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OPINIÃO

Uma boa mentira

O Centro de Convenções foi fundado em abril de 1994, com o propósito de inserir a capital goiana no circuito de eventos e turismo de negócios. Com uma área total de 51.080 m², tem capacidade para atender até seis eventos simultâneos ou 6 mil pessoas num mesmo espaço. Está localizado na região central da cidade, o que proporciona fácil acesso e comodidade para o público, próximo a hotéis, restaurantes, rede bancária e diversos estabelecimentos comerciais.

Com 19 anos no mercado goiano, o Centro de Convenções, desde sua inauguração, abril de 1994, até o ano 2000, foi administrado pelo Estado. Mas após vencer uma licitação pública, a Porto Belo Engenharia e Comércio Ltda. assumiu sua administração. “São quase duas décadas de desenvolvimento e melhorias que fazem, hoje, do Centro um espaço completo para a realização de todos os tipos de eventos”, caracteriza Eliane Ritter Deancovich, gerente de contratos do Centro de Convenções de Goiânia. “Significa que nossos esforços em melhorias na estrutura e atendimento são reconhecidos e aprovados”, diz.

O Instituto Tecnológico de Goiás em Artes Basileu França teve suas atividades iniciadas a partir de 2002 dentro do Programa de Expansão da Educação Profissional do estado de Goiás. O Centro incorporou a Escolinha de Artes Veiga Valle, que fora inaugurada em 23/10/1967 como a primeira escola pública Estadual de Artes. O Cepabf iniciou suas atividades oferecendo cursos de formação Inicial e continuada na área de Artes nas subáreas: música, artes visuais, teatro e dança. Realiza cerca de 40 concertos anuais em Goiânia e interior do Estado. Possui um teatro com 770 lugares, a qual toda a sociedade poderá ter acesso. A estrutura atende cerca de 5.500 alunos por ano.

O Centro Cultural Gustav Ritter é uma unidade da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), ligado à Superintendência de Ação Cultural, onde funcionam as escolas de Dança e Música do Departamento de Formação Artística e a Orquestra de Violeiros do Estado de Goiás.

Criado por iniciativa do então Secretário de Estado da Cultura, escritor Kleber Adorno, no governo Henrique Santillo para ser um órgão difusor da cultura, o Centro Cultural Gustav Ritter foi instalado na antiga Casa dos Padres Redentoristas, adquirida em 1986, pelo governo do Estado de Goiás e inaugurado em 16 de novembro de 1988. Situado no bairro de Campinas, o prédio, em estilo art-déco tardio, teve sua construção iniciada em 1946 pelo padre Oscar Chaves, foi concluído em 1950 pelo Padre Antônio Penteado e tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Goiás pelo decreto n° 4.943 de 31 de agosto de 1998.

Inicialmente tinham suas atividades no Centro Cultural a Orquestra Filarmônica e o Coral do Estado de Goiás sob a regência do maestro Joaquim Thomaz Jayme, à época professor do Instituto de Artes da UFG. Oferece cursos de iniciação musical, teoria, canto e instrumentos de cordas, sopro e percussão.

A abrangência do Centro Cultural foi ampliada com a criação, em setembro de 1989, da Escola de Dança pela professora Jandernaide Rezende Lemos. Atualmente a Escola de Dança possui cerca de 400 alunos e oferece aulas de balé, jazz e sapateado, possuindo o Balé Jovem e Balé Juvenil do Centro Cultural Gustav Ritter. Trabalhando dentro da linha educacional inclusiva, mantém um grupo de dança com crianças portadoras da Síndrome de Down.

A Escola de Música possui aproximadamente 2.000 alunos.

A oposição critica o modo como está sendo conduzido o processo que, para ela, não passa de mais uma terceirização do serviço público. Cautelosos, os governistas defendem o modelo e dizem que a educação será outra.

Os passos já estão sendo dado pela Secretaria Estadual de Educação (Seduce) que, neste segundo semestre, publicou chamamento público para seleção de OSs interessadas no processo. A princípio, a região de Águas Lindas, entorno de Brasília, seria a primeira ter o modelo implantado nas escolas, entretanto, o objetivo é ampliar, mesmo que ainda fase de teste.

A secretária de Educação, Cultura e Esporte, Raquel Teixeira, em entrevista à Tribuna do Planalto, no início do mês passado, revelou que o projeto está sendo feito de forma cuidadosa, com estudos e sistematizar por eixo jurídico planejado. O secretário extraordinário Antônio Faleiros, escalado pelo governador Marconi Perillo para tocar o projeto de terceirização das escolas estaduais, também afirmou que

tudo está sendo bem conduzido.

A Secretaria de Educação, Cultura, Esporte está elaborando dois modelos de terceirização para as escolas públicas. Um deles entrega parte da gestão das escolas para as Organizações Sociais e o outro terceiriza apenas a parte estrutural das escolas como, por exemplo, reformas, limpeza, manutenção, etc.

Raquel Teixeira faz questão de ressaltar que o Estado continua sendo o responsável pela parte pedagógica, o que possibilitará maior foco do gestor sobre essa questão. “Você transfere a gestão para alguém que saiba fazer isso melhor do que você e o diretor focará na gestão pedagógica”, declara Raquel.

Com a implantação iminente, o Estado de Goiás seria o primeiro no Brasil a adotar o modelo nos serviços públicos de educação, segundo a Tribuna do Planalto.

A privatização das escolas públicas em Goiás não está absolutamente clara, ao contrário do que querem dizer Raquel Teixeira e o governador Marconi Perillo. Ninguém sabe ao certo se o Instituto Tecnológico de Goiás em Artes Basileu ou o Centro Cultural Gustav Ritter estão na lista de privatizações. Cogita-se que sim, o que, se for verdade, será uma tragédia para os alunos da instituição, hoje a maioria de classe pobre, pelos motivos acima expostos.

Não podemos aceitar que há verdade nas palavras de Raquel Teixeira ou do governador Marconi Perillo só pelo fato de que veio de duas autoridades constituídas. Em tese, são pessoas de respeito, mas não significa necessariamente que estejam dizendo a verdade.

O Centro de Cultura e Convenções de Goiânia está privatizado. A locação do Auditório Rio Vermelho, para 2007 pessoas, hoje pode ser alugado por um alto valor, igualmente o auditório do Instituto Tecnológico de Goiás em Artes Basileu França. Este último, ainda pertence ao Estado de Goiás.

Estes são os custos de uma administração voltada para o lucro, e não para a filantropia, que é a verdadeira função do Estado. O Estado serve para facilitar a vida do cidadão, para geri-la, enquanto agente responsável pelo desenvolvimento social e econômico de seu povo.

Governo do povo, pelo povo e para o povo é como Abraham Lincoln chamou um novo nascimento da liberdade que iria trazer a igualdade entre todos os cidadãos.

Marconi Perillo, aliás, detesta ser contestado. Preza pela uniformidade de pensamentos, que devem estar alinhados aos seus. Ninguém em Goiás pode pensar diferente, é contra as regras do Governo do Estado de Goiás. Ninguém pode ir além daquilo que está determinado por este governo famigerado, que se guia pelo controle espiritual da sociedade.

Os estudantes sitiados nas escolas públicas de Goiás fazem uma verdadeira revolução ao desafiarem o Governo de Goiás, chamando-o para um debate justo. Alegam que as OSs (Organizações Sociais) comprometem o caráter público do ensino e a qualidade da educação, favorecendo a corrupção, porque não precisam realizar licitação em todos os gastos e nem prestar contas sobre como ou com quê as verbas destinadas à educação serão gastas.

O movimento de ocupação das escolas públicas é horizontal e difuso, não possuindo um líder especificamente. Surgiu da indignação de pais e alunos da rede pública de ensino frente à ameaça de privatização.

As consequências da militarização e implantação das OSs são a cobrança de taxas diversas, com o fim da gratuidade do ensino, fim do concurso público para profissionais da educação, o que significa a destruição da carreira do professor concursado, o pagamento de baixos salários e a queda na qualidade de ensino, além do fim da gestão democrática com a exclusão da comunidade nas decisões da escola, conforme manifesto de esclarecimento à população dos estudantes em luta.

O conhecimento leva ao enfrentamento, e é isto que está acontecendo neste momento histórico por que passa o Estado de Goiás. É uma luta desigual – do governo aparelhado e gigante contra a população pobre de pais e alunos que dependem da rede pública de ensino como fonte de instrução e conhecimento.

Eis o porquê deste governador e seus assessores não darem a mínima para os estudantes em luta: se trata de meninos e meninas pobres, e os pobres são ignorados pelo governador Marconi Perillo.

O Governo de Goiás os tem tratado como invisíveis, simplesmente porque o são. Para o governador, estes jovens não existem. Por isso, a falta do debate, a falta de atenção e de diálogo.

Lutas fazem parte do ser humano. O que está em jogo é a privatização de um patrimônio de milhões, representado por cada imóvel onde estão construídas as escolas públicas envolvidas.

Já se deu conta de quanto vale o prédio do Lyceu de Goiânia? Um quarteirão no centro da cidade, todo construído, com uma escola que vale milhões? Já se deu conta do total em milhões dos prédios públicos escolares que este governador pretende privatizar?

O patrimônio é incalculável.

Os estudantes prometem resistir, e a menos que você, leitor, se importe, nada vai melhorar.

Mentiras bem contadas têm garantido a perpetuação deste governo por longos 20 anos. Não mais.

Os estudantes secundaristas estão promovendo um amplo debate sobre a verdade das privatizações em Goiás. Verdades libertam.

Um grito de liberdade começa a ecoar pelo Estado de Goiás. E está reverberando.

É assim que voltamos para casa.

(Silvana Marta de Paula Silva, escritora e advogada - Twitter: silvanamarta15)

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