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É com grande tristeza que vejo hoje a paralisação da empresa Votorantim Metais em Niquelândia. Como as lideranças locais nunca abriram os olhos sobre o fato de um dia, a mineradora fechar?Quando a cidade voltará a sua rotina normal?Conheci esta maravilhosa cidade no ano de 2009, logo após a grande crise mundial de 2008. Cidade rodeada de praças, muita movimentação, lugar agradável e povo hospitaleiro.
Calouro na Universidade Estadual de Goiás (UEG), do Curso Superior de Tecnologia em Mineração, logo de inicio fui estagiário na Unidade SESI-SENAI onde fiquei por seis meses, para logo em seguida entrar como funcionário terceirizado na Votorantim onde passei a conhecer mais sobre a empresa e sobre a cidade que me recebeu para ali residir por três anos e meio.Com o decorrer dos anos ali instalado, logo percebi que o município era refém somente da mineração e tão logo não procurasse alternativas,para a economia local um dia sucumbiria com o fim destas atividades.Tive o prazer de realizar relatório monográfico sobre o Tema: Dependência financeira das cidades em volta de atividades minerárias: Caso Niquelândia.
Dentre as várias saídas que a cidade pode adotar, as mais importantes são as que possuem maior facilidade para implantação na própria cidade e em seus arredores, as ações podem ser alocadas em sistemas de parcerias público-privadas, onde o poder público adotaria medidas de incentivos fiscais com o objetivo de atrair maior quantidade de investidores para futuros projetos, que podem aliviar o município da grande dependência do setor de extração mineral.
Incentivo no turismo: O turismo doméstico representa uma parcela fundamental do setor; contabilizando mais de 50 milhões de viagens anualmente. Niquelândia não está fora da realidade do país, pois possuem uma grande gama de pontos turísticos a serem investidos e visitados: eis alguns desses pontos: Lago de Serra da Mesa, Lago Azul, Lagoa Santa,Balneário Bucaína Camping Clube,Cachoeira do Muquém,Cachoeira de São Bento.
Criação de porcos: Políticas para incentivos na criação de suínos podem ajudar a fortalecer a economia do município. Sendo o maior do estado em extensão territorial a falta dele (espaço) não seria problema,seriam necessários apenas investimentos em infra-estrutura de locais para a criação de suínos.Problemas com logística podem ser minimizados através de despacho em embarcações de médio porte até a cidade de Uruaçu distante a apenas 90 Km do município ou então com a instalação no próprio município de um frigorifico para realizar o abatimento dos animais,levando a carne já pronta para os grandes centros próximos como ― Anápolis,Goiânia e Brasília. A população também poderia lucrar com a geração de energia elétrica,pois das fezes da criação de porcos é produzido o gás metano ,excelente para a geração de energia elétrica,esta que seria destinada a pessoas com baixa renda.
Criação de aves: Para a criação de aves, ser viável economicamente seria necessário a realização de estudos para definir qual seria o publico alvo a ser atendido, pessoas para consumir a carne da ave em suas residências ou o consumo dos ovos,a partir daí decidir qual raça e local mais apropriado para a realização do empreendimento.O grande diferencial da carne produzida em Niquelândia seria o tipo de criação dos animais, pois estes teriam acesso a uma grande área verde. Isto tem uma grande contribuição no marketing, baseado na preocupação com o bem-estar animal e na redução do estresse dos animais. Sem dúvida o manejo de aves em sistema de semi-confinamento corresponde melhor às expectativas dos consumidores com relação a sua percepção de qualidade psicossocial, preocupada com o manejo adotado durante a criação dos animais.
Criação de peixes: A principal proposta é de popularizar a criação de peixes, de uma maneira auto-sustentável, tendo como objetivo a melhoria das condições de vida da população. O peixe além de ser um animal de carne saudável e de alto valor nutritivo, pode ser produzido a baixo custo, sendo oferecidos em sua criação diversos alimentos de qualidade e de fácil aquisição, o que torna a criação sustentável.
Apicultura: Ramo hoje em Niquelândia,é bem estruturada, conta com certificado de OSCIP, apoio do Banco do Brasil e recursos da Anglo American. Produção voltada para o mercado nacional.
Agricultura familiar: O setor é sempre lembrado na produção de alimentos, especialmente voltada para o auto-consumo. Entretanto, é necessário destacar que a produção familiar, além de fator redutor do êxodo rural e fonte de recursos para as famílias com menor renda. Na agricultura familiar: há oportunidade imediata de suprimento do mercado local que importa produtos de hortifruti. A produção existente não é diversificada e falta capacidade gerencial para acessar os recursos já disponíveis dificulta essa nova fonte de renda para a população local.
Artesanato: O município possui diversas comunidades espalhadas por toda a extensão territorial parcerias com o Sebrae e outras instituições de classe a comunidade pode ser potencializada para realizar trabalhos com diversas técnicas, desde a cerâmica, passando por rendas e bordados, trançados de fibras, tecelagem ,talharia,entalhamento em madeiras, pinturas em tecidos e fabricação de doces.Cada comunidade poderá desenvolver uma técnica específica para que todo o potencial possa ser aproveitado.
Conclusão: Niquelândia atravessa um momento delicado desde a sua formação, problemas antigos antes nunca vistos ou ignorados hoje são uma realidade,problemas como desemprego infra estrutura,educação,saúde e criminalidade.Com o fechamento da sua principal fonte de emprego na cidade,hoje cabe sentar e começar a discutir o futuro do município.O futuro está aí cabe a união do povo niquelandense como igrejas, colégios,poder publico, associações de classes começarem a estudar quais são as saídas que a cidade poderá adotar para que suas tradições e seu povo não caia no esquecimento.
Vitor Santos é bacharel em Tecnologia em Mineração (UEG) e técnico em Química Industrial (SENAI)
