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OPINIÃO

Pródiga natureza, generosa mangabeira

As frutíferas da alta floresta, como as do cerrado, em sua grande maioria, são saborosas.  De sorte que rivalizam umas com as outras em sabores exóticos, como a mangabeira, nesta época do ano, em processo de maturação. Seu habitat, por excelência é o cerrado, nas encostas, morrotes, preferindo áreas de cascalho, pedregulho. Galhos tortuosos, de médio porte, seus frutos, são um tanto deliciosos. Vale a pena leitor, perambular, cerrado afora, a sua procura, nos meses de outubro novembro, nesta região, subindo e descendo escarpas, mas com todo cuidado para não escorregar, nas áreas íngremes de muito gorgulho, bem como destreza ao subir na árvore, pois, seus galhos tortuosos quebram facilmente.

Contudo, você ganha tanto pela caminhada exercitando as pernas, como encontro com a mãe natureza, levando à alma serenidade, plenitude celestial. Entrementes, o silencio abismal, de vez em quando, é quebrado, ou, por pássaros espantados, como a perdiz, inhambu, codorna, despertas, pelo barulho na relva, bando de araras em revoada, ou então, mamíferos como tamanduá bandeira, melêta, cotia, cateto, corsa, ainda viventes, mas ameaçados, nessas quebradas escondidas do ameaçador, mas, capcioso e ainda presente, matreiro caçador.

Veja só, desta feita, de repente, com olhos fitos no ambiente, tomado pela relva, avistei, pouco à frente, uma mangabeira carregada de frutos. Indescritível cena surpresa esta, imagem miraculosa da natureza dadivosa, logo atrás vinha uma anta, com sua filhota encanta, passo a passo, ao largo, sem nada perceber, todavia, permitindo aos meus olhos crer. Como vinha em minha direção, com sua cria, vento contrário, eu ágil, no tronco da mangabeira subi, incrível! De camarote plebeu, assisti de pequena altura, quando comeu todas as frutas que o chão forrava, enquanto eu quieto, como morfeu, mesmo a respiração segurava, para assistir a cena que jamais esperava, mãe anta alimentando sua infanta. Queria, por demasia, degustar aquelas frutas, mas, me senti mais saciado pelo privilégio de assistir, cenário nunca dantes avistado.

Em tantos frutos do cerrado, a mangaba parece ser a de sabor mais inusitado. Muitas outras existem, ainda, nas escarpas entrantes dos morros, como caju silvestre, corriola, pitanga e, mesmo, nas encostas sobrantes, dos grandes prados, tais quais, mama cadela, cagaita, guapeva e ingá, saborosos como maná, demais, veja como ainda há, nos varjões renitentes, onde habita ameaçados, pelas gentes, os muricizais de frutos sem iguais. Avalie só leitor! Ia me esquecendo do araçá, que na mata do norte muito dá, ambos, este é o murici, sublimado pela mangaba, indústria de sorvete, picolé, “anté’” patê podia fomentar, para tanto melhorar, enriquecer sobranceiro, a mesa do consumidor brasileiro e, quem sabe, exportado para o estrangeiro? Para isto, governo tinha que orientar, implementar política legal, para plantar árvores além de produtora de oxigênio e excomungadeira de gás carbônico, geradora de emprego, serviços, bem mais que isso, mesa diversificada, sem igual, com produto nacional de sabor substancial, beirando ao divinal.

Ademais leitor, os municípios têm produção leiteira natural, que é entregue ao cartel camuflado de laticínios, resfriado, por preço aviltado, abaixo do custo. Assim, indústria sorveteira e outras agregariam mais valor a ele, leite, in loco, valorizando os produtores, e, por corolário, o município. O voto, embora, ainda subserviente leniente, acaba de contratar, por meio das eleições municipais, milhares de novos dirigentes, “o lengalenga” de falta de verbas é geral. Portanto, é chegada a hora deles, unidos, pelo menos nos estados e, mesmo, no âmbito nacional, em torno de uma bandeira política, política como arte de promover o bem-estar da comunidade e, nunca, a usual na atualidade, propugnando, por investimentos geradores de empregos, serviços e impostos nos municípios, desencadeando processo reverso da migração da cidade grande para cidade pequena, aliviando as metrópoles atuais, do maior flagelo conjuntural, o inchaço, super populacional. Para esta tarefa funcionar, vocês que os contrataram, com os votos e pagam a conta, tem que controlá-los, cutucando eles com vara curta, sem desordem.

Quanta doçura no cerrado leitor, granjeada pelas frutíferas, quase todas ameaçadas de extinção, enquanto, sucessivos governos ocupam a cabeça mais com tapeação, do que o revigoramento da natureza ameaçada.  A ação poderia principiar pela diminuição do consumo de petróleo, seja induzindo as indústrias a produzir carros menos poluentes, seja investindo, maciçamente, em pesquisas e avanço, na produção de motores movidos a energia mais limpa, como a solar, da qual, nosso país é um dos mais ricos do planeta. A eólica, também, límpida. O estado tem que começar a criar uma consciência nacional aliada a substituição do petróleo: sujo pela sua natureza poluidora, sujo pela corrupção desenfreada, em curso, ora, sendo apurada pela operação Lava Jato, tendo à frente o juiz Sergio Moro. Entretanto, ele está devendo os cabelos da cabeça, então, para acelerar os investimentos em energia solar, precisa de verba, muita verba, assim, a indústria automobilística poderia, mediante política de incentivo fiscal do estado, ser incentivada à substituir paulatinamente, seus motores movidos pelo petróleo, por motores acionados à energia solar, tendo como espelho a experiência genuína, bem sucedida, creio, a maior do planeta, do Etanol, geradora de riqueza, empregos, serviços, impostos, sem igual.

De volta a natureza, consoante o título, as frutíferas, em especial, mangabeira, guabirobeira, muricizeiro, já poderiam estar sendo cultivados em grandes áreas do rincão brasileiro, quiçá, goiano. Enquanto o muricizeiro viceja nos varjões do norte tropical, a mangabeira prospera nas regiões serranas, impróprias para as lavouras mecanizadas, ainda, a espera de ocupação mais vantajosa, para produtores e a sociedade consumidora. Já a guabirobeira, quase extinta, mas, de frutos deliciosos, prepondera nos campos, campinas, porém, a pesquisa pode levá-la também para as regiões serranas, onduladas. Se essas serras tivessem os poderes legislativos e executivos, representantes mais devotados ao meio ambiente, já estariam tombadas como santuário, último reduto de proteção à fauna e flora silvestres.

A pesquisa constitui carro chefe de todo desenvolvimento, seja ele do setor primário, como a agricultura, responsável pelo atual Agronegócio, seja ele secundário, como o industrial, com sua geração de serviços, empregos, impostos, no entanto, poluidora, geradora de gás carbônico. Enfim, o terciário, comércio, complementando o processo produtivo.  No tocante a pesquisa, carro chefe de todo desenvolvimento, o estado tinha a ENGOPA, empresa de pesquisa agropecuária, extinta pelo próprio governo, enquanto a extensão rural burocratizada, a agropecuária fica a carecer de incentivo inovador, acelerador de seu desenvolvimento, em especial as frutíferas, um tanto desprotegidas, ameaçadas de extinção, precisando de proteção, plantação artificial.

Moral da história fosse a nossa sociedade politizada, isto não estaria acontecendo, a reforma educacional do atual governo, sequer menciona a necessidade de educação política obrigatória, nas salas de aulas das escolas, públicas e particulares, de todo país.

(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO e produtor rural)

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