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OPINIÃO

Despotismo e inexperiência

A advocacia goiana tem assistido nos últimos dias a injustificável e desnecessária polêmica gerada pela tentativa esboçada pelo Presidente da Seccional Goiana da OAB de tomar para si a atribuição de escolher e nomear delegados da OAB naquelas regiões que não são sede de Subseções.

O imbróglio desnecessariamente criado foi tamanho que se chegou a passar por cima de nomeações tomadas por ilustres presidentes de Subseções para se nomear outras pessoas como delegados da OAB no local, sendo ignoradas as peculiaridades locais conhecidas muito mais por aqueles que vivem o dia-a-dia local, tudo de sorte a se ampliar as possibilidades de resgates de compromissos de campanha, presumo.

Não bastassem a arbitrariedade e a deselegância das atitudes tomadas por aquele que deveria ter assumido uma posição de líder da advocacia goiana, por último, num arremedo de solução do malsinado impasse foi instituída - pasme-se - uma Comissão Especial para apurar a necessidade de existência das Delegacias da OAB, sendo ignoradas e abafadas as inquietas vozes unânimes das Diretorias eleitas das Subseções, que clamam pela devolução de suas autonomias e independências tão bem elencadas nas normas aplicáveis.

Desrespeito e inexperiência!

Tivesse se atentado para a experiência e conhecimento da região que só possuem aqueles que vivem as peculiaridades locais daquelas cidades, os legítimos representantes daquela região, ou seja, os eleitos Diretores das respectivas Subseções, nada disso estaria acontecendo, pois é unânime a premissa de que as Delegacias são mais do que necessárias, são imprescindíveis ao cumprimento das missões e atribuições da OAB outorgadas legalmente.

À guisa de ilustração da assertiva, cabe lembrar que enquanto Membro e, após, vice-presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas, atribuição que exerci por mais de seis anos, não foram dezenas, mas centenas de vezes que nos deparamos com situações graves em que se demandava a presença imediata de um representante da OAB – v.g. a prisão de advogado durante a madrugada, com abuso de autoridade e desrespeito a prerrogativas – e que, por vezes, tais situações ocorriam em cidades que não eram sede de Subseções, sendo o Delegado da OAB local peça imprescindível para dar o suporte necessário ao desempenho do múnus cabível à OAB, ainda que somente para estancar um sangramento até que o socorro pudesse chegar de forma mais eficiente pela CDP.

Imaginemos, hipoteticamente, um fato como o relatado acima ocorrendo em Jaraguá, distante em mais de 84 km da Subseção de Anápolis, ou em Padre Bernardo, distante em mais de 129 km da Subseção de Goianésia.

Esses são apenas alguns simples exemplos – embora pudessem ser citados incontáveis – que revelam o óbvio: que as Delegacias da OAB são mais que necessárias, são imprescindíveis ao profícuo exercício do múnus atribuído à Ordem dos Advogados do Brasil, sendo desnecessária perda de tempo e energia com discussão ou polêmica de tamanha magnitude.

Por essa e por outras, começamos a ser cobrados pela falta de experiência e de vivência da Instituição, mais ainda pela falta de humildade para ouvir os mais experientes representantes eleitos das Subseções, falta deixar a vaidade e o despotismo de lado e buscar ajustar toda a engrenagem da Seccional Goiana da OAB, de modo a que volte ela a funcionar com toda a estrutura voltada ao cumprimento de seu múnus, compreendendo que cada peça – por menor que seja – tem seu valor e importância no sistema OAB.

Encerro citando o filósofo grego Epícteto, que de forma sábia pontificou que “Todo o grande poder é perigoso para um debutante”.

(Alexandre Pimentel, advogado, especialista em Direito Processual, ex-conselheiro seccional e ex-vice-presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB/GO)

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