do negror das queimadas, as roxas flores que coaduna com o que este mês, silenciosamente, nos diz, tendo somente aqui e acolá, para minorar as tristezas, as douradas e graciosas caraíbas. A encantadora Serra Dourada se nos apresenta, ao pôr do sol, de um escuro roxo azulado, que nos arrebenta nas asas dos sonhos, convidando o nosso pensamento para voar, voar...

A cronista Altair Camargo, como vemos em seu trabalho, enveredou, como as demais, na evocação sentimental da paisagem de Goiás, envolvida por um halo de romantismo, evidenciando o tom também nostálgico que envolvia o convívio feminino entre os contrafortes da Serra Dourada.

Mostra o fenômeno das queimadas como uso corrente na velha capital a destruir o Cerrado, abrindo possibilidades para o rebrotar do capim nativo, ressequido no mês de agosto, ou para o plantio de roças. Evidencia as flores roxas, ainda desbotadas, a fumaça e a ardência da região no mês triste e enfumaçado no coração do Brasil.

Cora Coralina,

uma cronista da

Informação Goyana a destacar o Cerrado

Cora Coralina iniciou sua carreira literária como cronista e não como poetisa, como tantos pensam. Foi na Revista Informação Goyana, iniciada em 1917 que a famosa literata da Casa Velha da Ponte teceu sua visão de mundo.

E evocou justamente o Cerrado. Na crônica Ipê florido, Coralina (1917, p. 16) evoca, num português castiço, as características da singular espécie do Cerrado, tão lembrada e discutida. Elucida a imponência do mesmo, visto de longe. Fala de seu embelezamento à natureza dadivosa. Ele passa a ser o ícone da lembrança de um passado perdido.

Ressalta sua presença sempre distinta no Cerrado, suas cores na paisagem e sua proteção aos pássaros e as pessoas. É um texto de quase cem anos, com uma linguagem rica e adjetivada para a época.

Altaneiro e flammivono, erecto e magestoso, alteia na campina verde e distante, embellezando a paysagem deserta com o seu fulgor de ouro novo, o Ipê Florido.

Vejo-te de longe, Ipê Florido, nos dias de sonho e revejo-te ainda hoje nas horas de realidade e és o mesmo para mim, porque m’nha alma não envelhece, tecendo sempre a teia encantadora da ilusão...

A camp’na toda um liquor de esmeraldas, mordida pela volúpia quente do sol e o ipê altaneiro e majestoso todo florido em jalde, nimbado d’ouro explende, irradia, trêmula e scintilla nas cambiantes vivas da cor.

Pássaros de plumagem rica e gorgeio estranho poisam nos seus galhos, borboletas azas irisadas recortadas em seda, osculam suas flores, abelhas, fulvas sugam-lhe o mel, o perfume e o doce polem dourado, besouros zumbem luxuriosos, colibris de bicos lanceolados sondam o cálice das flores olorosas e o Ipê glorioso e florido, vibra de sons, de canto e de cor na luz forte e ardente do sol e do vento do deserto que passa palhetando de ouro o corpo verde, todo verde da campina deserta...

Graciema Machado, de Jaraguá para a evocação da terra e dos valores goianos

Nas décadas de 20, 30 e 40, nem todas as mulheres cronistas se destacaram pela observação ilusória e distanciada dos problemas comuns daquela época. Algumas paralelamente ousadas e decididas passaram a criticar os erros ou mesmo a forma de literatura convencional para uma época.

Assim foi a escritora Graciema Machado de Freitas (1906-1985), a voz feminina que vinha de Jaraguá para a Cidade de Goiás anunciando o pensamento libertário que já ecoava no interior do Estado, por meio de jornais que nasciam como símbolo de resistência ao abandono e isolamento das cidades em pleno sertão como Itaberaí, Jaraguá, Bela Vista de Goiás, Palmeiras de Goiás, Piracanjuba e Corumbá de Goiás.

Nessa época, Graciema Machado de Freitas, que assinava seus escritos como Grace Machado, já colaborava com jornais como O Itaberay, O Lar, O Paratodos, O Jornal, além de revistas cariocas e jornais de São Paulo, ocorrendo mesmo que uma crônica sua sobre Luis Carlos Prestes ganhou primeira página de um jornal no Rio Grande do Sul.

Mesmo com o acúmulo de funções como professora em Jaraguá e, após o casamento com o farmacêutico e político Clotário de Freitas, o nascimento de 10 filhos, sempre encontrou tempo para a escrita e para atualização de suas leituras em francês, língua de sua predileção.

As crônicas de Graciema Machado de Freitas foram, em sua grande maioria, publicadas nos jornais O Lar e O Itaberay, e desse último extraímos uma publicada em 17 de agosto de 1928, por ser a primeira em que mostra traços de modernidade na linguagem e na temática:

A mocidade de hoje, com vivência e ambientes diferentes dos de alguns anos atrás, sugere uma série de conclusões pelo modo de agir. Um mundo novo no cenário do Cerrado da imaginação. Mundo que extrapola as campinas.

Houve, realmente, profunda modificação na maneira de encarar a vida, de proceder, nestas últimas décadas.

E o fruto desta nova geração, criada com todo o carinho, amor e cuidado, dentro dos princípios com certa rigidez ou conceitos de educação, vindos de colégios de freiras, transformou-se nesta esplêndida juventude, aliás esplêndida mesmo.

Há, naturalmente, exceções, mas não atingem a maioria.

Dentro do nosso saudosismo, a orientação tão sabiamente ministrada por ilustres e queridas professoras, nos incutia a ideia de desprendimento, no sentido de repressão à vontade, um rígido controle de nossos desejos, um perfeito domínio sobre os impulsos e explosões de nossos sentimentos e palavras.

Teríamos de agir com modos comedidos, mais ou menos sem grandes efusões, nos movimentos controlados e medidos, de certa forma com graça, dentro do teor que a educação da época exigia.

Uma carta para o namorado... representava uma peça literária bem trabalhada, burilada, repleta de palavras carinhosas em que o sentimento brotava em profusão, na tônica, por excelência, de palavras de amor, saudades, juras...

Nada de muito positivo, de prático.

Agora, tudo diferente. Não quanto ao sentimento que continua o mesmo, desde priscas eras até a nossa.

Mas campos novos, campinas diferentes, não o espaço fechado das matas das incompreensões. Campos limpos de sonhos.

Observamos, no trecho dessa crônica, o uso de uma linguagem mais despojada da excessiva adjetivação, períodos mais curtos e marcados pela clareza das idéias e a definição dos temas. Era o recurso da novidade, da rapidez, da expansão das ideias sem o burilamento excessivo do léxico, marcas de modernidade que também se fizeram notar no mesmo período na poesia do poeta Leo Lynce e da poeta  Maria Paula Fleury de Godoy, cuja modernidade destacamos no capítulo relativo à poesia feminina.

Mostra a visão do cerrado novo, campos novos, campos abertos á imaginação, na luta progressista que viria logo adiante, com a mudança da capital. Personifica o Cerrado na dicotomia entre atraso e inovação.

(Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado, graduado em Literatura e Linguística pela UFG,  pós-graduado em Literatura Comparada pela UFG, mestre em Literatura e Linguística pela UFG, mestre em Geografia pela UFG, doutor em Geografia pela UFG - [email protected])

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