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OPINIÃO

Por mudanças em prol de um país melhor

Reiteradamente temos acompanhado desdobramentos de fatos relacionados às crises econômica, institucional e política que se passam no Brasil.É um cenário adverso, com problemas estruturais, forte deterioração das contas públicas, baixos índices de confianç

Reiteradamente temos acompanhado desdobramentos de fatos relacionados às crises econômica, institucional e política que se passam no Brasil.

É um cenário adverso, com problemas estruturais, forte deterioração das contas públicas, baixos índices de confiança do empresariado e do consumidor, desemprego, escândalos de corrupção etc.

O clima de insatisfação, indignação, tristeza e preocupação aumentam a cada instante e ficamos na expectativa de soluções, que parecem estar cada vez mais distantes.

Procuro ser otimista e persistente, com o pé no chão, e fico refletindo sobre a necessidade de mudanças e reformas tão necessárias para que o Brasil retome o crescimento e se consolide como uma nação respeitada, próspera, competitiva, que atraia investimentos e propicie qualidade de vida à população.

A situação política atual tem prejudicado a condução dos rumos do Brasil, pois estamos sem Norte, sem metas, onde os conflitos e ações para manutenção do poder predominam, em detrimento dos interesses coletivos.

É um momento de grandes dificuldades, sendo necessário que a sociedade tenha consciência de seu papel, se posicione e contribua na busca de soluções.

Muitos não estão conscientizados dos problemas que ainda podem ser desencadeados, como uma crise social, devido ao aumento do desemprego e aos impactos na renda das famílias e no poder de compra da população.

Tenho me deparado com vários pedidos de oportunidade de emprego, até mesmo de pessoas bem qualificadas e que estão há mais de um ano desempregadas.

A onda de violência tem aumentado assustadoramente e no campo da saúde há um grande surto de doenças, como as causadas pelo Zica Vírus.

São nesses momentos de dificuldades que a sociedade deve se unir e lutar por mudanças e transformações. Vários países conseguiram se reorganizar e se desenvolver ao passar por guerras, catástrofes e crises, tendo como diferencial a rapidez nas ações, a aglutinação de esforços, o patriotismo e a disposição de mudar.

O Brasil é um país de grandes oportunidades e que tem condições de superar o atual momento, mas são necessárias reformas estruturais e severas.

O povo brasileiro é alegre e extrovertido, mas precisa resgatar a autoestima, se conscientizar, se posicionar e reivindicar por soluções.

A sociedade organizada deve exercer o papel de protagonista nesse processo de transformação.

As reformas devem começar com a busca pela eficiência na gestão pública e por meio uma política fiscal austera, com a redução de gastos e sem penalizar a sociedade com aumento de tributos.

A máquina pública está deficitária, sendo imprescindível o compromisso da classe política em exercer o seu papel de forma racional na aplicação dos recursos.

A reforma da previdência é uma necessidade, pois o modelo atual não é sustentável.

É preciso que os gestores públicos tenham coragem para mudar, mesmo que traga alguns desgastes, mas é preciso enxugar e diminuir a máquina pública, gerando mais produtividade e ganhos para a sociedade.

Em minhas reflexões sempre defendi o sistema presidencialista, mas acho que o atual momento tem exigido uma transformação profunda no meio político, sendo uma oportunidade experimentarmos o PARLAMENTARISMO, o que contribuiria para maior agilidade na aprovação de leis, nas mudanças, na comunicação entre os poderes, na transparência e fiscalização.

Acredito que o Brasil já tenha maturidade para implementar mudanças nesse sentido.

O atual sistema político está fragmentado, não tem contribuído com a representatividade e atendimento aos anseios da sociedade. Hoje temos 35 partidos no Brasil e há margem para a criação de novos, cada qual com suas ideologias e empenho pelo poder. Políticos trocam de partidos a todo instante e quando não satisfeito buscam criar um novo.

O gestor público deve ser qualificado para o exercício do seu papel, atuando como um síndico que administra um condomínio.  No Brasil os papéis estão invertidos e a sociedade é que se esforça e se submete para servir e atender os interesses daqueles que governam.

Tenho como referência de excelência, o modelo de gestão pública adotado nos países Nórdicos (Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia), em que há eficiência na gestão, que os papéis dos gestores são claramente definidos, com limites, responsabilidades e uma legislação severa e que funciona, além de serem exemplos em retorno de contrapartidas à sociedade, gerando desenvolvimento e qualidade de vida.

O Estado não pode se eximir de suas responsabilidades e deveres. Deve haver uma via de mão dupla, em que responda pelo não cumprimento de seus compromissos.  A segurança jurídica e a transparência devem predominar nas relações e negociações.

Crises sempre existiram, mas as atuais têm sido mais intensas e o senso de urgência nos sinaliza que é preciso nos mover, posicionar e lutar por soluções, pois se não houver reação, o cenário pode se tornar ainda mais crítico.

Quero continuar otimista, mesmo que o cenário pareça desfavorável, de que podemos contribuir com a consolidação de um país melhor, mas mudanças são urgentes e necessárias. Por que não experimentar o PARLAMENTARISMO para a efetivação de uma mudança objetiva e real?

(Paulo Afonso Ferreira. 3º vice presidente da CNI; presidente do Conselho de Assuntos Legislativos e diretor geral do Instituto Euvaldo Lodi (IEL))