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OPINIÃO

Psicoterapia para a preguiça patológica

Em razão do pessimismo que se assenhoreia do enfermo, a sua convivência faz-se difícil e o seu isolamento mais o atormenta, porque a autolamentação passa a contribuir-lhe uma ideia fixa, culpando, também, as demais pessoas por não se interessarem pelo seu quadro, nem procurarem auxiliá-lo, o que equivale dizer, ficarem inúteis também ao seu lado, auxiliando-o na autocomiseração que experimenta.

Sendo o corpo a casa do Espírito, esse necessita de movimentação de, de exercício, de atividade, a fim de preservar a própria estrutura. Enquanto o Espírito exige reflexões, pensamentos edificantes para nutrir de energia saudável, o corpo impõe deveres, a fim de realizar o mister para o qual foi elaborado. A indolência paralisadora pela falta de ação conduz à flacidez muscular, à perda de movimentação, às dificuldades respiratórias, digestivas, num quadro doentio que tende a piorar cada vez mais, caso na ação seja realizada.

Em realidade, não está pedindo ajuda real, antes apresenta-se reclamando da sua falta para melhor comprazer-se na situação a que se entrega espontaneamente.

A mente não exercita em pensamentos saudáveis, descamba para o entorpecimento ou para o cultivo de ideias destrutivas, vulgares, insensatas, que sempre agravam a uma conduta perniciosa.

O paciente reclama que todos somente te cobram e que, vez ou outra, alguma lucidez ele critica-se por não dispor de forças para modificar a situação em que se encontra, desanimando ainda mais por acreditar na impossibilidade da reabilitação. Faz-se um círculo vicioso: o paciente não dispõe de energias para lutar e nega-se à luta por acreditar na inutilidade do esforço. “Já fiz de tudo e nada adiantou.”

A destreza, o esforço, a habilidade, em qualquer área, são decorrentes das tentativas exitosas ou fracassadas a que o individuo permite-se, resultando da repetição sem enfado nem queixa para a conquista e a realização pessoal.

Na preguiça patológica, ocorre uma adaptação à inutilidade e uma castração psicológica de referência aos tentames libertadores.

Nesse caso, o indivíduo prefere ser lamentado a receber amor, experimentar compaixão a ter o companheirismo estimulante, permanecer em solidão a experimentar uma convivência agradável.

Em matéria editada no Diário da Manhã no dia 05 de outubro escrevemos sobre uma visão psicológica da preguiça patológica e acreditamos ser conveniente dar continuidade para a profilaxia de tal patologia, pois afirmamos que ela tem alguns sintomas parecidos com a depressão, entretanto não pode ser considerada com tal, pois não possui alguns sintomas que agravam o processo depressivo.

Às vezes, o ciente pode receber alguma inspiração ou insight de ordem superior e se perguntar: Por que estou sofrendo desnecessariamente? Até quando vou permanecer nessa condição deplorável? O que fazer ter alguma iniciativa na vida?

Essas interrogações constitui um despertar terapêutico para a mudança de conduta, quase sempre depende exclusivamente do paciente – o carro é o paciente e o psicoterapeuta é aquele que dá um empurrão para o carro pegar no tranco – um exemplo meio “grosseiro”, mas explica bem a questão.

Começa surgir a cobrança e a vergonha pelo estado em que se encontra, o constrangimento pela inutilidade existencial, dando início ao labor de renovação íntima e ao desejo de reconquistar a saúde, assim como o bem-estar sem mecanismos desculpistas ou perturbadores.

Surgem, então, os pródromos do equilíbrio emocional, o natural desejo pela recuperação, passando a ver a preguiça como algo enfadonho e monótono, irritante e sem sentido, causador de aflições desnecessárias, porquanto nada de útil dela pode ser retirado.

Esse processo inicial de vê-la conforme é, proporciona estímulos para a mudança de comportamento, a aceitação de novos exercícios de despertamento, liberando grande quantidade de energia armazenada, que se encontrava impedida de funcionar em razão dos mecanismos de fuga da realidade.

O próximo passo é a destruição da identidade de preguiçoso, acomodado, doente, inútil e rótulos que faz o paciente se sentir ainda mais culpado, que agora vai experimentar a sensação de alegria que decorre do ato de servir, dos instrumentos ativos para a produção de tudo quanto signifique realização pessoal.

Em seguida cai os antolhos que dificultam a visão global da vida, o ego cede lugar à necessidade de convivência e de compreensão fraternal, abrindo espaços emocional e mental para mais audaciosas realizações.

Claro que não se trata de uma simples resolução com efeitos imediatos, miraculosos, que não existem, porque após largo período de ociosidade, todo o organismo emocional e físico encontra-se com limites impostos pela lassidão.

É necessário que as leituras edificantes passem a influenciar os painéis mentais, e as velhas histórias de autocompaixão a que se estava acostumado, fazendo parte do cardápio existencial, cedam lugar aos estímulos da boa convivência social e afetiva, motivando aos avanços constantes.

Neste sentido, a oração e a bioenergia (passes magnéticos) oferecem recursos inestimáveis, ao lado de uma psicoterapia baseada em labores bem diferenciados, a fim de que o paciente volte ao mundo real com nova disposição, encontrando e acreditando estímulos para prosseguir no próprio trabalho que está sendo realizado por ele e por aqueles que estão auxiliando.

A atividade bem dirigida constitui lubrificante eficaz nos mecanismos orgânicos e nos implementos mentais, estimulando as emoções agradáveis a conseguir a saúde integral.

Neste período a persistência entre o paciente e psicoterapeuta torna-se papel importantíssimo para desfazer os nós até então engendrados pelo ego e influencias de encarnados e desencarnados que vem atrás daqueles que acreditam que esse lhe fizera mal no passado e precisam acertar contas - tais como vingança, inveja, mau querência, dissabores em relacionamentos, perdas afetivas e econômicas e falácias do gênero.

O tratamento pode ser longo e doloroso, mas o resultado é sempre compensativo e de grande libertação para o doente.

(José Geraldo Rabelo, psicólogo holístico, psicoterapeuta espiritualista, parapsicólogo, filósofo clínico, artista plástico, prof. Educação Física, especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo, escritor e palestrante)

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