O XV Encontro de Folia de Reis, promovido pela Secult Municipal (Ivanôr Florêncio) e Comissão Goiana de Folclore (Izabel Signoreli), será realizado neste sábado e domingo, sendo a abertura no dia 30, às 3 horas da tarde, na Praça da Matriz de Campinas – Praça Santo Afonso, quando será homenageada a artista plástica-folclorista Helena Vasconcelos.
Domingo, às 6 horas da manhã, alvorada festiva e às 7 horas, Missa cantada pelos foliões na Igreja Matriz. Às 8 horas, início da apresentação dos grupos de folias inscritos.
Almoço para todos. Grupo de Catireiros de Goiânia e Orquestra de Raízes de Pontalina, quando se dará a “Homenagem à Bandeira e ao folclorista Bariani Ortencio”.
Todo ano é homenageada uma das peças principais que compõe o grupo da folia. Nos anos anteriores foram homenageados, o Palhaço, a Viola, a Sanfona, o Pandeiro e a Caixa.
Vem chegando a Bandeira – Texto do vice-presidente da Comissão Goiana de Folclore, antropólogo Jadir de Morais Pessoa: “Na religião oficial o fiel vai à divindade, geralmente estabelecida em um templo. Na religiosidade popular a divindade vai ao fiel. As devoções populares geralmente acontecem não no templo, mas no aconchego das famílias e na vizinhança. No Brasil nenhuma outra manifestação folclórico-religiosa expressa tão bem essa característica da religiosidade popular como a Folia de Reis. Os Magos do Oriente saem por trilhas e estradas, por sítios e fazendas e, também, a partir da segunda metade do século XX, pelas ruas das cidades, literalmente procurando seus devotos. E ao encontrá-los, integram-se a eles. Os devotos então andam com o santo padroeiro por todos os cômodos da casa, não raro, também, por instalações do criatório de animais. A Bandeira, que vai à frente da Folia, é recebida sempre com devoção e emoção por todos da casa, sendo em seguida entronizada, colocada em um ‘trono’, que pode ser uma mesa ornamentada para essa função ou uma cama, enquanto se prepara um bom café. Isso significa que a divindade se entrega à devoção da família. As Bandeiras não têm cor nem formato únicos. Mas a grande maioria delas traz estampada a cena da visitação dos Magos ao Menino Jesus na gruta de Belém. Lá estão também Maria e José, os pastores e alguns animais. Por isso a Bandeira é o ‘símbolo dominante’ na Folia de Reis. Condensa e dá visibilidade ao fundamento último da espiritualidade, a visita dos Magos ao Menino Jesus. Os foliões se põem eles próprios a (re)fazer o mesmo caminho dos Magos – no giro de casa em casa estão indo para Belém. E, com a mediação da Bandeira, cada casa visitada transforma-se temporariamente na gruta de Belém. Eis a essência da espiritualidade da Folia, é para isso que ela existe: oferecer ao morador a oportunidade de ele também fazer parte da cena maior: os Magos oferecendo seus presentes e o morador oferecendo suas preces, suas prendas e suas promessas. Este XV Encontro de Folias de Reis em Goiânia chega, portanto, ao núcleo fundamental da espiritualidade das folias, ao render homenagens às coloridas Bandeiras das inúmeras Companhias de Reis de Goiás.”
A Missa – Canto de Abertura Pelos Foliões
(Versos do professor Jadir)
Pai, Filho e Espírito Santo
Pra viagem começar
Com os 3 Reis do Oriente
Chegaremos ao altar
Foliões em posição
Violas bem afinadas
Na frente vai a Bandeira
Hoje homenageada
Com as fitas enfeitadas
De alegria e muitas cores
No centro vai Deus Menino
Deitado na manjedoura
Rodeado de animais
Com os anj’em cantoria
De um lado está José
Do outro está Maria
Completando a grande Cena
Oferecendo seus tesouros
Os 3 Reis ajoelhados
Com incenso, mirra e ouro
No altar da Eucaristia
O folião chega contente
Completamos nosso giro
Com a Bandeira em nossa frente
CANTO PENITENCIAL
Senhor Deus que é nosso Pai
Nosso Deus Onipotente
Pedimos vosso perdão
Com os 3 Reis do Oriente
Cristo tende piedade
Na Bandeira estampado
Viemos pedir perdão
Óh Cordeiro imolado
Santo Espírito de Deus
Iluminai a nossa Igreja
Nossas culpas apagai
Para sempre, assim seja.
Esperamos contar com a presença dos devotos dos Santos Reis e dos apreciadores das festividades folclóricas.
Macktub!
(Bariani Ortencio, escritor - [email protected])