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OPINIÃO

A autofagia do PMDB e do PT (IV)

O con­ge­la­men­to de pre­ços con­se­quen­te do Pla­no Cru­za­do deu ao PMDB vi­tó­ria em to­dos os Es­ta­dos, ex­ce­ção de Ser­gi­pe, nas elei­ções pa­ra go­ver­na­dor: Newton Car­do­so (Mi­nas Ge­ra­is), Mo­rei­ra Fran­co (Rio de Ja­nei­ro), Ál­va­ro Di­as (Pa­ra­ná), Mi­guel Ar­ra­is (Per­nam­bu­co), Ores­tes Quér­cia (São Pau­lo), Pe­dro Si­mon (Rio Gran­de do Sul), Hé­lio Guei­ros (Pa­rá), Tar­cí­sio Bu­ri­ti (Pa­raí­ba), Al­ber­to Sil­va (Pi­auí), Ge­ral­do Me­lo (Rio Gran­de do Nor­te), Ge­rô­ni­mo San­ta­na (Ron­dô­nia), Pe­dro Ivo (San­ta Ca­ta­ri­na), Fla­vi­a­no Me­lo (Acre), Fer­nan­do Col­lor (Ala­go­as), Ama­zo­ni­no Men­des (Ama­zo­nas), Wal­dir Pi­res (Ba­hia), Tas­so Je­reis­sa­ti (Ce­a­rá), Max Mau­ro (Es­pí­ri­to San­to), Hen­ri­que San­til­lo (Go­i­ás), Epi­tá­cio Ca­fe­tei­ra (Ma­ra­nhão), Car­los Be­zer­ra (Ma­to Gros­so) e Mar­ce­lo Mi­ran­da So­a­res (Ma­to Gros­so do Sul).

Es­ma­ga­do­ra foi tam­bém a mai­o­ria de se­na­do­res: Alo­í­zio Be­zer­ra e Na­bor Jú­ni­or (Acre), Te­o­tô­nio Vi­le­la Fi­lho (Ala­go­as), Car­los Al­ber­to de Car­li e Fá­bio Lu­ce­na (Ama­zo­nas), Ju­tahy Ma­ga­lhã­es e Rui Ba­ce­lar (Ba­hia), Cid Sa­bóia de Car­va­lho e Mau­ro Be­ne­vi­des (Ce­a­rá), Mei­ra Fi­lho e Pom­peu de Sou­sa (Dis­tri­to Fe­de­ral), Ger­son Ca­ma­ta e Jo­ão Cal­mon (Es­pí­ri­to San­to), Iram Sa­rai­va e Ira­pu­an Cos­ta Jú­ni­or (Go­i­ás), Lou­rem­berg Nu­nes Ro­cha e Már­cio La­cer­da (Ma­to Gros­so), Sal­da­nha Der­zi e Wil­son Mar­tins (Ma­to Gros­so do Sul), Al­fre­do Cam­pos e Ro­nan Ti­to (Mi­nas Ge­ra­is), Al­mir Ga­bri­el (Pa­rá), Hum­ber­to Lu­ce­na e Rai­mun­do Li­ra (Pa­raí­ba), Man­su­e­to de La­vor (Per­nam­bu­co),  Cha­gas Ro­dri­gues (Pi­auí), Nel­son Car­nei­ro (Rio de Ja­nei­ro), Jo­sé Fo­ga­ça e Jo­sé Pau­lo Bi­sol (Rio Gran­de do Sul), Ola­vo Pi­res e Ro­nal­do Ara­gão (Ron­dô­nia), Dir­ceu Car­nei­ro e Nel­son We­dekin (San­ta Ca­ta­ri­na), Fer­nan­do Hen­ri­que Car­do­so e Má­rio Co­vas (São Pau­lo), Fran­cis­co Rol­lem­berg (Ser­gi­pe).

O PMDB fez gran­de mai­o­ria tam­bém de de­pu­ta­dos fe­de­ra­is e es­ta­du­ais.

O fra­cas­so, po­rém, do Pla­no Cru­za­do, afir­ma­do de for­ma con­cre­ta já na se­ma­na se­guin­te às elei­ções, ar­re­ben­tou o pres­tí­gio do PMDB, co­mo re­la­ta­do já em ar­ti­go an­te­ri­or des­ta sé­rie. Ulis­ses Gui­ma­rã­es, o can­di­da­to pe­me­de­bis­ta à su­ces­são pre­si­den­ci­al de 1990, ob­te­ve ape­nas 3% da vo­ta­ção em to­do o Pa­ís. O pró­prio can­di­da­to ven­ce­dor, Fer­nan­do Col­lor de Mel­lo, saí­ra das fi­lei­ras do PMDB e fun­da­ra o PRN (Par­ti­do de Re­cons­tru­ção Na­ci­o­nal). O PMDB ain­da ten­tou par­ti­ci­par de elei­ção pre­si­den­ci­al com a can­di­da­tu­ra de An­thony Ga­ro­ti­nho em 2002, após o gra­ve er­ro de pre­fe­ri-lo em con­ven­ção a Ger­ma­no Ri­got­to, en­tão ain­da mo­ço go­ver­na­dor do Rio Gran­de do Sul, cu­jas pers­pec­ti­vas eram bem su­pe­ri­o­res às do can­di­da­to es­co­lhi­do.

Já na elei­ção se­guin­te, 2006, o par­ti­do que no pas­sa­do ti­ve­ra enor­me apoio po­pu­lar da­va cur­so a sua tra­je­tó­ria ne­ga­ti­va apoi­an­do a can­di­da­tu­ra de Lu­la à pre­si­dên­cia. En­fra­que­ce­ra-se tan­to que tam­bém nun­ca mais te­ve con­di­ções de dis­pu­tar com êxi­to o go­ver­no do Es­ta­do de São Pau­lo. E em vá­rios ou­tros Es­ta­dos tor­nou-se pa­ra sem­pre mi­no­ri­tá­rio. O opor­tu­nis­mo e o fi­si­o­lo­gis­mo fi­ze­ram-se ele­men­tos or­gâ­ni­cos do PMDB, cons­ti­tu­in­do-se nas evi­dên­cias da sua au­to­fa­gia. O ca­so de Go­i­ás é em­ble­má­ti­co. Após ob­ter dois ter­ços da vo­ta­ção es­ta­du­al pa­ra o Se­na­do, pa­ra a Câ­ma­ra Fe­de­ral e pa­ra a As­sem­bleia Le­gis­la­ti­va, a fal­ta de ide­o­lo­gia, o opor­tu­nis­mo e o fi­si­o­lo­gis­mo do Par­ti­do se tra­du­zi­ram em ver­go­nho­sas ade­sões aos no­vos de­ten­to­res do po­der, a tal pon­to que, dos 27 de­pu­ta­dos es­ta­du­ais elei­tos em 1998, qua­tro mes­es de­pois 13 já ha­vi­am ade­ri­do. A atra­ção do po­der po­lí­ti­co de­mons­trou a ine­xis­tên­cia de qua­is­quer prin­cí­pios ide­o­ló­gi­cos. Ho­je o PMDB de Go­i­ás tem ape­nas cinco de­pu­ta­dos es­ta­du­ais. Na elei­ção an­te­ri­or já não pas­sa­ra de nove. O par­ti­do, que dos 246 pre­fei­tos che­gou a con­tar com per­to de 200, ho­je tem pou­co mais, ou pou­co me­nos, de 40. A au­sên­cia de prin­cí­pios ide­o­ló­gi­cos e éti­cos é pro­fun­da­men­te au­to­fá­gi­ca.

O úl­ti­mo ato no pla­no na­ci­o­nal de au­to­des­tru­i­ção do PMDB foi a de­ci­são des­le­al e opor­tu­nis­ta de aban­do­nar a ali­an­ça com a qual con­se­guiu ser al­ça­do à vi­ce-pre­si­dên­cia da Re­pú­bli­ca um po­lí­ti­co inex­pres­si­vo, na­da po­pu­lar, que é o sr. Mi­chel Te­mer. Al­ça­do na ga­ru­pa. 

(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado,   jornalista e escreve neste jornal às quartas & sextas-feiras - E-mail: [email protected])

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