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OPINIÃO

No caso da Celg, atire a primeira pedra quem não tem pecado

O atual discurso político no sentido de encontrar culpados para a situação da Celg não se coaduna com as ações implementadas pelos dois partidos políticos – PMDB e PSDB – na gestão da empresa ao longo de 27 anos. Culpar um ao outro em nada ajuda a população a compreender o que de fato aconteceu. Aliás culpar um ao outro é sempre mais fácil.

Posto isso, baseado em vários documentos de época, este artigo intenciona separar o joio do trigo no sentido de avaliar quantitativamente a real culpa de cada um dos partidos envolvidos no processo histórico que levou a empresa para onde realmente está: na lona.

Cinco  eventos diretamente se relacionam à decadência da Celg que, de modo efetivo, sofria influência do PMDB.

Primeiro: a entrega da Usina Hidroelétrica de Corumbá

Esse evento provocou a descapitalização da empresa, que, por sua vez, foi causada pela diferença entre o valor do ativo fixo e o valor do tombamento da usina. Resultado: a Celg perdeu em valores absolutos onze milhões, quatrocentos e noventa e oito mil, novecentos e noventa e dois reais (R$11.498.992,00).

Segundo: Divisão do Estado

Com a divisão do Estado ficaram valores pendentes nas contas a receber no montante de trezentos e setenta e oito milhões, oitocentos e dezessete mil, cento e dezesseis reais (R$ 378.817.116,00).

Terceiro:Privatização de Cachoeira Dourada 

O evento Privatização da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, aliado ao criminoso contrato de energia superfaturado (que não colocou ninguém na cadeia, muito pelo contrário: premiou), foi decisivo para jogar a empresa literalmente na lona. Resultado: dois bilhões, quinhentos e trinta e quatro milhões, oitocentos e dezenove mil, novecentos e noventa e dois reais (R$ 2.534.819.992,00) descapitalizaram a já combalida Celg.

Quarta: CODEMIN

Os indevidos subsídios concedidos à Companhia Níquel Tocantins se constituíram noutro fator que influenciou diretamente no desequilíbrio da empresa. Com esse subsídio, a Celg amargou um prejuízo de trezentos e setenta e oito milhões, cento e trinta e oito mil, novecentos e sessenta e cinco reais (R$ 368.138.965,00).

Quinto: Governo do Estado de Goiás

A dívida do Estado de Goiás com a Celg chegou à espantosa cifra de um bilhão, quinhentos e trinta e oito milhões, setecentos e doze mil reais (R$ 1.538.712.000,00)

Desse modo, considerando esses fatos relevantes agregados e, colocando o preto no branco, deixaram de entrar nos cofres da empresa – de 1983 a 2008 – quatro bilhões, quatrocentos e sessenta e três milhões, cento e nove mil (R$ 4.463.109.000).

É bem verdade que aproximadamente 75% do estrago se deve a ações predatórias durante os governos do PMDB. Porém vale ressaltar que, a partir dos governos do PSDB, veio um novo discurso político em torno da modernidade e o que isso significou, para a empresa: compra de pacotes tecnológicos inúteis e o inchaço de consultores. Não custa dizer ao atual governo que ele tinha legitimidade concedida pelo povo de Goiás para efetuar mudanças na Celg. Moral da história: PSDB e PMDB, quem desses dois partidos pode, afinal, atirar a primeira pedra na calamitosa situação em que hoje se encontra a Celg?

(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético, autor, entre outras obras, do livro A Construção de Goiás)

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