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OPINIÃO

É preciso ofender os funcionários da CELG

A liberdade de emitir opinião está intrinsecamente ligada ao Estado Democrático de Direito. Pensar diferente dos outros é algo natural e enriquecedor desde que todos sejam respeitados.

Creio ser oportuna essa observação no atual momento, em que se discute a privatização da CELG. Privatização que afeta não só a venda de um importante patrimônio público da sociedade, mas, também, aqueles que vêm sendo alvo de críticas acirradas que beiram a ofensa - refiro-me aos funcionários da CELG.

Como é do conhecimento de todos, faço parte dessa coletividade de mais de 1.800 pessoas há 33 longos anos. Creio, portanto, estar habilitado a expressar o sentimento coletivo do que é ser um servidor da CELG. Testemunhei, como outros, muitas coisas.Nos duros anos das pressões políticas, repletos de perseguições veladas  ninguém sofreu mais com essas pressões que os funcionários da CELG.

No momento em que escrevo estas linhas, vêm-me à memória a perseguição que sofreu um servidor da casa numa época antes da divisão do estado. Pecado cometido por ele: ter opinião política contrária ao status quo. Por essa razão, um pai de família com filhos em idade escolar foi transferido para a longínqua e quente Xambioá. (Xambioá dista aproximadamente 1.400 quilômetros da então capital de Goiás e Tocantins).

Este escriba mesmo, única e exclusivamente, porque ousou um dia escrever  a respeito do que hoje é do conhecimento público, provou o amargor do isolamento interno, das “comissões de ética”  direcionadas  e engavetadas [sic!], com inclusive a falta de cadeira e mesa para exercer seu labor no momento em que retornava de férias. Crime cometido: escrever contra os programas e contratos superfaturados que quebraram a empresa. Um outro colega engenheiro ficou em dificuldades quando mandou ligar a luz de uma cidade do interior. Motivo do crime por ele cometido: o político tinha se atrasado para a inauguração. No dia seguinte lá estava o “notável homem público” pedindo a cabeça do colega lá na presidência da empresa.

A CELG tem um excelente quadro funcional e este vem sofrendo arbitrariedades como se a culpa fosse dele, e não de políticos inescrupulosos que dominaram por completo a companhia. Quem destoou da honradez e escolheu a esperteza para adular os donos do poder, via superfaturamentos de toda espécie foi meia dúzia não condizente com os 99,9% dos funcionários. Todo mundo sabe quem são eles. Estes, graças às mudanças, vêm sendo paulatinamente desmascarados.

Ninguém deveria condenar uma pessoa por emitir sua opinião contrária ou a favor à privatização. Divergir faz parte da democracia, fato que é saudável e legítimo! O que não faz parte da democracia é ofender milhares de pessoas honestas, que estão passando por esse momento tenso, cujo único pecado é tentar  ganhar o pão nosso de cada dia, ao qual todo o ser humano  tem seu legítimo direito.

(Salatiel Soares Correia é Engenheiro, Bacharel em Administração de Empresas, Mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, do livro A Construção de Goiás)

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