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OPINIÃO

Uma análise psicológica sobre as cirurgias plásticas mal planejadas

O vício ao culto do corpo não se distancia do viciado em álcool, drogas, sexo, dinheiro, trabalho ou, até mesmo, do fanatismo religioso. Todos tem em comum uma insatisfação interna.A aliança multidisciplinar entre o psicólogo e o cirurgião plástico, tem c

O vício ao culto do corpo não se distancia do viciado em álcool, drogas, sexo, dinheiro, trabalho ou, até mesmo, do fanatismo religioso. Todos tem em comum uma insatisfação interna.

A aliança multidisciplinar entre o psicólogo e o cirurgião plástico, tem como foco proporcionar a satisfação completa do indivíduo. O papel do psicólogo/psicoterapeuta é auxiliar o indivíduo a melhorar sua auto-estima, habilidades sociais, proporcionar conhecimento de si mesmo e suas reais motivações, auxiliando na aceitação de si e desenvolvimento de bem estar como ser humano.

Não se pode mudar o corpo para curar a alma; mas cura-se a alma para compreender e modificar o corpo.

Ainda não conseguimos compreender o motivo real de crianças (adolescentes) imaturas psiquicamente (14 a 20 anos) ainda na formação de seu corpo já experimentar tais cirurgias e ainda pior com a permissão dos pais e cumplicidade dos profissionais.

Claro está que este artigo não se pretende denegrir a imagem de nenhum profissional e nem interferir no livre arbítrio do ser humano; mas compreendemos que é deve daqueles que amam a vida lutar para ajudar aqueles que buscam, sem noção da realidade e perigo, no suicídio indireto e/ou desfigurar a obra divina: o corpo humano.

O neurologista não recorre à cirurgia a um paciente queixoso de dores de cabeça, antes de todo um procedimento preliminar para encontrar a verdadeira causa da dor de cabeça; o psicoterapeuta desperto não recorre da TVP pelo capricho e curiosidade de seu cliente antes de uma investigação profunda dos conflitos existentes; o cirurgião plástico pelos mesmos motivos não deveria recorrer aos procedimentos cirúrgicos antes de uma investigação e orientação consciente daquele que o procura.

O grupo de pessoas insatisfeitas com as cirurgias plásticas tem aumentado, mesmo que muitas delas não tenham coragem de se expor ou de falar a verdade.

Alguns dos possíveis riscos numa cirurgia plástica:

Embolia pulmonar,

Infecção hospitalar,

Infecção da cicatriz,

Reação alérgica à anestesia,

Rejeição da prótese,

Perfuração de órgãos (no caso da lipoaspiração),

Não ficar satisfeito com o resultado,

Ter dificuldade na amamentação (no caso da mamoplastia de aumento),

Perda da sensibilidade no local

Depressão.

Danos psicológicos variados e, muitas vezes, de difícil inversão.

Para minimizar esses perigos o indivíduo deve optar por escolher um cirurgião plástico que seja capacitado e registrado na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e de preferência com a indicação de alguém próximo. O procedimento deve ser realizado dentro de um hospital. O paciente deve passar por no mínimo dez sessões de psicoterapia com profissional também capacitado ou pelo menos com alguns anos de experiência profissional ou por indicação de pessoas que já o conhecem.

Mesmo com todas essas cautelas ainda assim não podemos descartar a individualidade da pessoa humana e o estado psicoemocional no momento da cirurgia, que percorre alguns passos desde a ansiedade pré-cirúrgica até expectativa do resultado e o medo da morte.

A decisão é pessoal. Só você pode decidir se a cirurgia proposta alcançará suas metas e se as complicações e riscos são aceitáveis. O cirurgião tem a obrigação de explicar-lhe com detalhe os riscos associados à cirurgia. Por esse motivo é necessário sua autorização por escrito no termo de consentimento informado e esclarecido para assegurar um correto entendimento da cirurgia a qual você será submetido.

A sua parceria com o cirurgião e psicoterapeuta não acaba quando termina a cirurgia. A relação deve continuar, mesmo porque os resultados da maioria dos procedimentos plásticos cirúrgicos são permanentes, porém podem ocorrer mudanças com o passar do tempo. Por isto as visitas regulares de seguimento da cirurgia são tão importantes.

Complicações psicoemocionais pós cirúrgico podem  ocorrer; mesmo porque nossa visão anterior a cirurgia pode não compactuar com o resultado e sabemos que o equilíbrio psicológico é fator sine qua non na recuperação do paciente.

A evolução da cirurgia plástica nos últimos anos é incontestável. Paralelamente há uma crescente procura e consequente aumento no número quantitativo de cirurgias. O avanço tecnológico contribui para o incremento das opções a serem consideradas. Ao passo que a cirurgia plástica pode melhorar aspectos do corpo e da vida, existem riscos que não podem ser desprezados.

Finalmente, devemos parabenizar a Ciência médica pelo avanço e contribuição aos sofrem por não suportar determinadas “deformações” no corpo físico e a cirurgia plástica ajuda a corrigir tais “deformações” e ajudar tais pessoas em sua saúde integral; porém, o intento precípuo de tais ‘informações’ e comentários advém do número de pessoas que tem perdido a vida “gratuitamente” para retirada de alguns gramas de gorduras ou acrescentar alguns milímetros de materiais sintéticos ao seu corpo, antes de compreender e procurar caminhos naturais diante da diversidade de ferramentas para que o indivíduo tenha um corpo modelado e próximo do que se espera.

Quase toda semana vemos na mídia garotas lindas vitimadas pela própria vaidade e aliadas, muitas vezes, a ganância de alguns profissionais, embora não podemos e nem devemos aqui encontrar culpados, mas pelo contrário alertar para que esses casos se tornem cada vez mais raros entre nós e que as pessoas procurem orientação psiquiátrica e/ou psicológica para compreender melhor a si mesmas.

Não podemos interpretar a frase de Vinicius de Morais ao pé da letra: “Que me perdoe as feias; mas a beleza é fundamental”. A verdadeira beleza do ser humano encontra-se dentro e não fora dele; mas cuidar do corpo e da saúde integral é parte e complemento dessa beleza interior.

(José Geraldo Rabelo, psicólogo holístico, psicoterapeuta espiritualista, parapsicólogo, filósofo clínico, artista plástico, prof. Educação Física,  especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo, escritor e palestrante)