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OPINIÃO

Celg, um Petrolão à moda goiana

“Virei um leproso. Esse ano de prisão foi um ano de lepra. As pessoas fugiam de mim e continuam fugindo.” Essas são as palavras do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, na edição de 8 de novembro, do jornal Folha de São Paulo. Como é do conhecimento de todos, trata-se do delator do maior escândalo de corrupção ocorrido na história brasileira: o Petrolão – que deflagrou sucessivas operações da Lava Jato.

O engenheiro Paulo Roberto Costa sente, hoje, na pele não só os traumas do tempo em que ficou preso, mas a terrível dor que pode sentir um ser humano nesta vida: a moral. Esta afeta não só quem cometeu o delito, mas toda a família próxima ao infrator. Os amigos fogem como se foge da lepra. Daí vem a solidão.

O delator da Lava Jato fez o seguinte relato no momento de sua súbita mudança de realidade – dos acarpetados e luxuosos gabinetes da Petrobrás no centro do Rio de Janeiro para uma cela da prisão em Curitiba. “Foi o pior dia de minha vida. Quando fecharam a porta da cela, eu achei que estava dentro de um pesadelo, que aquilo não estava acontecendo comigo”, revelou.

Do Petrolão para o que ocorreu na hoje falida Celg, nesses 30 anos, não foi muito diferente. Descontado o tamanho das duas empresas, os métodos utilizados para legitimar as fraudes foram exatamente os mesmos: contratos superfaturados, licitações direcionadas, obras sobredimencionadas. Tudo igualzinho.

Na Petrobrás, a relação promíscua com inúmeros políticos era fundamental para se ocupar cargos de direção na empresa. Quem conhece o passado da Celg, bem sabe que esse filme se repetiu entre nós, haja vista os inúmeros office-boys bem-remunerados que se tornaram diretores da empresa.

Confesso que fiquei fã da presidenta Dilma no dia em que ela, conhecedora dos métodos nada ortodoxos de  certo personagem, que por anos presidiu a Celg, demitiu sumariamente o indivíduo. Motivo da demissão: queria transferir para uma importante empresa federal por ele “dirigida” esse métodos nenhum pouco republicanos. Ao perceber que essa prática se repetiria, a presidenta não teve dúvidas: mandou  o sujeito embora  e o expôs nacionalmente. Nesse momento de luz sobre as trevas das razões que levaram a maior estatal goiana literalmente para à lona, é fundamental expor nosso Paulo Roberto Costa, pelo menos aquele que diretamente contribuiu para mais 2,7 bilhões de prejuízos e o que disso resultou: o desequilíbrio econômico-financeiro daquela que foi a empresa símbolo de todos os goianos.

Como já disse, política é, antes de tudo, um julgamento  moral. Ferir a moralidade joga contra o interesse público e deixa  malandros impunes.

(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético, autor, entre outras obras, do livro A Energia na Região do Agronegócio)

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