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OPINIÃO

Para a família Bariani

Idalina, a minha tia materna restante, a queridinha Necona, do seu pai Fioravante, nos deixou neste Natal aos 97 anos de vida, justamente no dia do aniversário do seu único irmão, o padre Bariani, que completou 99 anos e também da minha irmã Lucília, que também completou 94 anos nesse dia de Natal.

Meu avô, Fioravante Bariani, imigrante italiano, aportou em Santos, no navio Montevideo, em 1893, com 20 anos de idade. Conheceu minha avó, Maria D’Alocca, também, imigrante, com quem se casou.

Foram morar na região cafeeira de Ribeirão Preto, onde nasceu minha mãe Josephina e o meu padrinho-tio José Américo.

Com a gripe espanhola que grassou na região, quando até a composição da Cia Mogyana de Estrada de Ferro ficou parada por falta de maquinista, o meu avô, entendido em maquinários, foi convidado pelo fazendeiro Zezé Junqueira para administrar as suas máquinas de beneficiar café em Guaxima, município de Conquista – MG, onde nasceram os seus oito filhos, e também as minhas irmãs, Francisca e Lucília.  Posteriormente foi convidado pelo Cel. Quito Junqueira para administrar a carpintaria de fabricação dos carroções de transportar cana, nas Usinas Junqueira, município de Igarapava - SP, onde nasci. Anteriormente esses carroções eram importados da França, em permuta com açúcar, sendo a Usina Junqueira a maior produtora de açúcar da America do Sul.

Interessante que as identidades da Idalina e das minhas irmãs não batem com a realidade, pois trazem as idades bem menores. Quando da Segunda Grande Guerra Mundial, as mulheres de Conquista, umas 30 ou 40, queimaram o Cartório de Registro para os filhos não serem convocados. E quando foram retirar as Carteiras de Identidades, reduziram as idades, a Idalina para 1922 e não o certo, 1908. As minhas irmãs têm as identidades mais jovens do que eu, que sou o caçula.

Meu avô trocou a Serraria de desdobramento madeira de Igarapava por uma fazenda em Ituverava. Seu filho Pedro Bariani sempre teve carros, que ele reformava, tanto é que eu fui no seu Fiat 501 à igreja para ser batizado. Ele sempre ia à cidade levando as irmãs Yolanda e Idalina, sendo que a Yolanda chegou a ser Miss dos estudantes de Ribeirão Preto. Tio Pedro, por ter carro, coisa não comum à época, era muito querido das moças da cidade.

Idalina foi moça muito bonita e na juventude recusou casamento com o engenheiro que foi montar a aparelhagem  do Cine Rosário de Ituverava-SP, e muitos anos depois, aqui em Goiânia, com o  fundador da Folha de Goiás e depois senador da República, Gerson Castro Costa. Destino? Por certo.

Casou-se bem “madura”, com o mato-grossense Nestor Soares, que trabalhou comigo na Cerâmica Serrinha. Minhas irmãs, também se casaram, a Chica (de saudosa memória), com  Arlindo Chaibub e a Lucília, com Toceo Meyva, que ambos trabalharam comigo  no Bazar Paulistinha.

Lembro-me que nós, quando crianças, brincávamos no pátio da Serraria em Igarapava e havia um buraco com serragem queimando, e a Idalina pisou e queimou os dedos do pé direito, marca que a acompanhou até a morte.

Nestes últimos anos ela ficou sob a minha responsabilidade, que a coloquei aos cuidados da senhora Celi, o seu marido Manoel e o filho Júnior, que muito agradeço por terem tratado dela com todo desvelo, com todo carinho.

Macktub!

(Bariani Ortencio, escritor - [email protected])

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