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OPINIÃO

No caso da Celg, a história se repete

Nestes tempos em que se discute a privatização da Celg, creio ser oportuno evidenciar algo de fundamental na história da empresa: a pressa da venda de seus ativos. Para isso, acredito ser oportuno colocar em evidência a seguinte questão: o que diferenciou a privatização da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada do atual momento em que o governo quer vender a Celg? Eis a resposta: tanto o governo diretamente envolvido naquele catastrófico episódio – Maguito Vilela – quanto o atual governo de Marconi Perillo evidenciam o mesmo sintoma: a pressa demasiada em vender o ativo.

A pressa de Maguito Vilela tinha uma razão clara e evidente. Com a torneira da gastança sem fim fechada pela lei de Responsabilidade Fiscal, o governo populista de então se viu repentinamente sem dinheiro. O caminho fácil foi um só: a privatização desembestada da usina, viabilizada pelo contrato superfaturado de compra de energia que consolidou a sua privatização.

O mais agravante foram as falhas das instituições de controle, fato que possibilitou ao governo de então gastar o dinheiro da forma que bem entendia. E que o diga os ginásios de esportes, hoje às moscas, e os asfaltos ligando o nada à coisa nenhuma colocados por este Goiás afora.

As finanças da Celg foram à lona ante a súbita retirada da Usina de Cachoeira Dourada, responsável por 50% da receita gerada pela empresa.

A partir dos anos de 2000, mudaram-se os atores, mas não a atitude deles com relação à Celg. Nesse sentido, o governo Marconi Perillo, legitimamente eleito pelo povo de Goiás,  optou por continuar mantendo a empresa em desequilíbrio econômico-financeiro. E  acabou financiando a tal “modernização” totalmente desprovida do principal atributo para ser moderno. Falo da racionalidade. Em nome dessa “modernidade”, vieram inúmeros pacotes tecnológicos de custos evidentes e bem mais expressivos do que os benefícios deles advindos. Resultado: à medida que se agravava o desequilíbrio econômico-financeiro, o patrimônio da Celg derretia como sorvete.

Não custa lembrar o quanto dos recursos de empresa, tipicamente de energia elétrica, financiou empreendimentos do governo completamente fora de seus objetivos. Gastos demasiados em propaganda (fiquemos só no exemplo do lutador Popó), viagens internacionais e outras coisas mais drenavam dinheiro da estatal.

Assim, a pressa repentina em vender a CELG tem muito que ver com o que nos disse o grande escritor Tomasi de Lampedusa, em seu clássico livro de Ciência Política, “O Leopardo”: “É preciso mudar para ficar tudo igual.” Sim, de Maguito Vilela a Marconi Perillo, foi preciso mudar para continuar tudo igual como era antes. A história se repete!

(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético, autor, entre outras obras, do livro Uma Falência mais que Anunciada)

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