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Irapuan Costa Júnior é nosso poeta da obra pública

Se existe um período da história brasileira em que o planejamento foi resultado de decisão política, esse deu-se nos anos dourados do desenvolvimentismo liderado pelo presidente Juscelino Kubitschek.

As obras resultantes de seu plano de metas surgiram da batuta de um maestro que comandava uma orquestra sinfônica repleta de talentos. Roberto Campos, Celso Furtado e Lucas Lopes eram algumas das estrelas que compunham a chamada estrutura paralela de alto nível do governo J.K. Essa foi a maneira que a velha raposa de Minas Gerais encontrou para driblar a estrutura tradicional e clientelista da política brasileira.

Para quem desconhece, vale ressaltar que o grande sucesso do plano de metas desse governo se deve ao isolamento que Juscelino conseguiu impor aos velhos caciques dando-lhes o poder ilusório no governo, mas não governando com eles. J.K dava atenção mesmo para os técnicos da estrutura paralela.

Planejava-se primeiro, para executar depois. Assim nasceu Brasília, a indústria automobilística, Furnas Centrais Elétricas, a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene – e tantas outras obras que marcaram os anos dourados da era Juscelino. O grande Guimarães Rosa percebeu esse lado artístico de J.K. e o chamou de “o poeta da obra pública”!

A política goiana também teve seu “poeta da obra pública”. Percebi esse lado poético ao estudar o governo de um dos mais inteligentes homens públicos que se tornou governador de Goiás. Falo de Irapuan Costa Júnior.

Nos tempos de Irapuan, o planejamento se constituiu numa opção política. Pensava-se antes de agir. Os objetivos estratégicos, voltados para a industrialização do estado, davam um sentido de direção ao governo. O maestro comandava uma orquestra reconhecida por sua competência técnica. Assim nasceu o Distrito Agroindustrial de Anápolis – Daia, este símbolo maior de nossa ainda incipiente industrialização. Desse modo, nasceu a terceira etapa da Usina Hidroelétrica de Cachoeira Dourada, a estratégica ponte sobre o Rio Tocantins lá em Porto Nacional. Ponte essa que levou a esperança para o antigo norte, hoje estado do Tocantins.

Mas existe o lado invisível nesse governo que pouca gente percebe e que foi de fundamental importância para a construção do futuro de Goiás. Falo da criação de instituições voltadas para o desenvolvimento goiano. O Banco de Desenvolvimento, a Secretaria de Minas e Energia, o Departamento de Águas e Energia, este muito blindou a Celg das não rentáveis obras políticas. E, dessa forma, a arte de planejar para, só depois, executar induziu a modernização de Goiás comandada pelo nosso poeta da obra pública.

(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético, autor, entre outras obras, do livro A Energia na Região do Agronegócio)

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