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OPINIÃO

Lembranças dos tempos de escola - Parte XI

Quando iniciaram as aulas, no quinto ano escolar, consegui ficar estudando somente com Meda, Tami, Linda, Néia, Landa, Lara, Mari e Edu. Os outros mudaram de sala, alguns de turno ou de escola, grande parte foram embora da cidade, inclusive Meda, Tami, Linda, Eleno, Landa, Lara, Mari, Edu e eu tivemos que estudar em outra escola porque aquela não ensinava para alunos com o nosso nível de instrução, era uma escola primária, como falava na época. Chegando à nova escola nos deparamos com Aladim, primo de Roney, Milda, Cal, Diron, Nice, Evanilde, Hélio, Gila, Zezé, Iraci, Izaildo, Jossuélia, Zé da Mata, Suélia, Neuzinha, Lúcia, Onas, Pedrosa, Paty, Roberval, Raí, Reinildo, Celina, Valdina e Tainá, até então todos desconhecidos por mim e alguns já eram conhecidos de Edu.

De início, não foi nada fácil, primeiro porque até aquele momento, passávamos o ano inteiro com uma professora só para todas as disciplinas e agora cada disciplina era ensinada por um professor diferente. Sem falar que as próprias disciplinas que antes eram menos, agora passaram a ser bem mais. Segundo porque estávamos praticamente sozinhos ali. Sozinhos porque eu não conhecia ninguém além de Edu e ele não era muito de se relacionar com aqueles já conhecidos ou fazer amizades repentinas. Aos poucos, fomos aproximando de alguns colegas.

No início não fizemos muitas amizades devido aquilo supracitado, depois estávamos entre os mais novos da classe, em se tratando de idade, porque na mentalidade parecíamos os dois mais velhos. Também não tivemos inimigos, tínhamos disputas um pouco acirradas e elas aconteciam quase sempre, entre Pedrosa, um grande amigo, talvez o primeiro que fizemos naquela sala. Nossas lutas eram as quedas de braço. Iniciamos quando ele vencera todos da sala, inclusive Edu. Surgiu o comentário de que eu também seria vencido e o desafiei para uma competição, na qual eu o venci. Ele era fortuito, poderia ter ganhado todas as lutas, mas de mim, ele não ganhou nenhuma. O bom de tudo aquilo não eram as vitórias perante ele, o bom foi que a partir dali nascera uma grande amizade entre nós e uma maior aproximação entre Edu, eu e os outros, intermediado por ele que já conheciam muitos ali há tempos.

Izaildo era um menino que desde o primeiro dia de aula tivera a cara-de-pau de fazer gracinha com todos. Ia de mesa em mesa provocando um e outro. As meninas ele beijava, os meninos ele chamava de “gato... comedor de rato”, completava rindo. Cheguei a ficar irritado com ele quando mexeu comigo, mas era como falava os professores: parecia ter um formigueiro na sua cadeira.

Chatinha mesmo era Néia, se achava dona da escola simplesmente porque sua tia era professora, em outro turno. Não nos restavam dúvidas, a menina era realmente uma gatinha, linda, linda, senão, o sonho de qualquer menino! Porém, muito convencida, creio que ela alimentava a esperança de não se decompor depois de passar pelo bico do corvo. Mas como disse anteriormente, apesar de seus nenhenhens, muitos de nós não a tirávamos da cabeça nem mesmo na hora do banho. E como eram demorados e prazerosos esses nossos banhos! Sinal de que a tínhamos como o mais longo dos pensamentos! Edu a descrevia como sendo o ser mais escultural do mundo. Tinha razão o moleque, ela era muito sensual, trajava de modo tão apertado que parecia que iria ser espremida a qualquer momento como uma cana no engenho. Ah, e quem de nós não queria saborear daquela calda suculenta? Usavam roupas tão apertadas, coladas e justas no corpo de tal forma que se deixasse escapulir um pequeno pum, este não encontraria nenhuma brechinha para exalar e ficaria feito uma bolinha de pingue pongue ou bola de gude no fundo dos trajes íntimos dela.

Tínhamos onze matérias, uma enorme carga para quem antes só precisava se preocupar com no máximo cinco disciplinas. Administração do Lar, ensinada pela professora Vanda; Ciências Físicas e Biológicas, matéria aplicada por Leda; Educação Artística, era a professora Nil quem nos ensinava; Educação Moral e Cívica ficava por conta de Leuza; Ensino Religioso, abordada pela professora Lina; Geografia, uma das minhas matérias favoritas, depois da Língua Portuguesa, é claro, era regida por Marília; História, pela professora Rise, ou melhor, Tia Rise, pois ai de quem não usasse esse respeitoso “pronome de tratamento” para com ela; Inglês era ensinado pela professora Tina; Freitas cuidava de nos ensinar Matemática; e Zete nos fazia debruçar nas regras do Português.

As nossas aulas práticas de Educação Física eram ministradas em horários opostos aos horários das demais disciplinas, isto é, estudávamos no período matutino e as aulas práticas eram ministradas à tarde. O professor era único tanto para os estudantes do sexo masculino quanto para aqueles do sexo feminino e, por isso, todas as turmas se integravam para ganhar tempo. Assim, personalidades como Djou, Dil, Vaguinho e outros se juntavam ao Edu, Roney, Érick e eu para executar os exercícios corporais sugeridos pelo nosso professor Suelo. Muitas vezes nosso mestre ordenava corrermos ou caminhar da cidade até a serra onde eu morava antes, para aquecermos. Particularmente, achava uma delícia, mas para muitos alunos ter que participar dessas aulas era um castigo, para nós isso era genial, pois significava mais oportunidades de ficarmos mais tempos juntos e realizar nossas inocentes travessuras. Alguns alunos que não fazia parte do nosso grupo até exagerava um pouquinho, colocando fogo nas gramíneas às margens da estrada. Tudo isso escondido do professor, é claro! Suelo era muito bravo! Louco, para alguns.

As amizades, fora da sala de aula, eram as mesmas, Roney e Érick. Isso para sair e dar umas voltas pelas ruas da cidade, festinhas e alguns passeios, porque para conversar, às vezes, eu encontrava com antigos ou novos colegas.

Tinha também aqueles que, raramente, íamos para a escola juntos. E ainda outros mais como é o caso de Adjúnior e seu irmão Vagner que moravam perto de casa e sempre no primeiro dia de aula de cada ano combinávamos para irmos juntos à escola, visto que estudávamos à mesma hora.

Negão, irmão de Érick também andava conosco, às vezes. E nessas nossas andanças aproveitávamos para realizar novas experiências.

Não foram poucas às vezes em que partíamos da cidade com destino aos bosques nas proximidades, onde nos isolávamos por grande parte do dia. Eram nesses passeios que, com pouca frequência, experimentávamos um pouquinho de bebida alcoólica e algumas tragadas de cigarros de fumo. Não que Negão fosse o incentivador, pelo contrário, ele nos orientava a não seguir com esses hábitos.

(Gilson Vasco, escritor)

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