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Estresse: o vilão constante para o enfermeiro que atua no serviço de emergência

A palavra estresse foi utilizada inicialmente na física para traduzir o grau de desenvolvimento sofrido por um material quando submetido a um esforço ou tensão. Em 1936, o médico e pesquisador canadense Hans Selye transpôs pela primeira vez este termo para a medicina e a biologia, significando esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que considere ameaçadoras à sua vida e ao seu equilíbrio interno.

Como o conhecimento de que as reações provocadas pelo estresse podem influenciar no mecanismo homeostático (equilíbrio) do organismo e em sua resistência aos agentes patógenos ambientais, observa-se que estas reações atuam como fatores causadores agravantes de grande importância no desenvolvimento de doenças relacionadas ao trabalho.

Estudos recentes realizados pela Isma Internacional Stress Management Association comprovam que 70% dos brasileiros sofrem estresse no trabalho. Essa porcentagem é semelhante à de países como Inglaterra e Estados Unidos. O estresse dos trabalhadores brasileiros só é menor que o dos japoneses. Entre os grupos mais afetados estão os profissionais de segurança pública, em segundo lugar vêm os controladores de vôo, e terceiro, os profissionais da área da saúde.

Apesar dos enfermeiros que trabalham no setor de emergência possuírem a capacidade de adaptar-se frente aos fatores estressantes, existem muitas situações que prejudicam o desempenho de suas atividades, algumas relacionadas ao trabalho demandam certo gasto de energia e adaptação, como o contato direto com a realidade e/ou sofrimento, são elementos próprios do tipo de trabalho realizado no setor de emergência.

O estresse pode ser exógeno (estímulo externo) ou endógeno (estímulo interno), apresentando padrões de respostas comportamentais e orgânicos característicos devido à ativação estereotipada do sistema endócrino (hormonal).

Há autores que definem o estresse como resposta fisiológica ou emocional que ocorre com um estímulo interno ou externo, dando origem à ansiedade, tensão, instabilidade física e psicológica. Portanto, quando o indivíduo é submetido a situações estressantes, pode apresentar um problema emocional, que pode ser confundido com mudanças comportamentais como falta de concentração, hiperatividade motora, dificuldade para relaxar e psicológicas, ou seja, dores musculares.

O estresse no trabalho do enfermeiro em hospitais e em emergências fica aumentado no caso das pessoas que fazem o trabalho noturno permanente ou rotatório. Pois o corpo é governado por ritmos circadianos, com ciclos de vinte e quatro horas, sendo programado para ter um turno de vigília de dezesseis horas e o ciclo de oito horas de sono. Assim, quando faz o turno da noite, o ritmo é rompido, ocasionando desequilíbrio nas respostas psicofisiológicas.

Muitas vezes, o trabalhador chega a seu local de trabalho já sobrecarregado com fatores estressantes pessoais, o que pode torná-lo mais suscetível a problemas adicionais. O mesmo acontece quando existe uma carga alta de trabalho encontrada pela pessoa em seu serviço. Este configura um dos fatores relacionados ao estresse ocupacional. Pois a sobrecarga acaba gerando ansiedade e frustração, causando o estresse.

Contudo, percebe-se que o estresse está presente no trabalho dos enfermeiros, tendo a extrema necessidade da conscientização dos diretores clínicos e administrativos das instituições quanto a medidas preventivas e minimizadoras do estresse no local, tendo em vista que os profissionais avaliados têm um ou mais turnos de trabalho, podendo assim aumentar a carga de estresse diária.

(Érica Mayane Holanda Santos Carvalho, enfermeira, mestre em saúde pública e docente do curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – Fesgo)

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